Aprovação de apostas online deve criar nova fonte de renda para clubes

Apostas, Destaque I 08.01.19

Por: Elaine Silva

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As apostas em resultados de jogos de futebol eram ilegais no Brasil até 12 de dezembro quando foi sancionada a lei 13.576 pelo governo federal

A sanção de legislação que permite as apostas online em jogos de futebol deve criar uma nova fonte de renda milionária para os clubes brasileiros. Patrocínios dos sites de jogos e a exploração dos símbolos representam potenciais receitas para as agremiações. Mas há a preocupação de como isso pode afetar a integridade dos jogos pelos seguidos casos de manipulação envolvendo esse tipo de modalidade.
As apostas em resultados de jogos de futebol eram ilegais no Brasil até 12 de dezembro quando foi sancionada a lei 13.576 pelo governo federal. Ainda é preciso a regulamentação para que isso seja válido. Mas brasileiros já apostam em resultados de partidas: fazem por meio de sites hospedados no exterior.
O advogado especialista em direito esportivo da FGV Pedro Trengrouse, que tem estudado o tema há anos, estima que as apostas online no futebol movimentem em torno de R$ 4 bilhões no país. Sua estimativa baseia-se em estudo da FGV sobre pesquisas de orçamentos familiares feitas por órgãos governamentais. Para se ter uma ideia, esse valor seria próximo à receita integral da Globo com o esporte.
E há a previsão de uma fatia desse valor ir para clubes. Explica-se: a nova lei determina que 1% das apostas online sejam destinados aos times de futebol pela exploração da marca. No caso das apostas físicas, seriam 2%. Se não houvesse expansão do mercado com a legalidade, isso já representaria R$ 40 milhões.
”Na minha opinião, os sites teriam de pagar para os clubes. Há uma grande discussão mundo inteiro sobre isso. É algo relativamente novo. Nos EUA, maior mercado do mundo, ligas como a NBA estão pedindo 1% das receitas dos sites para ter a garantia da limpeza do jogo”, contou Trengrouse.
Mais do que isso, quando houver uma regularização, é bem possível que sejam liberadas as propagandas dos sites de apostas, atualmente vetadas pelo Conar (Conselho Nacional de Regulamentação Publicitária).
”Basta que o Conar mude a resolução atual já que as apostas estarão legalizadas”, analisou Trengrouse. ”Na Premier League, 10 clubes têm entre os patrocinadores sites de apostas. São dominantes”. Seria, portanto, uma alternativa caso se confirme a saída da Caixa Econômica da camisa dos clubes.
Juntamente com o dinheiro, no entanto, há preocupações em relação às apostas online e à possibilidade de interferência nos resultados dos jogos. No Brasil, sem a legalização das apostas, já ocorreram problemas graves como a máfia do apito em 2005 em que o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho admitiu ter tentado manipular jogos do Brasileiro da Série A após receber dinheiro de apostadores. Houve anulação de partidas por conta desse caso.
Inúmeros incidentes em campeonatos de menor relevância como ligas de segunda divisão ou a Copa São Paulo também já ocorreram. Existe atualmente sistemas de monitoramento de apostas feito pela CBF. A empresa Sportradar é contratada pela entidade para verificar volumes de apostas e avisar de movimentos suspeitos em relação às partidas de campeonatos nacionais.
Com uma expansão das apostas online, após a legalização, o número de máfias que tentem manipular partidas, no entanto, pode aumentar, o que implicaria em ter de aplicar mais recursos para evitar desvios. O aumento de receita eventual, portanto, tem de gerar também em maior investimento. (Blog do Rodrigo Mattos – UOL Esportes)

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