COB defende adiamento da Olimpíada, mas teme impactos econômicos

Destaque I 25.03.20

Por: Elaine Silva

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Com muita gente em casa diante da pandemia pode ser que haja uma redução na receita nas loterias da Caixa e, consequentemente, uma diminuição do repasse de verbas para o COB, comentou o presidente da entidade, Paulo Wanderley

Uma decisão esportivamente correta e sensata, mas de muito impacto financeiro para os comitês olímpicos nacionais — entre eles o brasileiro. A avaliação sobre o adiamento dos Jogos Olímpicos de Toquio para 2021 foi feita à Jovem Pan pelo presidente do COB, Paulo Wanderley.

O COB já tinha solicitado ao COI o adiamento dos jogos por entender que a pandemia comprometia a preparação de atletas visando os jogos que estavam programados para julho de 2020. Em nenhum momento, segundo ele, o Brasil pensou em adotar a linha do Canadá — que disse que iria boicotar os jogos se ele fosse mantido.

Se por um lado foi algo correto, por outro o impacto financeiro sobre as finanças do COB foi bastante significativo. O projeto estava orçado em R$ 43 milhões: passagens aéreas, convênios no Japão, parcerias, logística, transporte, alimentação, staff, técnicos e profissionais e muito mais. Tudo isso está sendo reanalisado após a decisão.

Existe uma preocupação adicional, afinal de contas a principal fonte de receitas do COB são as loterias. Segundo Paulo, com muita gente em casa diante da pandemia pode ser que haja uma redução na receita nas loterias da Caixa e, consequentemente, uma diminuição do repasse de verbas.

“O grande investidor do esporte brasileiro é a população, em aposta. Esses são os nossos verdadeiros financiadores. E a Caixa é nosso grande repassador”, avaliou. Porém, o COB não pretende pedir ajuda financeira por esse motivo — apesar de não ter seguro para uma eventualidade deste tipo.

Loterias corresponde a 90% da receita total do COB

A verba proveniente das loterias corresponde a 90% da receita total do COB. A entidade distribui parte desse dinheiro para 34 confederações, que tem essa quantia como a principal receita. O COB tem direito a 1,7% da verba da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e da loteria federal da Caixa. Ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é destinado 0,95%.

Em 2019, segundo os relatórios de repasses sociais da Caixa, o COB recebeu cerca de R$ 286 milhões – um recorde histórico – R$ 56 milhões a mais do que ganhou em 2018. Neste ano, a entidade já arrecadou R$ 52 milhões, valor referente aos meses de janeiro e fevereiro.

Já ao CPB foram repassados R$ 159 milhões em 2019 e R$ 131 milhões no ano anterior. A organização que comanda o esporte paralímpico no Brasil recebeu cerca de R$ 28 milhões até aqui em 2020.

No comunicado, O COB diz que “está atento a uma possível diminuição da arrecadação das apostas, uma vez que a população deverá ficar em casa neste momento” e que terá “condições de avaliar o cenário em aproximadamente 15 dias”. A entidade reforça que “neste momento o problema mais importante é vencer a pandemia, por isso a permanência das pessoas em casa é prioridade”.

Os recursos destinados por meio da Lei Agnelo/Piva são a principal forma de financiamento do esporte de alto rendimento no país. A verba é essencial na manutenção dos treinamentos dos atletas, viagens para competições e outras despesas.

O repasse da Caixa é feito mensalmente também para outras entidades do esporte brasileiro, como o Ministério do Esporte, atualmente secretaria especial, clubes de futebol, a Confederação Brasileira de Clubes (CBC), a Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE) e a Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU).

Além das áreas já citadas, os repasses também são destinados às secretarias estaduais de esportes e à Federação Nacional de Clubes (Fenaclubes). Vale lembrar que no final de 2018 a Lei nº 13.756/2018 redistribuiu os percentuais destinados à área social e incluiu também novos beneficiários. (Com informações do O Estado de S.Paulo, Terra Notícias e Jovem Pan)

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