Brasil vai privatizar a raspadinha. E os gringos estão de olho

Destaque I 13.11.17

Por: Elaine Silva

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O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, defendeu, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, que a arrecadação com loterias pode representar até 1% do PIB brasileiro

Lembra da última vez que você comprou um bilhete de raspadinha? Essa é uma das modalidades mais comuns de loterias, mas ela não é explorada no Brasil há alguns anos. Isso deve mudar em breve. De olho na arrecadação que esse tipo de jogo pode trazer, o governo incluiu a Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex) no programa de parcerias de investimentos (PPI). O edital deve sair até o fim deste ano e o leilão acontece no primeiro trimestre de 2018.

O governo trabalha com estudos para a concessão da Lotex por 15, 20 e 25 anos, que estão sendo analisados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Atualmente, essa modalidade não é contemplada pela Caixa Econômica, que trabalha com loterias de sorteio (como a Mega-Sena), de números (Loteria Federal) e esportiva (como a Loteca e Lotogol).

Em 2016, o governo arrecadou cerca de R$ 13 bilhões com essas loterias, o que representa 0,2% do PIB. O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, defendeu, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, que a arrecadação com loterias pode representar até 1% do PIB brasileiro. Portanto, há espaço para crescer.

O cenário preferencial do governo é da concessão por 25 anos. O critério do leilão é o maior pagamento por outorga e o mínimo que o governo pretende receber é R$ 916,6 milhões. Para atrair investidores, o BNDES fez estudos que apontam a possibilidade de arrecadação de R$ 6 bilhões a partir do quinto ano de exploração do serviço. Além disso, o governo ainda aponta como outros fatores de atratividade o payout de 65%, o prazo que assegura o retorno de investimentos e o potencial a ser explorado. As loterias do tipo raspadinha podem explorar temas como marcas, emblemas, hinos, símbolos, escudos e outros, todos relacionados a entidades de futebol.

Mas há planos para uma concessão menor. Outro cenário que está ganhando força é o de concessão por 15 anos com outorga mínima de R$ 500 milhões. Segundo a publicação, essas mudanças foram avaliadas após encerrada a fase de consulta pública, para atender também a sugestões de empresas interessadas no leilão.

Gringos de olho

Há expectativa de atrair investidores estrangeiros. E os gringos podem estar mesmo de olho. Almeida lembra que em Portugal, as raspadinhas representam metade do mercado de loterias. Na Europa, por exemplo, há países que mantêm suas loterias nacionais, como Alemanha e Itália. Em outros, grupos formados por várias empresas administram loterias que existem em mais de um país, como é o caso da Euromillions, que existe em oito países. (Gazeta do Povo – Fernanda Trisotto)

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