Lula diz que, se eleito, vai estatizar o bicho
Luiz Inácio Lula da Silva acumula as preocupações de pré-candidato favorito nas pesquisas, que precisa se mostrar apto a governar o Brasil, com os dramas corriqueiros de pai de filho adolescente que se recusa a levar o celular quando sai à noite. Quando fala da família, Lula esbanja bom-humor, mas se torna ácido quando o assunto é Fernando Henrique Cardoso. Em conversa com jornalistas, defendeu a estatização do jogo do bicho, que num governo petista seria explorado pela Caixa Econômica Federal. Anunciou também que vai insistir na prorrogação da CPMF até pelo menos 2004 e revelou que, se chegar ao Planalto, não vai governar sob a lógica do déficit zero que norteia o atual governo.
Os principais trechos da entrevista:
JOGO DO BICHO:
Acho que é preciso oficializar o jogo do bicho, mas a Caixa Econômica Federal é que deve explorá-lo. Legalizar simplesmente é manter o que está aí. Quem não quer legalizar o jogo do bicho é a polícia que vive disso e uma casta de políticos. Esse é um país sui generis . O jogo do bicho é uma contravenção há 50 anos e está em todo lugar. Bicheiro vai em posse de governador, é homenageado no carnaval e convive com todo mundo. Mas o Congresso é que tem que aprovar isso, podemos até mandar o projeto.
OLÍVIO DUTRA:
Conheço Olívio Dutra há 27 anos, já morei com ele. É o tipo do sujeito que faz questão de prestar conta de tostão. Entregaria a ele a guarda do dinheiro de um governo do PT. Mas o governo estadual não deve colocar obstáculos às investigações da CPI no Rio Grande do Sul. Se ficar provado que o Diógenes cometeu algum erro, será punido. Pessoas mais importantes do que ele já foram punidas. Às vezes não sei nem onde meu filho está ou o que está fazendo. Então, como posso dar conta dos atos de todos os militantes do PT?
Jornal O Globo – Helena Chagas e Cristiana Lôbo*