CBF pode organizar o cenário das apostas no Brasil
Ao longo das décadas acompanho atentamente as finanças e marketing dos clubes do Brasil e do exterior.
Atendendo clientes de consultoria, pude aprofundar o funcionamento das ligas, apostas esportivas ativações de patrocinadores, direitos de transmissão, matchday, enfim tudo que está no entorno dos negócios do futebol.
Como o Brasil não tem uma liga como a Premier League LALiga ou NBA, a Confederação Brasileira de Futebol – CBF é responsável pela organização e administração dos campeonatos. No caso dos estaduais, pelas Federações Estaduais de cada estado.
CBF tem o poder, por meio de diferentes regulamentações internas de fazer o papel do Estado. Explico: FIFA, Conmebol ou CBF são entidades de direito privado que organizam competições de times, também privados. Isso significa que existe um mundo esportivo com regras definidas.
Cada Liga no mundo administra seu negócio, orientado para novas leis, ou não. Isso significa que a CBF, pode investir em regras para compliance, controle digital, movimentações suspeitas, regras para patrocínios, enfim, nada que não esteja ligado às competições que administra.
A CBF tem R$ 888 milhões em caixa e faturou R$ 1,07 bi em 2022, sendo que os lucros líquidos dos últimos quatro anos somam R$ 451 milhões.
Uma pequena parte dos custos da CBF poderiam ser direcionados para o desenvolvimento de regras e controles específicos para o mercado de apostas. CBF gasta com sua própria administração a exorbitante quantia de R$ 199 milhões (salários e gastos administrativos) por ano.
Todos os gastos da seleção masculina não consumiram isso em 2022, segundo balanço da entidade.
Não faz sentido o mercado não sentir segurança jurídico-administrativa do ente privado que administra as principais competições, como ocorre nos EUA e Europa.
E no cenário atual todos ficam esperando o que vem do Congresso em Brasília.
Há inúmeras tarefas que CBF pode cumprir, ante um mercado em grande ascensão econômica e problemas oriundos desse crescimento. Com uma lei aprovada ou não, existe um mercado, nesse momento sem nenhuma regulação.
(*) Amir Somoggi é fundador e sócio proprietário da Sports Value.