“Se quisermos ser modernos precisamos ser mais audaciosos.”, André Gelfi

BNL I 01.03.13

Por: sync

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Durante quarta e quinta-feira foi realizado na Cidade do Panamá o seminário internacional "Gaming Executive Summit LatAm 2013", onde o Diretor da Codere Brasil, André Gelfi participou do painel “Olimpíadas – O sucesso de Londres servirá de catalisador para a regulamentação no Brasil?”.

A proposta dos organizadores foi analisar as perspectivas de abertura do mercado brasileiro para apostas esportivas, caso este setor seja legalizado para atender a demanda da Copa do Mundo de 2014.

O BNL, que teve acesso à apresentação [veja aqui] do dirigente da Codere Brasil, também conversou com André Gelfi sobre o mercado mundial e a necessidade do governo brasileiro e do Congresso Nacional revisarem a legislação brasileira na área de apostas e entretenimento.

Em menos de 20 dias, este é o segundo evento internacional de que o executivo da Codere participa para debater o setor de apostas e jogos no Brasil. Durante a Feira de Londres Gelfi participou do painel “Brasil e Argentina: impacto do desenvolvimento da regulamentação europeia sobre a regulação do iGaming Latino” durante o World Regulatory Briefing da ICE Totally Gaming.

Confira as principais opiniões e ideias do diretor-executivo da Codere Brasil:

Legislação adequada

“Este é o segundo convite que recebo nos últimos meses para falar sobre o mercado brasileiro e as perspectivas deste setor. Eu acho que isto é consequência de duas coisas. O Brasil mudou de patamar em termos de exposição e é um país que está se abrindo para o mundo e, por outro lado, pelo fato deste setor estar evoluindo a passos largos no mundo inteiro e o Brasil ter ficado para trás nesta questão. Pelo fato de ter ficado atrasado, ser um país tão grande e não ter uma legislação adequada para o setor de jogos, toda vez que se aborda o tema de novos mercados potenciais, o Brasil aparece na foto”.

Mercado mais atrativo

“Estiveram participando da GES 2013 investidores institucionais, com olhos voltados para o setor na América Latina, desde que a regulamentação e compliance [conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares] sejam absolutamente atendidas, segurança jurídica e transparência são pré requisitos. parece que há um consenso; aventura é para o investidor pessoa física. O Brasil ainda não está no radar de curto prazo  do capital institucional, supervisionado por reguladores financeiros. Por outro lado o potencial atrai atenção; nos painéis realizados na quarta-feira(27) executivos norte-americanos destacaram o Brasil como mercado com maior potencial de atrair investimentos, inclusive à frente do México caso mude o status atual”.

Parceiros curiosos

“Apresentei um mapa do mundo, que mostra onde o jogo é regulado, e onde está proibido, se considerarmos o Brasil no segundo grupo seus vizinhos de forma genérica seriam países islâmicos e ou países não necessariamente democráticos. Grupo curioso para um Estado laico, considerado umas das maiores democracias do mundo.

Bom momento da economia

“O Brasil vai sediar os próximos jogos olímpicos. Será que isto não representa uma oportunidade, já que os jogos são entretenimento e a diversão gera consumo? Por outro lado, nós somos reconhecidamente o país da alegria e que sabe desfrutar o tempo livre. Somos o país do carnaval e do futebol, e o lazer faz parte da cultura brasileira. O problema é que antes não tínhamos dinheiro, mas hoje já somos a sexta economia do mundo com um PIB de US$ 2,3 trilhões. Além disso, temos uma população de 190 milhões, sendo 40 milhões de uma nova classe média, que equivale à população da Argentina e da Espanha. Dentro deste PIB estamos falando em consumo, que tem um mercado interno enorme. As perspectivas são de crescimento até o ano de 2020. Os números da economia brasileira são positivos”.

População conectada

“Você tem uma grande população com dinheiro, que gosta de entretenimento e além de tudo está conectada. O Brasil representa hoje o segundo maior mercado do Facebook no mundo com 65 milhões de usuários gastando mais de 50% de tempo em navegação, a mais do que a média mundial. São 260 milhões de telefones celulares, sendo 55 milhões de smartphones. Este setor cresce mais de dois dígitos por ano. O país é hoje o quarto maior mercado mundial de smartphones”.  

Agenda de eventos

“Além da vocação turística, o Brasil terá uma agenda de eventos nos próximos anos com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que estão aumentando a fluxo de visitantes provenientes de outras partes do mundo e nos colocando em evidência. Já estamos atrasados com relação à legalização e regulamentação dos jogos, que servirá como opção de lazer e turismo durante esses eventos”.

Mercado aquém do potencial

“O Brasil tem um PIB de US$ 2,3 trilhões e um faturamento com loterias e apostas em corridas de cavalo de US$ 2,9 bilhões (97,9% em loterias e 2,1% em corridas de cavalo), que representa uma penetração de 0,14%. Esta relação é ínfima, estando muito aquém de onde deveríamos estar. Em mercados de jogo regulados esta penetração chega a 3% do PIB”.

Monopólio e ilegalidade

“Quando você fala em monopólio e em mercado fechado, existe uma demanda reprimida que de alguma forma é atendida, o vácuo na oferta é ocupado, neste caso pela ilegalidade e pela internet, que está nadando de braçada com clientes brasileiros. Estima-se hoje que o jogo online fature aproximadamente US$ 200 milhões com clientes brasileiros, sem gerar nenhum tipo de contrapartida ou benefício para o Brasil – mais um caso de exportação do consumo local.

3,1 milhão de visitantes

“Diante do cenário que o Brasil vai receber no ano que vem 3,1 milhões de turistas do exterior, que virão para assistir aos jogos da Copa do Mundo e que ficarão no país por pelo menos um mês em busca de atividades, por que não capturar parte desta demanda localmente? A maioria está acostumada com a atividade. Seria uma oportunidade única para gerar mais uma oferta de entretenimento para estas pessoas que estarão no país. Isto sem falar de arrecadação, empregos e investimentos”.

A França aproveitou a oportunidade

“Isto aconteceu na Copa da África do Sul em 2010. O governo francês percebeu a oportunidade e correu com a legalização e regulamentação das apostas esportivas. Aconteceu antes, durante e depois da Copa do Mundo. Foram concedidas 48 licenças para 35 diferentes operadores, sendo 17 antes, 9 durante e 19 depois da Copa do Mundo. Franceses foram sensatos; aproveitaram a mídia espontânea que uma Copa do Mundo gera "publicidade gratuita para o setor” para estruturar o negócio e maximizar os seus frutos.

Perspectiva do mercado em geral

“Uma nova regulamentação para este setor pode gerar um crescimento exponencial – estimo que da ordem de 400%. Arrecadação potencial de quase US$ 15 bilhões [Net win] , destes USD 1,3 bilhões aproximadamente com Sports Betting.

PDVs do sports betting

“Inicialmente, temos que conhecer o perfil do apostador das apostas esportivas. O nosso entendimento é que a Caixa Econômica Federal conseguiria capturar apenas parte deste potencial de apostas através dos 12 mil pontos de vendas na rede lotérica. questão de perfil de clientes, não da para vender o mesmo produto para clientes distintos, é imprescindível a segmentação. Me refiro não só ao canal físico, más também ao online enfocado em um público mais jovem.

Governo e a oportunidade

“Cabe ao Congresso Nacional aprovar as iniciativas de regulação a serem propostas pelo governo. No ano de 2012 o ambiente político não foi propício para discussão e votação do tema no Congresso Nacional, mas o tempo para aproveitarmos a oportunidade da Copa do Mundo de 2014 está ficando apertado. Precisamos enfrentar a questão da legislação de jogos de forma pragmática, tal como vem fazendo nossos vizinhos; exemplo do Chile, Colômbia, Peru e Panamá, seguindo o modelo europeu”.

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