TVs católicas, evangélicas e comerciais “passam pires” no governo

Apostas I 10.06.20

Por: Elaine Silva

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O governo editou uma MP autorizando a volta dos famosos sorteios na TV como os antigos 0900, só que com uma nova roupagem
Foi preciso uma doença mortal e uma crise econômica sem precedentes para “pacificar” a relação midiática entre católicos, evangélicos e laicos.
Em uma verdadeira romaria ecumênica, feita presencialmente ou por telefone, líderes católicos, neopentecostais e até executivos ateus – todos proprietários de emissoras de TV e rádio – estão literalmente “passando a sacolinha” na Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), em Brasília.
Emissoras evangélicas como rede Gospel, TV Mundial, Internacional da Graça, Universal, Vitória em Cristo, católicas como Rede Vida e as comerciais menores, como RBTV (Rede Brasil) e Gazeta estão indo a Brasília “suplicar” por mais verbas federais em suas programações.
Essas TVs estão sendo abatidas pela pandemia de coronavírus e pela queda impressionante de publicidade causada pela quarentena e o fechamento da economia.
Comerciais também pedem
Mas, as pedintes não são apenas estas menorzinhas: redes comerciais maiores como RedeTV, SBT, Record e Band também estão literalmente com o pires na mão.
No caso dessas, o governo já autorizou a volta dos famigerados sorteios na TV (o antigo 0900 em nova roupagem), mas a conclusão é que só isso não vai adiantar. A implantação da jogatina e o retorno está muito lento.
Pior: no caso de emissoras como RedeTV, que já acionou o sorteio, a interrupção constante de programação normal para fazer os sorteios está derrubando também a audiência.
Segundo a coluna apurou, atender a esses pedidos pode ser uma das causas do “reforço” de R$ 83,9 milhões que o governo federal deu para a Secom investir em propaganda, o que foi divulgado esta semana.
Apoio católico
Segundo o “Estado” publicou neste sábado, João Monteiro de Barros Neto, dono da Rede Vida, e o padre Wellington Silva, da TV Pai Eterno, estão chegando a oferecer apoio explícito ao governo Jair Bolsonaro em troca de apoio publicitário.
Outras emissoras como a Rede Gospel, do casal Hernandes, têm linha direta com o governo e também clamam por mais verbas.
A Gospel está fazendo um enorme corte de pessoal e de gastos desde março, início da pandemia.
O mesmo vale para Valdemiro Santiago, da Mundial do Poder de Deus, que já afirmou que sua igreja poderia “quebrar” por causa do fechamento de cultos. Santiago é um apoiador de Bolsonaro desde o primeiro momento.
No caso das emissoras comerciais, a Record, ligada à Universal, já vem dando apoio claro e palpável ao governo Bolsonaro em seu jornalismo. O mesmo vale para SBT e a RedeTV.
O senso crítico em relação ao governo nessas emissoras simplesmente está passando longe.
As três formam a Simba, uma joint-venture dedicada a lutar por seus direitos comerciais e legais, e reivindicam mais dinheiro de publicidade governamental em suas grades.
A TV brasileira aposta que só o governo federal pode salvar a lavoura.
Com o alto endividamento federal, a explosão do déficit público causado por necessários programas de auxílio à população mas, principalmente, devido à péssima qualidade da programação dessas emissoras (isso, sim afugenta telespectadores e anunciantes), não é preciso ser astrólogo ou vidente para prever: Essa é uma aposta fadada ao fracasso. (Ricardo Feltrin – Colunista do UOL)
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Confira em Opinião:
Ediorial Estadão: Vendilhões de templos midiáticos
Parlamentares governistas vêm pedindo maior agilidade na tramitação do projeto de lei que permite às televisões com baixa audiência promover sorteios e jogos de bingo, uma antiga reivindicação de seus proprietários.
Confira na Coluna:
A oposição ‘celestial’ a legalização dos jogos
Editor do BNL comenta sobre a posição dúbia dos evangélicos e católicos, que criticam a legalização dos jogos por sonegação de impostos e lavagem de dinheiro, mas várias igrejas neopentecostais têm dívida milionária com a Receita Federal e alguns pastores são acusados de lavagem de dinheiro.
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