O Globo: Nos EUA, cassinos geram 1,7 milhão de empregos

Cassino, Destaque I 19.03.18

Por: Magno José

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Setor gera US$ 240 bilhões, mas possuem riscos e criam problemas sociais

Las Vegas, capital dos jogos de azar nos Estados Unidos – Henrique Gomes Batista

NOVA YORK — Com mais de mil cassinos espalhados por 40 estados, os Estados Unidos têm a indústria dos jogos de aposta mais pujante no mundo: gera 1,7 milhão de empregos e tem um PIB conjunto (incluindo hotéis, shows e toda a cadeia econômica) de US$ 240 bilhões (R$ 780 bilhões) — maior que toda a economia do estado do Rio —, segundo a Associação Americana de Jogos. O jogo faz parte da cultura americana, assim como os carros, as armas e o beisebol.

Embora em valores de aposta Macau já supere Las Vegas individualmente, a cidade de Nevada é o grande símbolo americano dos cassinos. De alguma maneira, toda a população desta cidade no meio do deserto se relaciona ao jogo. Mas a atividade é mais comum que se imagina por todo o país, em pequenos cassinos, sem todo o glamour — e exageros — de Vegas.

— Os cassinos podem ser uma importante base para o crescimento econômico. Incentivam o turismo e geram empregos que exigem baixa qualificação, como em hotéis, gerando oportunidades para pessoas de baixa instrução — afirma Erik Gordon, professor da Ross Escola de Negócios da Universidade de Michigan, estado que tenta ajudar no renascimento de Detroit com as apostas.

Mas o setor é envolto em riscos e polêmicas. O gigantismo de Las Vegas contribuiu para o ocaso de Atlantic City, que vive uma crise. Cidades com elevados números de cassinos costumam ter níveis de suicídios bem maiores que a média nacional — especialistas acreditam que pela vergonha ou desespero de perder tudo em um jogo, ou utilizam o jogo como desculpa para esconder outras motivações. Há muitos americanos viciados em apostas, e até a arquitetura dos cassinos — sem janelas, para evitar contato com o mundo exterior e a noção do tempo gasto em apostas — são um incentivo para que a pessoa jogue mais do que poderia ou deveria.

Os jogos também criam um ambiente mais propício para a prostituição, e Las Vegas é a única cidade americana onde é possível beber livremente nas ruas e fumar em ambientes públicos fechados, para incentivar que as pessoas não parem de jogar. Os cassinos são considerados uma porta para outras atividades ilícitas:

— Apostas são uma grande oportunidade para lavagem de dinheiro. Para evitar isso, seja no Brasil, seja nos EUA, é preciso de uma boa regulamentação e uma fiscalização constante — afirma o professor.

Se no Brasil mais recursos para a segurança, educação e saúde estão entre os principais argumentos para a legalização dos jogos, nos EUA os cassinos se tornaram a principal atividade de muitas comunidades indígenas. Como nas terras dos nativos americanos as leis tributárias são mais brandas, muitas tribos encontraram na atividade uma forma de renda e riqueza. Algumas etnias já recorrem ao exame de DNA para barrar a distribuição de lucros para pessoas que se dizem indígenas, mas não possuem laços de sangue com estes grupos. (O Globo online – Henrique Gomes Batista, correspondente do GLOBO)

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