Número de patrocínios cresce, e clubes vislumbram novos acordos com volta do futebol

Apostas I 28.07.20

Por: Elaine Silva

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Flamengo tem contrato com o BRB Foto: Marcelo Cortes/Marcelo Cortes

Com a pandemia, o futebol brasileiro se deparou com um forte movimento das placas tectônicas que alicerçavam as receitas comerciais. Mas tendo o Brasileirão no horizonte e com campeonatos estaduais em curso ou concluídos, é possível verificar o saldo desse terremoto: 10 clubes da Série A perderam algum patrocinador, ainda que momentaneamente, mas 14 conseguiram novos contratos ou renovação com parceiro.

No Rio, os quatro grandes viram o Azeite Royal se despedir. Os rivais Atlético-GO e Goiás também sofreram com suspensão de contratos, assim como Ceará e Fortaleza, que, juntos, ficaram sem o apoio da Prefeitura. Corinthians e Coritiba não escaparam de acordos suspensos ou sem pagamento. Mas todos eles, à exceção do Goiás, conseguiram algum outro parceiro.

É o caso do Flamengo, que fechou com o BRB para o patrocínio master — o de valor mais alto, que fica no espaço frontal da camisa. São Paulo (Banco Inter) e Bahia (Casa de Apostas) também firmaram ou renegociaram acordos para o lugar mais nobre.

O movimento é relevante porque as receitas comerciais, da qual os patrocínios fazem parte, representaram 12% da arrecadação total dos 20 principais clubes do país (R$ 712 milhões) em 2019. A fatia ficará mais representativa este ano pela ausência da bilheteria, em razão dos portões fechados.

— A gente fica muito feliz de aumentar a receita do clube. Vai ser importante para compensar as perdas que vamos ter neste ano — disse o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, na apresentação do BRB.

Alguns casamentos na Série A são sólidos, como o Palmeiras com a empresa de crédito pessoal Crefisa, que, ao lado da Faculdade das Américas (FAM), foi crucial para levar o clube ao topo das receitas comerciais em 2019: R$ 135 milhões, segundo a EY. No Red Bull Bragantino, o patrocínio é inerente à gestão. No Sul, Grêmio, Internacional e Athletico (ainda sem master) são estáveis.

O desempenho do Corinthians em termos comerciais no primeiro semestre é curioso. Apesar de ter perdido o contrato com a MarjoSports, o clube registrou no balancete a arrecadação de R$ 37,7 milhões em com patrocínios e publicidade. Em 2019, no mesmo período, o resultado foi R$ 34,1 milhões. O clube fechou recentemente acordo com a Riachuelo para ocupar as mangas, no espaço cedido temporariamente por um novo parceiro, o Galera Group.

Flu e Bota: sem master

No Rio, Fluminense e Botafogo seguem sem parceiro master. No alvinegro, a dificuldade vem desde o fim do contrato com a Caixa. Pelo menos ambos renovaram com a empresa de telefonia Tim, assim como Vasco e Fla.

No tricolor, o presidente Mário Bittencourt já disse que não aceita qualquer valor só para preencher espaço master. No alvinegro, o otimismo cresce com a proximidade do Brasileiro.

— O Botafogo tem bom histórico de renovação de patrocínio. E desde que soubemos das exatas datas do Brasileiro, as conversas com potenciais patrocinadores têm sido mais frequentes — disse Caio Araújo, gerente de gestão e comercial do Botafogo.

A retomada do calendário pode ser um propulsor das relações entre clubes e patrocinadores, na visão de Gustavo Herbetta, fundador e diretor comercial da agência de marketing esportivo Lmid.

— O segmento, há anos, vem se posicionando erroneamente como simples veículo de mídia, cuja única entrega relevante é a visibilidade da marca exposta nos uniformes. Agora, o mercado passa a se reaquecer. Já está na hora de aproveitarmos a oportunidade única de agregarmos valor à entrega, unindo a visibilidade que as marcas ainda almejam e os altos índice de Ibope, com ativações e interações digitais — avalia.

André Monnerat, da Feng Brasil, especializada em programas de sócios, vê no engajamento do torcedor durante a pandemia um argumento que fortaleça relação com patrocinadores:

— Nunca houve uma paralisação tão longa de jogos e isso fez com que os departamentos de marketing e comunicação fossem obrigados a sair da zona de conforto e experimentar coisas novas, criar novos tipos de conteúdo em novos formatos, inclusive na ativação de patrocinadores que, de repente, tiveram interrompida ou muito reduzida a exposição de propriedades que estavam em seus contratos. Possivelmente veremos marcas aparecendo em propriedades, conteúdos e ativações diferentes das que somos acostumados — disse ele. (O Globo – Igor Siqueira)

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