Caixa Econômica Federal prepara estreia no mercado de bets através de parceria
Numa entrevista que concedeu ao podcast PodInvestir, do site Inteligência Financeira, Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, afirmou que o banco está preparando sua estreia no mercado de apostas esportivas online, as bets, em 2025.
“Nós temos toda uma construção no sentido de posicionar a Caixa nesse mundo das bets”, afirmou Vieira em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira.
O executivo contou que o negócio se dará por meio de parceria entre uma empresa de loterias recentemente constituída pelo banco e um parceiro privado.
Será o mesmo veículo que vai operar a partir deste ano as apostas instantâneas conhecidas como raspadinha.
A parte que o presidente da Caixa fala sobre as apostas esportivas e loteria instantânea vai do minuto 25m25s até o minuto 28m26s. Confira:
Dessa forma, o passo seguinte serão as apostas online, em 2025.
“A gente já tem uma ideia de valuation (valor do negócio) que teria essa empresa daqui a um ano, um ano e meio”, acrescentou ele.
Segundo Vieira, embora envolva um parceiro, já é certo que o produto vai carregar a marca Caixa.
Até o advento das bets, a Caixa dominava praticamente sozinha o mercado de loterias no país. Contudo, nos últimos anos essa realidade tem mudado rapidamente.
Segundo a consultoria global Comscore, o setor de apostas online cresceu 281% de 2019 a 2023, com 42,5 milhões de usuários no país.
A Caixa já tem autorização do Ministério da Fazenda para começar a operação. Vai iniciar com a “Raspadinha” e, em seguida, com a migração para os meios digitais das apostas esportivas:
Para entrar no segmento, o banco está em busca de um parceiro para implementar a tecnologia e disponibilizar o serviço.
Antes de mais nada, Vieira terá que mandar o seu departamento jurídico agir para resolver um problema. No vácuo de legislação (e aproveitando que a Caixa não se mexeu), existe na internet uma certa CaixaBets em operação, uma empresa que nada tem a ver com o banco federal naturalmente.
Bets: um negócio de R$ 100 bilhões
Embora tenha sido regulamentado apenas no mês passado pela Câmara dos Deputados, o mercado de apostas online já é gigante no país.
Segundo o agregador de apostas BNLData, esse mercado movimentou mais de R$ 100 bilhões no país em 2023. Com isso, o BNLData estima que as plataformas faturaram R$ 13 bilhões no ano passado no Brasil, 71% a mais do que em 2020.
Isso significa que o banco vai chegar a um setor já povoado por dezenas de plataformas de apostas.
Em relatório recente, a equipe da XP considerou que a regulamentação do setor pode torná-lo menos atrativo por causa da tributação.
Construção de estádios
Vieira revelou ainda que a Caixa assinou com o Flamengo um acordo de confidencialidade (NDA, na sigla em inglês) sobre financiamento do estádio do clube.
A expectativa de Vieira é de replicar com o clube carioca um modelo em discussão com o Corinthians, que tem com a Caixa uma dívida de cerca de R$ 600 milhões.
O valor refere-se ao financiamento feito pelo banco para a construção da Neo Química Arena, antes conhecida como Arena Corinthians, em 2014.
A ideia da Caixa é transformar as dívidas dos clubes em títulos para serem negociados no mercado, inclusive por investidores de varejo.
Assim, os títulos teriam como uma espécie de lastro o estádio. Dessa forma, quem comprasse os títulos seria como um investidor do clube.
“Tem alguns interesses comuns em discussão”, disse Vieira em referência às discussões com o Flamengo, mas o executivo evitou dar detalhes.
De todo modo, o acordo de confidencialidade representa um avanço em relação ao andamento das conversas.
Em dezembro, Vieira afirmara que o Flamengo ainda não havia definido um formato para um eventual negócio.
A área onde o clube carioca, o maior do país em número de torcedores, pretende construir seu estádio fica num terreno que pertence a um fundo de investimento da Caixa.
Vieira contou ainda que o São Paulo Futebol Clube também procurou a Caixa para conversar.
Embora já tenha um estádio próprio, o hoje conhecido como Morumbis, o clube paulista poderia usar o estádio como garantia para suas dívidas bancárias, que passariam a ser concentradas na Caixa.