Caixa e Lotéricos prestigiam seminário do Sincoemg

Lotérica I 30.04.08

Por: sync

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Representantes da Caixa Econômica Federal, dirigentes lotéricos e cerca de 230 empresários estiveram participando do seminário “Novos Negócios para a Rede Lotérica”, promovido neste domingo(27) no Tauá Hotel & Convention, na cidade de Caeté, localizada na Grande Belo Horizonte. 

Além de todos os presidentes dos sindicatos de lotéricos do Brasil, estavam também presentes ao evento o presidente da Loteria Mineira, Fabio Drummond; o superintendente de Loterias e Jogos da Caixa, Roberto Derziê de Sant’Anna; o gerente Nacional de Canais Físicos Parceiros (GEARP), Antônio Carlos Barasuol; os presidentes da Febralot, Paulo Leonel Michielon e da Fenal, Aldemar Mascarenhas, além de convidados como Plínio Machado da Trust Impressores.


Abertura

O presidente da Febralot, Paulo Leonel Michielon, abriu o seminário informando sobre as resoluções da reunião da Febralot realizada na noite de sábado(26).

“Aparamos algumas arestas e estamos unidos para seguir lutando pela categoria até o final do meu mandato”, comentou Michielon.

Também na abertura, o presidente da Fenal, Aldemar Mascarenhas, destacou a importância do evento para a categoria e comentou o fato da Timemania ter sido lançada antes do reajuste da Mega-Sena.

“A Caixa lançou a Timemania e ela não decolou porque existe uma defasagem de preço entre a Timemania e a Mega-Sena”, afirmou Mascarenhas.

O presidente da Fenal também informou que existem algumas parcerias que estão sendo desenvolvidas junto a Caixa, como o projeto TV Lotérica, que poderá garantir ao empresário a venda de espaços publicitários desta nova mídia. Outro projeto que está em estudo pela Caixa é a venda de ingressos para shows e eventos esportivos como o Campeonato Brasileiro na Rede Lotérica.


Painéis

No primeiro Painel do Seminário, “Considerações acerca do equilíbrio financeiro dos contratos de parceria”,  o advogado Marco Vinício Martins de Sá, fez uma análise do equilíbrio financeiro dos contratos de parceria entre a Caixa e os lotéricos.

Durante a apresentação, com criticas contundente a atuação da Caixa, o advogado destacou também o resultado da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas produzida para o Sincoesp.

“Mesmo sendo criativos os empresários lotéricos têm problemas nesta relação, pois em termos de rentabilidade, só vale o que a Caixa entende que possa”, disse Marco Vinício ao comentar sobre as vendas de apostas pela Internet e os bolões são tolerados pela Caixa.

O advogado também comentou que as lotéricas deixaram de ser um bom negócio depois da introdução dos serviços financeiros e chegou a afirmar que a rede só deveria vender “apenas loteria e para fazer outro serviço, temos que agregar valor”, comentou.

“Uma pessoa que saiu num PDV de uma empresa e, recebeu R$ 200 mil, é maluca em investir numa lotérica. Se ela aplicar no mercado financeiro a rentabilidade será maior e, ela ainda não terá que trabalhar o dia inteiro, além do risco de levar um revólver na cara”, sentenciou.

Marco Vinício  também comentou sobre os motivos do Sincoemg não ter retirado a ação contra a Caixa, pelas perdas durante a o período de migração para o novo modelo logístico e tecnológico da rede lotérica.

E finalizou dizendo que a rede lotérica poderá deixar de existir. “Qual o modelo de lotéricas que vocês querem? Esta briga não é do sindicado é dos lotéricos. Pensem e tomem decisão, se vocês não querem deixar de existir façam alguma coisa e rápido”, finalizou Marco Vinício.

O Presidente de Loteria de Minas Gerais, Fabio Drummond, deu boas vindas aos lotéricos e apresentou um filme sobre a Loteria Mineira. No filme institucional os lotéricos falam sobre os projetos sociais da Loteria Mineira, além do projeto em que parte dos recursos é destinado para patrocinar bolsas de estudos para crianças especiais.

O presidente do Sincoemg, Marcelo de Gomes Araújo, apresentou o Painel “Reengenharia de Loterias”, conforme divulgado pelo BNL da última sexta-feira(25).

Marcelo disse que é necessário encontrar “saídas para o nosso negocio, que gere sustentabilidade, rentabilidade, geração de empregos e desenvolvimento humano”, comentou.

Segundo ainda o presidente do Sincoemg, os lotéricos “vendem sorte e sonhos, mas passamos a vender serviços bancários, colocando os jogos em segundo plano. Isto gerou riscos de segurança, seguro e mão de obra. As lotéricas passaram de  um negócio rentável para um negócio de difícil administração e pouca rentabilidade”, comentou Araújo.

Durante o Painel, Marcelo disse que o aumento de tarifas é uma luta sem fruto para a rede e que a qualidade de vida piora a cada ano para os empresários. Comentou que seria necessário encontrar uma saída para o negócio, "pois 25% da rede está negativa".

Na seqüência foram apresentadas as propostas para as novas soluções para a rede lotérica como Caixa eletrônico com Banco 24 horas, Canal para divulgação ‘TV Rede Sorte’, Balcão de Negócios e Banco de Pesquisas.

“Ganhei dinheiro fazendo jogo e estou perdendo dinheiro fazendo serviços bancários. Temos a fama de melhores prestadores de serviços do Brasil. A Caixa tem valorizar, não digo em moral, mas em valor, que pelo menos garanta a qualidade de vida para os lotéricos. Se não vamos acabar quebrando”, comentou Araújo.

Ao final, o presidente do Sincoemg sugeriu a implantação de um jogo diário com sorteio através de TV aberta.

O gerente Nacional de Canais Físicos Parceiros (GEARP), Antônio Carlos Barasuol, defendeu a Caixa das criticas apresentadas nos painéis anteriores com argumentos, números, gráficos e as principais conquistas dos lotéricos desde o ao de 2003. Entre as conquistas foram citadas a gestão participativa com a categoria lotérica, acumulado final 5 da Mega-Sena (2003), lançamento da Lotofácil (2003), reajustes das apostas (2003), recebimento de bloquetos de outros bancos (2003), saque do Banco do Brasil (2004), implantação do novo modelo tecnológico de logístico da rede lotérica (internalização) que aumentou os terminais e gerou mais rapidez (2005), realinhamento de tarifas (2006), segundo sorteio da Lotofácil (2007), adicional de segurança (2008), implantação da Timemania (2008) e novo realinhamento de tarifas (2008).

O gerente também comentou a possibilidade do “fim da era da transação bancária” com o incremento da utilização da Internet para este tipo de serviço.

Barasuol afirmou que a saída para o aumento da remuneração da rede lotérica é a implantação de serviços agregados, principalmente ao grande fluxo de pessoas nas lojas.

“As pesquisas comprovam que 73% das pessoas vão pelo menos uma vez por ano a uma lotérica”, disse.

Outro dado contundente apresentado pelo gerente Nacional de Canais Físicos Parceiros e que mostra que a situação dos lotéricos não vai muito bem foi com relação a inadimplência que atualmente é de R$ 300 milhões.

“Em 2017 e 2018 os contratos de concessão das lotéricas vão vencer e, se não houver mudanças na lei, haverá licitação”, comentou Barasuol

No Painel “Panorama do Mercado Lotérico”, o editor do BNL, Magnho José, apresentou um panorama sobre o mercado de loterias e jogos no Brasil e em alguns países como Estados Unidos e Espanha.

Um dos assuntos destacados foi à questão dos reduzidos percentuais dos planos de premiação das loterias da Caixa, que giram entre 28% e 32,2% e apresentou o case de sucesso Massachusetts Lottery, implantado pelo executivo Thomas B. O’Heir.

O jornalista também cobrou a necessidade de se estabelecer um debate nacional sobre o ambiente regulatório das loterias e do jogo no Brasil. Entre as propostas encaminhadas destaca-se a necessidade de criação de uma Agência Nacional e Estaduais de Jogos e Loterias e a retirada da gestão dos jogos e loterias da Caixa Econômica Federal,  a redução da interferência do Congresso Nacional no Serviço de Loterias e Jogos, definir a destinação social dos prêmios das loterias, definir novo payout (premiação) para as loterias com o objetivo de aumentar a atratividade dos produtos, a criação de loterias e videoloterias, além dos jogos de entretenimento como bingos, videobingos e cassinos.

O Painel do superintendente de Loterias e Jogos da Caixa, Roberto Derziê de Sant’Anna, foi dividido em cinco partes: Cenário Mundial, Nossos Números, Nosso “Dever de Casa” (reajuste de preços e posicionamento de produtos), Novo Posicionamento Estratégico e Timemania – Novo Plano de Mídia.

Derziê disse que é necessário trabalhar junto ao Congresso Nacional para aumentar o payout das loterias da Caixa. Sobre a necessidade de buscar novos conhecimentos junto às associações internacionais como Cibelae, WLA, European Lotteries, AALE, APLA e NASPL, além de parcerias junto aos principais fornecedores do mundo como a ACE Interactive (empresa sueca fornecedora de Sistema para Terminal de Vídeo Loteria – VLT), GTech (empresa norte-americana líder em TI para loterias e jogos, incluindo terminais, rede e processamento), Stralfors (empresa sueca especializada em transmissão de dados e logística) e Wincor-Nixdorf (empresa sueca especializada em automação bancária, terminais lotéricos e pontos de venda).

Sobre as vendas de apostas, o superintendente da Sualo informou que a meta inicial para 2008 seria de R$ 6,3 bilhões, mas que este valor estava previsto com a ampliação da rede e com o aumento dos valores dos preços das apostas, “que ainda não foram autorizadas pelo Ministério da Fazenda”, disse. Segundo Derziê, a possibilidade de aumento da inflação atrapalhou a proposta de aumento dos preços das loterias da Caixa.

Sobre as vendas de apostas em 2008, houve uma redução no primeiro trimestre de 2008 em relação ao mesmo período do ano passado. “No primeiro trimestre de 2007, nós tivemos várias rolagens de concursos da Mega-Sena com altos prêmios acumulados, mas até o fim do ano estes números serão ajustados”, justificou Derziê.

Ainda para 2008, está prevista o lançamento de novos produtos lotéricos pela Caixa, além do reajuste de preços e posicionamento de produtos, que o BNL destacará na edição desta terça-feira(29).


Pinga fogo

Ao final do seminário “Novos Negócios para a Rede Lotérica”, os representantes da Caixa Econômica Federal responderam as perguntas dos lotéricos.

O empresário Oliveira da Lotérica Fonte dos Milhões (BH) perguntou ao Brasuaol se a Caixa enxerga os lotéricos “como chorões ou como pobres de gravata?”

Barasuol respondeu que “a administração de lotéricas tem um grau de dificuldade muito grande. Mas que a Caixa vê os lotéricos como grandes parceiros. A Caixa poderia ter 500 mil pontos de venda. Mas tem um reconhecimento e uma valorização muito grande pelos lotéricos. Em 27 anos de caixa, nunca vi tanta valorização dos lotéricos como vejo hoje”, comentou.

Ao ser perguntado se compraria uma lotérica, Barasuol disse que não poderia pelo fato de trabalhar na Caixa, mas disse que se fosse possível, “vejo como uma negócio muito atraente, mas compraria uma loja com grande espaço, para agregar produtos devido a grande circulação de pessoas”.

Sobre a possibilidade de criação de uma Agencia Reguladora de Jogos, o gerente da GEARP disse que tem alertado os empresários lotéricos que a criação de uma Agência Reguladora “acaba a rede lotérica no modelo que existe”.

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