Carioca não faz aposta em bingo.

Apesar da proliferação de bingos pela cidade, a maioria dos cariocas jamais pisou num deles. A pesquisa UniCarioca/EXTRA desta semana revela que 72,2% dos entrevistados nunca foram a um bingo. Dos que já tentaram a sorte, 80,7% perderam dinheiro. Mesmo assim, 54,4% não acreditam em manipulação dos sorteios.
— Todos os sorteios dos bingos do Rio são fiscalizados e auditados pela Loterj e as máquinas de videobingo são homologadas a partir um laudo de uma instituição independente — explica o presidente da Associação dos Bingos e Similares do Rio, José Renato Granato.
Mas os entrevistados desconfiam do destino do que é arrecadado com o jogo: 77,8% acham que os bingos não beneficiam o esporte amador, como é determinado pela lei. Porém, segundo a Loterj, cada casa de jogo é obrigada a destinar 7% do faturamento a uma federação esportiva.

Medo de se viciar no jogo atinge 83,4%.

 

Dos 640 entrevistados pelo Laboratório UniCarioca de Pesquisas Aplicadas (Lupa), 83,4% temem se viciar em bingos. Segundo o psiquiatra Antônio Egídio Nardi, esse é um risco inerente a qualquer jogo:
— Isso acontece com bingos, jogos de cartas, corridas de cavalos, cerca de 15% dos jogadores se tornam compulsivos. Eles sempre acreditam que vão ganhar na próxima aposta e apostam mais e mais. Mesmo se ganham uma vez, continuam apostando, na esperança de ganhar de novo.
Os jogadores compulsivos contam com um grupo de apoio, os Jogadores Compulsivos Anônimos, que usa metodologia semelhante à dos Alcoólicos Anônimos.Metodologia.Para saber o que os cariocas pensam sobre os bingos, os pesquisadores do Laboratório Unicarioca de Pesquisas Aplicadas (LUPA) ouviram 640 pessoas, na semana passada, em Botafogo, no Méier, na Tijuca, no Centro, em Copacabana, no Largo do Machado, em Inhaúma e na Baixada Fluminense, para garantir um universo heterogêneo. As opiniões foram colhidas por meio de questionários e as respostas tinham itens previamente elaborados. O LUPA adota uma metodologia internacional para pesquisa, com margem de erro entre 4% e 5%.Justiça determinou fechamento.Na semana passada, uma liminar da 7ª Vara de Fazenda Pública determinou o fechamento dos 39 bingos do estado até o fim de novembro. O Ministério Público estadual, que obteve a liminar, baseou sua ação civil pública num relatório da Promotoria Criminal, que denuncia os bingos como locais de exploração ilegal de jogos, de prática de crimes contra a economia popular, de contrabando, de corrupção, de lavagem de dinheiro e de formação de quadrilha.
A Loterj, no entanto, vai recorrer. O órgão alega que, se as casas deixarem de funcionar, os programas sociais do governo estadual perderão R$ 13 milhões por ano, dos quais 80% vão para a Secretaria de Ação Social.

Jornal Extra