“Eu sou a favor da legalização das casas de jogos”

Jogo Responsável I 04.08.05

Por: sync

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Legalização.
Mas o pesquisador não defende a abertura indiscriminada de casas de jogos por todo o país. Para ele, junto com a legalização poderia existir a adoção de medidas de acompanhamento do comportamento dos cliente, do faturamento da casa e até de doação de porcentagem dos lucros dos crupiês para pesquisas científicas sobre a doença. O jogo patológico é caracterizado pela compulsão, descontrole, por tomar grande parte da vida do jogador, diminuindo o conjunto de outras atividades. "Prejudica no auto-cuidado, no trabalho, na vida familiar e na vida social", descreve o médico gaúcho.
Estão propensas a serem jogadoras patológicas tanto pessoas que têm tendências biológicas para isso, quanto outras que recebem estímulos sociais. As causas ainda não estão bem definidas pela ciência.
Segredo é pedir e aceitar ajuda.
O primeiro passo para a cura é admitir e contar para alguém o sofrimento do jogo descontrolado. "O segredo é pedir e aceitar ajuda. Aquele que se acha auto-suficiente quebra a cara", conta um jogador patológico em tratamento, que prefere não se identificar. Ele é participante do grupo Jogadores Anônimos, fundado há pouco mais de um ano e meio na capital baiana.

O jogador explica: "O auto-suficiente chega lá e diz: ah, só vou jogar R$10. Tudo bem, só joga essa quantia. Mas no dia seguinte joga R$30. Depois joga R$100, perde e pensa em recuperar; acaba entrando num negócio fraudulento. Aí a esposa liga e você não atende celular ou diz que está trabalhando, e aí começa um arranha ceús de coisas do qual você não consegue se livrar".
A irmandade Jogadores Anônimos (Jog-Anon) se reúne duas vezes por semana. Ou deveria se reunir, mas algumas vezes não aparece ninguém – talvez por falta de estímulo, de investimento ou de divulgação do grupo. "Tem dias que nem abre (a reunião). Algumas pessoas estão jogando, sem seguir o programa", conta nossa fonte, um empresário que perdeu muito dinheiro há cerca de quatro anos. "Eu tive muita grana, duas empresas, e joguei tudo fora em um mês pensando que ia ganhar 400 mil", lembra.
A maior parte dos cerca de 15 participantes do grupo Jogadores Anônimos é de pessoas de classe média alta. Alguns continuam a jogar. Outros tentam seguir os 12 passos do programa adotado no grupo, e conseguem se livrar do problema. A principal dificuldade é lidar com o tempo ocioso, aberto pela falta do jogo, segundo nossa fonte. As reuniões dos Jogadores Anônimos acontecem nas quintas-feiras e no domingo, sempre na igreja do Rio Vermelho, próximo à colônia de pescadores. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 9939-8111.

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