Apostas em eSports: nova moda gera desconfiança

Apostas I 14.10.16

Por: sync

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O Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa organizou em Lisboa o Seminário de Apostas Desportivas, com a colaboração da Corporação Ibero Americana de Lotarias e Apostas de Estado – CIBELAE, onde foram debatidos durante dois dias os temas mais pertinentes da atualidade do mundo das apostas, que está aumentando cada vez mais em todo o Mundo e, em especial, em Portugal.

Um dos assuntos do momento no mundo das apostas é o crescente aumento de interesse dos utilizadores no eSports. E o que pensam os especialistas deste tema, do fato de cada vez mais pessoas apostarem neste tipo de jogos virtuais, como por exemplo FIFA, Counter-Strike ou League of Legends?

Brais Pena, gerente do serviço ao cliente da empresa GLI (Gaming Laboratories International), não tem dúvidas de que é preciso encontrar uma legislação que ajude todos os operadores a uniformizar as regras desta nova vertente das apostas. "Na minha opinião é necessário que os principais agentes criem uma regulamentação para o eSports e… de forma rápida, porque é um fenômeno que, convenhamos, chegou para ficar. Mas qual o primeiro passo rumo à legalização desta forma de apostar? Têm de criar uma federação. Se querem ser vistos como um desporto têm de pertencer a uma federação. Dou o exemplo do Xadrez. Ninguém vê os jogadores a correrem, mas têm uma federação e é uma modalidade, um desporto", sugeriu o espanhol.

Anders Frigen, da IGT, tem uma visão mais negativa. "Sinceramente estou dividido em relação a este tópico. As apostas no eSports convidam à fraude e ao comportamento fraudulento, que é aquilo que todos os agentes das apostas tanto trabalham e lutam para combater. É uma área onde não existe regulamentação fixa. Sou pessimista… quando se aposta, por exemplo, num jogo de futebol virtual entre duas pessoas distantes, não me parece a situação mais transparente", comentou Frigen.

O terceiro elemento deste debate, o vice-presidente de Desenvolvimento Comercial da INTRALOT, Marios Mitromaras, concordou com o quadro apresentado pelos seus colegas de mesa, fazendo apenas um adendo. "Não tenho muito mais a acrescentar ao que foi aqui dito, sendo que é uma nova realidade a que todos teremos de nos adaptar. É um tipo de apostas que estão a crescer em vários pontos do planeta e nós, agentes deste negócio, temos de encontrar formas e estratégias de proteger cada vez mais o utilizador", afirmou o grego.

Este é um assunto na ordem do dia e que tem levantado algumas questões. Confira de seguida a explicação da advogada Soraia Quarenta sobre os eSport:

eSports: O que são 

Os eSports consistem numa estrutura de competições online em que múltiplos jogadores se defrontam em jogos de vídeo, utilizando, para o efeito, plataformas online. A estrutura básica gira à volta de equipas de gaming, publicações, eventos e ligas, sendo que a emissão das competições é o centro da revolução dos eSports, com o Youtube como um dos principais motores, onde milhões de pessoas pelo mundo fora assistem aos eventos.

Os eSports são hoje uma indústria em pleno crescimento, organizada em ligas profissionais e amadoras com audiências na ordem dos 355 milhões de pessoas e uma projeção de lucro de 465 milhões de dólares para o ano de 2017. Dados os números, as maiores marcas mundiais como, a título de exemplo, a Red Bull, a Intel e a Samsung, começaram a ver o potencial de mercado que este sector apresenta e a patrocinar também esta modalidade.

Serão os eSports verdadeiro desporto?

No plano do direito e da regulação, quando falamos de eSports a nível profissional, há equiparação ao desporto tradicional, pois, como em qualquer modalidade desportiva, é necessário elaborar contratos com jogadores, de patrocínio, de direitos de imagem e televisivos e a regulamentação do meio.

E conforme vai crescendo a indústria, vai aumentando o número e complexidade de questões regulatórias e comerciais como as de direitos dos jogadores, apostas desportivas, matchfixing, questões salariais, distribuição de lucros provenientes dos direitos televisivos pelas equipas, matérias disciplinares, federativas e associativas, e, até, doping (tanto mecânico como dos jogadores, com a toma de substâncias que lhes permitam estar despertos e alerta por maiores períodos). Em tudo isto se reveem os eSports no desporto tradicional e dele têm adoptado o modelo para resolução das questões que vão surgindo. (Record – Diogo Jesus)


A importância da supervisão das apostas desportivas

Como são descobertos os esquemas de viciação de resultados

Conheça o papel da Global Lottery Monitoring System

Durante o Seminário de Apostas Desportivas promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a secretária-geral da Global Lottery Monitoring System (GLMS) Sarah Lacarrière refletiu sobre a situação atual e desafios futuros para prevenir e combater a manipulação de eventos desportivos, enviando uma mensagem de tranquilidade a todos os utilizadores que se mostram preocupado com as notícias de resultados viciados relacionados com apostas desportivas.

"O papel da GLMS é muito importante. O nosso objetivo é tornar o mundo das apostas em entretenimento responsável. Queremos melhorar a destruir o chamado lado negro das apostas desportivas. A nossa metodologia de trabalho passa por identificar irregularidades e reportar às principais instituições, como a UEFA ou a FIFA, para que possam depois investigar", começou por explicar Sarah Lacarrière em Lisboa.

"Todos conhecem os casos recentes relacionados com suspeitas de resultados viciados. Temos de admitir que há muito negócio das apostas que não é monitorizado. A nossa função é identificar os esquemas ilegais e enviar alertas às referidas organizações, como a UEFA e FIFA que, consoante a sua investigação dos nossos relatórios averigua o que se passa. Queremos monitorizar o desportivo e promover a segurança e a confiança dos utilizadores. A GMLS faz supervisão em tempo real e é uma ferramenta útil para este negócio", sublinhou Sarah Lacarrière ao auditório do Hotel Tivoli.

"Recentemente houve um grande escândalo de resultados viciados em Itália e, na Albânia, denunciámos a suspeita em torno do Skenderbeu. Enviámos os nossos relatórios à UEFA e o clube foi condenado a ficar um ano sem participar nas competições europeias. Existe ainda uma cooperação internacional. Por exemplo, a federação holandesa pediu informações à GMLS sobre esta equipa da Albânia para que, quando se deslocasse à Holanda para disputar qualquer jogo, as autoridades ficarem atentas a qualquer irregularidade. Somos pró-ativos e no futuro penso que deveria haver acções e formações nos clubes sobre estes temas, de modo a ficarem mais sensibilizados e que não possam ser apanhados desprevenidos. E, neste campo, a Santa Casa, que é nossa parceira e tem contribuído com relatórios, tem sido um membro ativo", prosseguiu.

"Não é só no futebol que existem problemas desta espécie. Recorde-se que no início deste ano houve uma polémica no ténis, quando jogadores foram envolvidos num esquema de resultados viciados. Este é um problema global e é preciso reforçar a supervisão. Outra coisa que dificulta esta tarefa é o facto de alguns eventos desportivos alvos de apostas não terem transmissão televisiva", comentou. (Record – Diogo Jesus)


Psicólogo Pedro Hubert traça o perfil das pessoas com problemas com o jogo

É um apostador patológico? Leia isto e tire as suas conclusões

Pedro Hubert, diretor do Instituto de Apoio ao Jogador, traçou na segunda-feira (10) durante o Seminário de Apostas Desportivas organizado pelo departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o perfil de um jogador patológico, ou seja, um indivíduo com problemas com o jogo, que recorre ao serviço prestado pela sua organização.

De acordo com o psicólogo, o perfil do jogador patológico online é sobretudo do sexo masculino (cerca de 80%), com a médio de idades a rondar os 30 anos. A nível familiar, as pessoas que têm problemas de apostas patológicos têm, na maioria, uma vida e família estável.

Outra característica reside na profissão. Segundo o estudo apresentado por Pedro Hubert, as ocupações profissionais mais encontradas no jogador patológico são as intelectuais e científicas.

Sobre o que este tipo de pessoas gosta mais deste mundo das apostas online, as respostas mais dadas são a "fácil acessibilidade, disponibilidade e comodidade". Como consequência disto, um indivíduo com este problema costuma sentir-se com "forte euforia, e sensação de que o tempo passa depressa".

Quanto ao perfil do jogador patológico offline, a média de idade aumenta para os 40 anos, mantendo uma relação estável com a família, sentindo-se atraído pela ideia de ganhar dinheiro de forma mais rápida do que o online.

Pedro Hubert destacou a importância da Linha de Apoio ao Jogador. "Beneficia todos. Desde o jogador, a família, a indústria até à comunidade. Evita ainda insolvências e o custo de um tratamento intensivo. Geralmente o tratamento que recomendamos dura apenas entre cinco a 15 sessões. Defendemos que jogar tem de ser uma forma recreativa. (Record – Diogo Jesus)

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