Diretor da Liesa, filho de Anísio, fala de projetos para o carnaval, candidatura a Liga e da relação do pai com o jogo do bicho
Em entrevista ao O Globo deste domingo o diretor de Marketing da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Gabriel David, diz que está pronto para se candidatar à presidência da entidade, cargo que já foi ocupado por seu pai, o banqueiro Aniz Abraão David, o Anísio.
Gabriel informou que começou a trabalhar aos 16 anos e que Anísio “sempre fez questão de deixar os filhos fora” da contravenção. “Dizia que não queria que sofrêssemos o que ele sofreu, nem que quiséssemos”, contou Gabriel.
Perguntado sobre a coincidência da série Vale o Escrito da GloboPlay com os 40 anos da Liesa, Davi comentou sobre a ligação com o jogo: “Querem me associar ao jogo do bicho a qualquer custo.
Eu não tenho nenhuma associação com o jogo. Mas tenho muito prazer em ser filho do meu pai. As tomadas de decisão da vida do meu pai só são explicadas pela história da vida dele. Se contarem a história toda vão ver que sempre foi de um homem ético. Mas tem que contar a história toda. Não adianta contá-la picada”.
Gabriel David também comentou que antes da relação dos contraventores com as escolas de samba, é a do Brasil com o jogo que está mudando radicalmente por causa das Bets.
“Acho que tem outra relação antes dessa, que é a do Brasil com o jogo, que está mudando radicalmente. A gente vê toda hora como as bets entraram como patrocinadoras, de forma agressiva, inclusive no futebol. O Flamengo tem patrocínio delas, a Liesa tem…”, disse.
Já com relação a legalização dos jogos, Gabriel revelou que seu pai Aniz Abraão David, o Anísio é cético.
“Até hoje acho que ele não acredita na real legalização do jogo”, comentou.
Confira os principais pontos da entrevista ao O Globo sobre o mercado de jogos:
Já conversou sobre isso com Anísio e o Capitão Guimarães (um dos fundadores da Liesa)?
Converso muito com meu pai; com o Capitão, não. A relação com meu pai é muito boa. No passado, tivemos certas brigas por causa das críticas que eu fazia à Liga. Até que um momento ele disse: “Se você acha que faz melhor, então vai lá e faz” (e ele assumiu a Diretoria de Marketing). Ele (Anísio) me fez o convite, me perguntou se eu gostaria de ser presidente. Respondi que me sentia preparado se fosse da vontade geral. Essa conversa só existiu depois que o Jorge Perlingeiro (atual presidente) disse a ele que não disputaria a reeleição.
Os 40 anos da Liesa neste carnaval coincidem com o sucesso da série “Vale o Escrito”…
Querem me associar ao jogo do bicho a qualquer custo.
Como você lida com isso?
Estou minha vida inteira lutando contra isso, mostrando o que faço, que tenho uma vida financeira independente. E um dos meus focos sempre foi gestão e entretenimento. E o carnaval é o maior polo de entrada em entretenimento para quem quer trabalhar nessa área. Graças a Deus, consegui tirar a sorte de nascer numa família com boas condições financeiras e tive a capacidade de gerar minhas próprias fontes de recursos. Comecei a trabalhar por iniciativa própria aos 16 anos.
E em casa, em família, como tratam do assunto?
Eu não tenho nenhuma associação com o jogo. Mas tenho muito prazer em ser filho do meu pai. As tomadas de decisão da vida do meu pai só são explicadas pela história da vida dele. Se contarem a história toda vão ver que sempre foi de um homem ético. Mas tem que contar a história toda. Não adianta contá-la picada. É uma opinião pessoal minha. Ele sempre fez questão de deixar os filhos fora disso. Dizia que não queria que sofrêssemos o que ele sofreu, nem que quiséssemos. ‘Vocês têm que ter total distância do jogo e não vou deixar nada disso chegar perto de vocês’, sempre foi essa a relação dele com os cinco filhos.
Ainda ter contraventores na direção de escolas atrapalha para captar patrocínios?
Interfere quando há notícia criminal que associa fulano com a escola tal. Tem essa teoria de que a contravenção usou o carnaval para lavar dinheiro. Discordo. Para mim, não faz sentido. A história que sei é que a contravenção investiu muito dinheiro no carnaval.
Mas a contravenção continua investindo nas escolas hoje?
Acho impossível ou muito improvável. As escolas têm fontes de receita própria. A Liesa tem feito um repasse muito significativo, e temos visto escolas ligadas à contravenção rebaixadas nos últimos anos. Havia a teoria de escolas da contravenção “irrebaixáveis”.
Mas houve o caso da Grande Rio (2018), que não caiu.
A Imperatriz caiu (em 2019)…
Se a nova geração assumir a Liesa, vai ter virada de mesa?
Minha opinião é que enfraquece a competição. Se todos os presidentes tomarem decisão diferente, vai acontecer. Mas, com os diálogos públicos que a Liga tem hoje, acho improvável que as regras não sejam respeitadas.
Você acha que a relação dos contraventores com as escolas pode mudar daqui para frente?
Acho que tem outra relação antes dessa, que é a do Brasil com o jogo, que está mudando radicalmente. A gente vê toda hora como as bets entraram como patrocinadoras, de forma agressiva, inclusive no futebol. O Flamengo tem patrocínio delas, a Liesa tem…
Há um debate sobre a legalização dos jogos. Como você se põe nessa discussão?
Quando os debates começaram em Brasília, muitas pessoas, principalmente políticos, me procuraram para conversar. O jogo nunca foi meu interesse. Mas, num lugar de curiosidade, uma vez perguntei a meu pai sobre o assunto. Até hoje acho que ele não acredita na real legalização do jogo.