Segundo O Globo, a bancada religiosa derrubou jogos de azar

Blog do Editor I 09.03.18

Por: Magno José

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Durante o lançamento da pré-candidatura à presidência do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Durante a cerimônia, Maia propôs “um pacto para rompermos com o que há de velho e atrasado no Estado brasileiro”

A coluna Poder em Jogo do O Globo revela na nota ‘Em nome da fé’, que a derrota do governo na votação da regulamentação dos jogos de azar no Senado foi atribuída a uma articulação conjunta entre deputados e senadores das bancadas evangélica e católica, que resistem à aprovação de projetos do tipo há anos. O mesmo grupo, liderado por parlamentares como Magno Malta (PR) e Sóstenes Cavalcante (DEM), já negocia a derrubada de proposta parecida na Câmara. “O governo não sabe dialogar com bancadas suprapartidárias”, diz Cavalcante.

Questões religiosas

Em parte, a informação veiculada pelo O Globo é verdadeira. Os únicos opositores a legalização dos jogos no Congresso Nacional é a bancada religiosa. Atualmente, a bancada evangélica é formada por 93 deputados e três senadores. O problema é que estes parlamentares-pastores acabam contaminando o debate sobre a regulamentação desta atividade, que já opera há mais de 76 anos na clandestinidade.

Um dos exemplos desta influência pode ser observada nesta quinta-feira (8) durante o lançamento da pré-candidatura à presidência do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Durante a cerimônia e ao lado de um pastor, Maia propôs “um pacto para rompermos com o que há de velho e atrasado no Estado brasileiro”.

O jogo é anterior a religião e a cultura, portanto jogar e apostar faz parte de uma terapia, além disso, não é uma atividade pecaminosa. A paixão por jogos é tão antiga que talvez remonte à pré-história da humanidade. Nas milhares de páginas da Bíblia não existe uma linha que condene a prática do jogo, até mesmo nos sete pecados capitais o jogo não está incluído. A Bíblia registra, em passagens de seus livros mais antigos, o uso de sortes indicando fortuna e desgraça.

Na verdade, estão usando a contrariedade ao jogo como bandeira política ou como bem disse o escritor e historiador Ney Carvalho “a renitente oposição religiosa ao jogo e, inclusive, ao consumo etílico, não se trata de aprimorar a moral da comunidade, mas de obter a maior fatia possível de sua eventual renda disponível”.

Novas ‘Donas Santinhas’

Dificultam a legalização, mas esquecem que o jogo não-regulado já existe e está disseminado pelo país. Ao manter o jogo na ilegalidade, as novas ‘Donas Santinhas’ do Século XXI, mesmo que involuntariamente, beneficiam quem controla os jogos clandestinos.

A ‘indústria da proibição’ é uma atividade muito lucrativa e é preocupante que entidades, evangélicos, católicos e, até mesmo, uma frente parlamentar contrária a legalização dos jogos liderem o lobby para manter esta atividade na clandestinidade.

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