Punição para fraude de jóqueis.

Jockey I 01.12.04

Por: sync

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O turfe carioca viveu recentemente um dos maiores escândalos dos últimos anos. O envolvimento de um grupo de jóqueis em uma aposta feita na quinexata (acumulada em quase R$ 1 milhão) e a manipulação de resultados geraram uma suspensão rigorosa a cinco bridões dos mais destacados. Em resolução divulgada na manhã de ontem, a Comissão de Corridas do Jockey Club Brasileiro suspendeu Alex Mota (ganhador do último GP Brasil e do GP Derby Paulista), Jorge Leme (montaria oficial do Haras Santa Maria de Araras) e Marcus Aurélio (do Haras Doce Vale) por um ano e meio. Acedenir Gulart (Fazenda Mondesir e Stud Raça) e César Gustavo Netto levaram um ano de punição.
O caso teve início a partir de uma denúncia feita à Comissão de Corridas do JCB, após a realização do sétimo páreo da corrida do último dia 19. Os comissários de plantão receberam a informação de que um grupo de jóqueis realizara uma aposta no valor de R$ 2.160,00 na quinexata e estaria manipulando resultados para conseguir os cinco pontos e a bonificação que estava perto de R$ 1 milhão. A armação acabou não dando certo no páreo final, quando Infinity Power, montado pelo aprendiz Ezequiel Mendes, chegou em segundo, furando a aposta. Mas ganharam o prêmio do dia, no valor de R$ 36 mil.
Investigações ainda não terminaram.
No dia seguinte, foi ouvido um funcionário que trabalha na repesagem, identificado pelo operador de caixa como aquele que teria feito a aposta. O funcionário negou, utilizando frases feitas e chamou ainda mais a atenção dos comissários.
No domingo, o presidente da Comissão de Corridas do JCB, Paulo Pires do Rio, decidiu instaurar uma comissão de inquérito. Era preciso apurar as supostas irregularidades:
— A comissão foi constituída, inquiriu dezenas de pessoas, assistiu às provas diversas vezes, de vários ângulos e tomou todo o cuidado para não cometer injustiças. O apostador não pode ser lesado.
A comissão de inquérito prosseguirá por mais 15 dias a fim de serem complementadas as averiguações em andamento. O relatório final será encaminhado à Polícia.Taunay diz que credibilidade do turfe estava em jogo.
Para o presidente do Jockey, Luiz Alfredo Taunay, o episódio ocorrido no último dia 19, envolvendo a modalidade de aposta quinexata, tinha que ser apurado com rigor. Por esta razão, foi instaurada a comissão de inquérito. Pessoas foram ouvidas, todas as denúncias foram investigadas e a todo custo, a lisura das corridas precisava ser mantida. Estava em jogo a credibilidade do turfe:
— Quando aconteceu a denúncia, tomamos todas as providências para apurar os fatos. O inquérito prosseguirá por mais 15 dias e, se outros profissionais estiverem envolvidos, serão punidos exemplarmente — diz Taunay.
Ao final das investigações, o relatório definitivo será encaminhado à polícia, como está previsto no Código Nacional de Corridas. O jóquei Alex Mota, vencedor do último GP Brasil, com o cavalo Thignon Boy e do GP Derby Paulista (Urodonal), negou que um grupo de jóqueis estivesse manipulando resultados na corrida do último dia 19. Para o piloto, as corridas transcorreram normalmente:
— Fui suspenso por falta de empenho em Grand Rock, um cavalo que está manco até hoje. A égua Doozy, do Leme, está no mesmo caso. Não existem provas contra nós.
Mota e os demais pilotos suspensos já constituíram advogados e vão entrar com recurso junto à Comissão de Corridas. Se for necessário, pretendem entrar na Justiça contra o Jockey Club. Alex Mota montaria o potro Urodonal no GP Carlos Pellegrini, maior prova do turfe argentino, na próxima semana.
Não é a primeira vez que o turfe carioca viveu escândalo envolvendo fraudes. Dois casos de troca de cavalos abalaram e muito o turfe do Rio de Janeiro. No carnaval de 1983, aconteceu o caso da troca entre os cavalos Alanto e Billy Otto, resolvida em razão de o criador de um dos dois corredores estar presente na Gávea e ter denunciado o golpe. Alguns profissionais foram punidos na época.
Alguns anos depois, em um último páreo de corrida noturna, o cavalo Domingone, excelente corredor no Paraná, correu na Gávea com o nome de El Juno, um verdadeiro matungo do turfe paulista. O caso, que envolveu a polícia, demorou um pouco para ser solucionado e acabou com a cassação da matrícula da proprietária, que sempre negou participação.O Globo – Marco Aurélio Ribeiro

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