Jogo dúbio.

Opinião I 13.01.03

Por: sync

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Pode ter passado despercebido para parte da sociedade a revogação de vários artigos da Lei Pelé, que, na prática, legalizavam a atividade dos bingos no país. Em outras palavras, desde o primeiro dia do ano o bingo passou ser considerado contravenção penal. Na prática, como se vê em dezenas de esquinas da Capital, a lei é letra morta. Os bingos continuam funcionando graças a liminares.

Jogo sempre foi assunto polêmico. A seu favor sempre surge o argumento da grande geração de empregos (seriam 120 mil funcionários de bingos no país, hoje) e de recursos, com o incremento do turismo, como ocorre com as cidades conhecidas por seus cassinos. Contra, existem as possíveis ligações com o tráfico de drogas e o crime organizado, além das incontáveis histórias de tragédias pessoais motivadas pelo vício.

O caso dos bingos tem todos esses componentes acrescentado de mais um: a hipocrisia do Congresso e do Governo. Sabia-se já há alguns meses que a atividade iria tornar-se contravenção neste início de ano. Mesmo assim, não se viu um só movimento do Estado, fosse no sentido de legalizar a atividade ou de proibi-la definitivamente.

Governar, legislar é, em muitos aspectos, escolher, optar. Já passa da hora de o país, através de seus canais de representação, decidir se vai ou não liberar o jogo de azar, limitá-lo ou proibi-lo em suas diversas modalidades, desde as enormes casas de bingo até os pequenos e incontáveis caça-níqueis. Inadmissível é a manutenção da situação atual, onde não se sabe se as atividades são legais, deixando a decisão por conta da concessão de liminares.

Não vale o possível argumento de que o tema não é tão urgente assim. Além do fato de ele se vir arrastando há décadas sem solução decente, é bom lembrar que estamos falando de muitos empregos, muito dinheiro, corrupção, crime organizado e, como já dito acima (talvez o ponto mais importante) vícios e tragédias humanas. Se tudo isso não for suficiente para motivar uma decisão do Estado sobre o assunto, é de se perguntar o que, então, seria

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