Raspadinha do bicho é cópia de jogo criado pela Loterj.

Jogo do Bicho I 13.10.03

Por: sync

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A raspadinha que vem sendo vendida por bicheiros no Rio, principalmente na Zona Sul, é semelhante a um jogo desenvolvido pela Loterj, que seria lançado dentro de duas semanas. O presidente da Loterj, Rogério Vargas, disse que pode ter havido vazamento de informação e a polícia está investigando o caso, para descobrir se houve espionagem industrial.
O presidente da Loterj tomou conhecimento da concorrência clandestina depois das denúncias feitas pelo EXTRA, na última quarta-feira, que mostrou que apontadores do bicho vendem raspadinhas ilegais.
Tanto na raspadinha legal como na do bicho, todas as cartelas são premiadas. Basta o jogador ter sorte na hora de raspar. O apostador precisa somar 21 pontos, raspando três cartas, para ganha R$ 50. Se totalizar 21 pontos com quatro raspadas, o prêmio é de R$ 3. Se for necessário raspar cinco vezes para fazer 21 pontos, o jogador recebe um real.
O delegado-substituto da Delegacia Fazendária, Franco Albano, disse que o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, determinou uma investigação para apurar os responsáveis pelas raspadinhas do jogo do bicho:
— Temos que colher elementos que nos levem aos fabricantes, distribuidores e vendedores.
Clone barato.
O delegado explicou que, com pouco investimento, é possível imprimir um bilhete como o que está sendo vendido pelos bicheiros:
— Isso deve ser fabricado em uma pequena gráfica de fundo de quintal e temos que descobrir onde fica.
Para Albano, devem existir outras contravenções ou até crimes ligados à venda de raspadinhas do bicho:
— Isso é apenas a ponta de um iceberg. Precisamos chegar na raiz dessa organização clandestina, pois me parece ser uma grande rede de distribuição e venda.
O Ministério Público estadual também vai acompanhar as investigações da polícia para impedir a comercialização das raspadinhas ilegais.
Bicho recua.
Ontem, apontadores de jogo do bicho tiraram as raspadinhas de circulação, em vários bairros da Zona Sul, por ordem dos bicheiros.Delegacias vão trabalhar em conjunto.O delegado da 9ª DP (Catete), Alan Luxardo, disse ontem que já iniciou uma ação conjunta entre as principais delegacias da Zona Sul. Luxardo comandou as operações, nos últimos dois dias, para coibir a nova modalidade do jogo, mas nenhuma cartela de raspadinha do bicho foi encontrada com os contraventores nos pontos da Zona Sul:
— Se nós permitirmos isso, o bicho vai expandir ainda mais seus negócios. Já fiz contato com outros delegados de bairros vizinhos. Vamos trabalhar em parceria nesse caso.
O delegado disse ainda que não pode prender a pessoa que estiver comprando, pois ela pode estar agindo de boa-fé. Mas o comprador só será liberado depois de prestar esclarecimentos.Polícia vai investigar as gráficas.
O delegado titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Propriedade Imaterial (DRCPIM), Marco Aurélio Ribeiro, disse que sua equipe já vem investigando gráficas clandestinas, que falsificam rótulos e produtos. Marco Aurélio contou que desconhecia a nova faceta dos bicheiros, mas acredita que os bilhetes estejam sendo fabricados em larga escala, em uma gráfica de fundo de quintal.
— A modernização das impressoras e o poder financeiro do jogo do bicho, tornam a produção dessas cartelas uma tarefa fácil — disse o delegado.
Marco Aurélio disse ainda que, com a experiência da DRCPIM na área de falsificações em gráficas, não será muito difícil investigar o caso das raspadinhas ilegais.Dinheiro ajuda obras socias.Loterj repassa verbas para creches, hospitais, asilos e outros projetos
O presidente da Loterj, Rogério Vargas, frisou, ontem, que quem sai perdendo mais com as raspadinhas vendidas pelos bicheiros é a própria sociedade. Segundo ele, cerca de R$ 9 milhões, arrecadados com os 17 tipos de raspadinha, já foram repassados para obras sociais do estado. Ele acredita que, até o fim do ano, R$ 15 milhões serão investidos em projetos assistenciais em todo estado:
— Tirando o valor gasto com a compra dos prêmios oferecidos, quase toda arrecadação com as loterias é repassado para a Vida Obra Social, uma entidade do governo do estado. É ela quem decide onde o dinheiro será empregado.
Principais obras.
Segundo a Loterj, o dinheiro está sendo utilizado para a compras de ambulâncias, remédios, roupas — em caso de calamidade pública — equipamentos para hospitais e alimentos para creches e asilos. Além disso, a entidade Vida Obra Social constrói creches, escolas, hospitais e colabora com os projetos Cheque-Cidadão, Restaurante Popular e Farmácia Popular.
Extra – Marcos Pernambuco

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