Brasileiro segura gastos com apostas na loteria

Loteria I 06.11.15

Por: sync

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A crise econômica afetou a disposição do brasileiro de apostar nas loterias da Caixa. De acordo com o banco estatal, o valor arrecadado cresceu 5% entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2014.

O desempenho está abaixo da inflação nos nove primeiros meses do ano, 7,64%, e muito aquém do crescimento médio de 16% registrado desde 2009. Em 2014, o aumento foi de 18,5%.

Donos de lotéricas atribuem o resultado à crise econômica e também reclamam do aumento de mais de 30% no valor dos principais produtos desde maio.

"Quem fazia dez jogos agora faz cinco", diz a lotérica Katia Pinheiro, do Paraná. "Depois do reajuste diminuiu o movimento", afirma Mara Rubia, proprietária de cinco lojas em Minas Gerais.

Apesar de desestimular as apostas, o reajuste contribuiu para melhorar a arrecadação. O valor recolhido, que havia crescido 1% nos cinco primeiros meses do ano, avançou 10% de junho a setembro ante igual período de 2014.

O lotérico Cleber Guimarães afirma que a arrecadação com apostas caiu cerca de 20% nas cinco lojas administradas por ele na Grande São Paulo. Nos pontos localizados em shoppings, por exemplo, praticamente não há movimento após as 17h, algo que nunca havia acontecido, segundo ele.

"É a instabilidade da economia, as pessoas perdendo emprego, falta de dinheiro."

Segundo Guimarães, a única coisa que está movimentando as lotéricas neste ano é o pagamento do seguro-desemprego. "É o que mais está saindo na loja. Às vezes o dinheiro acaba, e tem de passar umas contas para encher o caixa enquanto a pessoa espera para pegar o seguro-desemprego", afirmou.

O desempenho das loterias afeta também a arrecadação do governo, pois 48% do valor das apostas vai para a Receita Federal e para áreas como cultura, esporte, educação e seguridade social.

No ano passado, o governo recebeu cerca de R$ 1 bilhão com o Imposto de Renda sobre os prêmios e outros R$ 5,4 bilhões para os chamados repasses sociais.

Mais de metade desse dinheiro vai para a seguridade social e para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), programa que sofre com o corte de gastos promovido pelo governo.

Falta de sorte

A queda real (descontada a inflação) no valor das apostas também afetou o valor dos prêmios, que corresponde a cerca de 35% da arrecadação.

Os apostadores contemplados receberam R$ 3,2 bilhões neste ano, aumento de 3,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Esses valores não consideram as loterias de bilhetes (Federal e instantânea, que correspondem a 4% do total). (Folha de São Paulo – Eduardo Cucolo, de Brasília – Foto: Vinícius Pereira/Folhapress)

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