Lula diz que sites de aposta são problema ‘mais grave’ do que o jogo do bicho: ‘Proibido até hoje, mas todo mundo joga’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira, durante evento no Rio de Janeiro, que “todo mundo joga no jogo do bicho”. A declaração ocorreu em meio a críticas do petista ao setor de apostas esportivas on-line, regulamentado por uma lei sancionada por ele no fim de 2023.
— Esse país aqui, há cem anos, não poderia tocar um tambor no Theatro Municipal, nem pandeiro, nem capoeira, tudo era proibido. Esse país é engraçado: o jogo de bicho é proibido até hoje, mas todo mundo joga no bicho — discursou Lula.
Em seguida, mesmo sem citar a palavra “aposta”, o presidente passou a descrever práticas do setor, que tem se multiplicado em diferentes empresas e comerciais constantes na televisão, entre outras estratégias. Para Lula, este panorama configura um problema “mais grave” do que o causado pelo jogo do bicho, cujas sangrentas disputas por território deixaram um rastro de violência e morte no Rio ao longo das últimas décadas.
— O que é mais grave, pior do que o jogo do bicho, é 24 horas por dia de jogo na televisão, o jogo digital. (…) Isso porque cassino é proibido aqui, porque é jogo do azar. Jogo do bicho é jogo não sei das quantas. Mas agora, no jogo eletrônico pode jogar criança de 5 anos de idade a pessoas de 90 anos. A ordem é jogar, já que as empresas não pagam imposto — discorreu o presidente, citando que essas práticas causam dependência e que famílias estariam gastando até 14% da renda com a atividade.
Ao contrário do afirmado por Lula, porém, as empresas do setor passaram a ser tributadas com a regulamentação aprovada no Congresso e sancionada por ele. A alíquota sobre a arrecadação com apostas paga pelas bets é de 12%, enquanto os usuários desembolsam 15% do valor obtido com os prêmios. A lei também proíbe que menores de idade participem de apostas, registra reportagem do Globo Online.
As declarações de Lula sobre o jogo do bicho ocorreram durante o anúncio de R$ 250 milhões em investimentos no programa Seleção Petrobras Cultural-Novos Eixos, voltado para patrocínios de projetos culturais, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.