Pandemia suspende competições esportivas e provoca seca em sites de aposta

Apostas I 06.04.20

Por: Elaine Silva

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Coisas estranhas: jogadores de um time sueco de futebol amador da sétima divisão receberam ameaças de morte online, depois que um jogo-treino recebeu uma quantidade grande de apostas

No dia 11 de março, os jogadores do Utah Jazz e do Oklahoma City Thunder já estavam em quadra para uma noite de basquete na NBA, a liga profissional dos EUA. O atraso de 30 minutos era incomum. De repente, todos voltaram para o vestiário e os comissários anunciaram que a partida havia sido suspensa. Ninguém entendeu nada. Depois, veio a explicação. Horas antes, o pivô Rudy Gobert, dos Jazz, havia testado positivo para o coronavírus.

Desde então, o mundo esportivo pisou no freio. No dia 13 de março, a UEFA suspendeu a Liga dos Campeões da Europa. O futebol americano parou no dia 16. A Copa Libertadores, dois dias depois. Os campeonatos regionais no Brasil foram parando, lentamente. Até os Jogos Olímpicos de Tóquio ficaram para o ano que vem. Além de prejuízo para franquias, clubes, patrocinadores, TVs e torcedores, a interrupção foi um desastre para grupos criminosos que lucravam com dinheiro de apostas.

“A suspensão dos esportes profissionais afetou severamente o suprimento de dinheiro de lucrativas operações de jogo da Cosa Nostra (máfia italiana)”, disse esta semana à revista Forbes o ex-agente do FBI Ray Kerr.

Mas nem tudo está perdido para o crime organizado. A bola tem rolado em gramados pelo mundo, só que não em nível tão alto. Na Europa, o futebol não foi completamente interrompido em pelo menos dois países: na Suécia, onde o governo não adotou uma quarentena rígida e as ligas inferiores não pararam, e na Bielo-Rússia, onde a primeira divisão segue normalmente como se nada estivesse acontecendo.

Ameaças a jogadores de time da sétima divisão da Suécia

Assim, coisas estranhas começaram a acontecer. Na semana passada, jogadores de um time sueco de futebol amador receberam ameaças de morte online, depois que um jogo-treino recebeu uma quantidade grande de apostas. O caso aconteceu quando o Skabersjo IF, time da sétima divisão, enfrentou o Vastra Ingelstad IS.

O presidente do Skabersjo, Mattias Andersson, disse que pessoas de lugares distantes como Hungria, Dinamarca, Inglaterra e até da Ásia entraram em contato com o clube nas redes sociais e por e-mail para pedir informações sobre o estilo de jogo da equipe.

“Depois do jogo, recebemos ameaças de morte que desejavam que todos nós morrêssemos com civid-19. É uma loucura”, disse Anderson. No início, segundo o presidente do clube, os jogadores gostaram da exposição, mas depois ficaram com medo. “Somos todos amadores. É ilegal apostar em nossos jogos.”

Na Suécia, uma das poucas medidas restritivas adotadas pelo governo foi a proibição de aglomerações públicas acima de 50 pessoas – o que não é um problema para os jogos do Skabersjo. Segundo Anderson, apenas meia dúzia de torcedores comparece às partidas.

A Associação Sueca de Futebol (SvFF) disse aos clubes que estão jogando durante a pandemia que devem ignorar mensagens de apostadores pedindo informações sobre as equipes. Andersson disse que não denunciou o caso à polícia e garantiu que o Skabersjo jogará a sétima divisão do campeonato sueco normalmente, até o fim da temporada.

A pandemia causou uma seca nos sites de apostas. Por isso, muitos agora abriram as plataformas para a primeira divisão da Bielo-Rússia e o campeonato nicaraguense. Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, é outro que mandou os cidadãos seguirem a vida normalmente.

O presidente bielo-russo, Alexander Lukashenko, recomendou sauna e 50 ml de vodca por dia para resolver o problema da pandemia. Na semana passada, ele comemorou a atenção dada ao campeonato nacional pelos sites de apostas. Apesar dos protestos do sindicato internacional dos jogadores, a Federação de Futebol da Bielo-Rússia manteve o campeonato – a única divisão de elite que ainda é jogada na Europa.

Mais prudente, a SvFF cancelou o amistoso entre Eskilstuna FC, da sétima divisão, e Nashulta GoIF, da oitava divisão, depois que jogadores e funcionários dos clubes foram contatados por apostadores. O AC Primavera, da sexta divisão, disse que também vem recebendo ameaças nas últimas semanas. “Estão nos acusados de entregar os jogos”, disse Daniel Karlsson, presidente do clube. (O Estado de S.Paulo)

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