Turfe no Brasil já respira a era do ‘novo normal’

Destaque, Jockey I 22.07.20

Por: Elaine Silva

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Na volta das corridas aqui na Gávea, o Movimento Geral de Apostas da primeira semana foi de R$ 430 mil. No último domingo tivemos MGA de R$ 779.73,82, o maior depois da flexibilização

A abertura dos portões ao público turfista nos hipódromos não modificou de maneira significativa o cenário do turfe. Na verdade, estes meses de pandemia parecem ter acostumado a maioria dos turfistas a trocar a presença nos prados pelo conforto e a segurança de suas casas. No sofá da sala, ou na intimidade do próprio quarto, existe a privacidade e o custo zero. Custo zero de alimentação, além de ser mais saudável e aconchegante. Custo zero no transporte, e ainda a possibilidade de driblar a contaminação no metrô, ônibus, carros de aplicativo ou táxi. Apesar do expressivo número de turfistas de faixa etária elevada, até mesmo os conservadores têm dado preferência a começar a adaptação ao “novo normal”, expressão mais popular no ambiente social, quando alguém se refere ao futuro da humanidade.

Este “novo normal” é sinônimo de apostar nos cavalos pela internet ou tele turfe. Acompanhar os páreos pelos sites ou numa TV HD, em alta definição. Trocar ideia com os amigos turfistas por vídeo conferência. E com isso, gastar menos, evitar aglomerações e desnortear o Coronavírus. Durante dois meses, o turfe acompanhou a sociedade e sofreu os efeitos funestos da crise sanitária na economia e nas finanças. Em São Paulo, um pouco menos, porque eles deram corridas, no peito e na raça. No Rio de Janeiro, a opção foi mais cautelosa. As corridas foram suspensas. Nos outros clubes hípicos, também. Depois de algum tempo houve a chamada flexibilização. Palavra chave no “novo normal”.

Os proprietários cariocas corriam os seus cavalos em Cidade Jardim para buscar socorro nos gastos. Agora, voltaram para casa. Neste espaço de tempo, alguns treinadores do Rio, Luiz Arthur Fernandes Filho, Bruno Alexandre e, mais recentemente Daniel Lopes, tiraram matrícula por lá. Com o retorno das corridas ficou estabelecido o limite de dois programas, de nove páreos por semana. Ou seja, praticamente a metade de provas, antes da pandemia, que eram 34 ou 35, divididos em quatro programas. O GP Cruzeiro do Sul, o Derby, foi disputado pela primeira vez na história de portões fechados, sem a presença de criadores e proprietários dos concorrentes inscritos na prova.

Neste domingo, pela primeira vez, a Tribuna Social da Gávea foi liberada ao público, com protocolo de segurança cuidadoso. Pela TV, pode-se ver alguns gatos-pingados no hipódromo carioca. Os jovens turfistas, público menor no turfe, prefere o mundo digital. Eles acompanham as corridas pelos celulares, sem ter que ficar, no intervalo entre um páreo e outro, desconectado dos amigos, dos grupos da internet e dos jogos de futebol. Segundo eles, dá para fazer um monte de coisas ao mesmo tempo. E tudo em alto giro de velocidade. Não sei quantos mega para lá, ou para cá. Os mais velhos tentam se aproximar da juventude como podem. Não querem perder o ultimo trem para Berlim e ficar para trás. Sábia decisão.

E, além de tudo isso, as finanças estão reagindo. Na volta das corridas aqui na Gávea, o Movimento Geral de Apostas da primeira semana foi de R$ 430 mil. No último domingo tivemos MGA de R$ 779.73,82, o maior depois da flexibilização. E na segunda-feira (20), R$ 733.337,08. Nada mal. Ambos superiores à média anterior, antes da chagada do vírus mortal. A sequência da história, talvez com um MGA de R$ 800 mil, ou mais, irá comprovar que pulamos esta fogueira. Um chato deve estar perguntado: “E se vier uma nova onda? “. Meu amigo, agora a gente já sabe o que tem de fazer. É só cada um assumir o seu papel no “novo normal”, decorar bem o script e vamos que vamos! (Páreo Corrido, por Paulo Gama – Raia Leve)

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