Flórida investe no lucrativo negócio dos cassinos flutuantes.

Cassino I 08.04.04

Por: sync

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Até Las Vegas "regula estritamente seus cassinos", lamentava um jornal da Flórida, em alusão à proliferação de cassinos flutuantes: barcos transformados em casas de jogos que zarpam, sem destino, do sudeste dos Estados Unidos.
Dezessete barcos de grande capacidade, de propriedade de uma dezena de companhias, recebem 3,5 milhões de jogadores que embarcam em Porto Cañaveral, Long Key, Jacksonville, Miami e outros portos da região.
Os barcos partem duas vezes por dia e, num trajeto de oito horas, alcançam águas internacionais, a três milhas da costa leste da Flórida e a nove da costa oeste.
As razões que os leva a viajar até águas internacionais são de ordem fiscal, pois ali não se paga impostos sobre os jogos, e legal, pois os cassinos são proibidos na Flórida.
Uma vez "fora" dos Estados Unidos, o barco vira um cassino como qualquer outro e as máquinas caça-níqueis, roletas, mesas de black-jack e outros jogos de azar começam a operar a todo vapor.
Os "cruzeiros para lugar nenhum" (cruises-to-nowhere) arrecadaram 385 milhões de dólares em 2002, 6,5% a mais que no ano anterior, segundo a Christiansen Capital Advisors, uma empresa dedicada aos números do jogo nos Estados Unidos.
É difícil traçar um perfil do usuário destes barcos-cassino, explicou Jean Walder, diretora-executiva da Associação de Cruzeiros de Um Dia, que reúne as operadoras destes cassinos flutuantes.
"(São) todo tipo de pessoa. Gente que gosta de cruzeiros, gente que gosta de apostar, turistas e moradores", afirmou.
Os cassinos flutuantes se beneficiam de uma lei federal, a "Johnson Act".
Segundo Walder, oficialmente estes barcos transportam máquinas para jogo, mas não as usam, pelo menos em águas americanas. A lei autoriza que os estados impeçam os barcos de entrar em seus portos, caso "suspeitem" que se tratam, na verdade, de cassinos flutuantes.
Vários estados não permitem a operação deste tipo de embarcações, enquanto Flórida e Geórgia fazem vista grossa.
"Perceberam que somos parte importante do desenvolvimento econômico", disse Walder, que calculou em 28 milhões de dólares o valor que esta indústria paga em impostos ao estado da Flórida, principalmente em taxas portuárias e sobre bebidas alcoólicas.
Algumas pessoas dizem que não é suficiente e pedem algum outro tipo de impostos sobre os lucros obtidos com o jogo, lamentando as lacunas legais e até mesmo a hipocrisia em torno do tema.
"Trata-se de uma indústria escorregadia, que não investiga o passado dos seus proprietários e que não dá garantias sobre os dividendos que devem pagar suas máquinas caça-níqueis", lamentou em editorial publicado em 28 de novembro passado o jornal Press Journal.
"E no entanto", acrescentou, "por razões que não estão totalmente claras, o estado continua dando facilidades as barcos-cassinos".
"Até Nevada", em alusão ao estado onde fica Las Vegas, "conhecido pela filosofia liberal em relação ao jogo, regula estritamente os cassinos", lembrou o jornal.
A proliferação do negócio na Flórida é característica do desenvolvimento vertiginoso do jogo nos Estados Unidos nos últimos 40 anos.
Reticentes em aumentar os impostos para cortar déficits orçamentários, as autoridades se entregaram, com mais ou menos reticências morais, aos dólares produzidos pelos jogos de azar.
Se nos anos 60 era preciso ir ao hipódromo mais próximo ou viajar até Las Vegas para apostar alguns dólares, hoje em dia os americanos destinam mais dinheiro às apostas (US$58,4 bilhões em 1999) do que gastam com cinema, CDs, eventos esportivos, parques de diversão e vídeogames somados.
Só os estados do Havaí (sudeste) e de Utah (oeste) não toleram qualquer tipo de jogo. Nos demais, o apostador pode escolher dos inocentes bingos beneficentes às máquinas caça-níqueis, passando pelos cassinos, tanto em terra firme quanto em alto-mar.AFP  

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