Sobre a operação Saigon: continuamos enxugando gelo

Blog do Editor I 14.08.18

Por: Magno José

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O Brasil assistiu nesta segunda-feira o espetáculo midiático da operação batizada de Saigon (inclusive com reportagem no Jornal Nacional), que reuniu 35 delegados e mais de 200 agentes da Polícia Civil em uma operação da Corregedoria Interna da Polícia Civil em conjunto com a Subsecretaria de Inteligência da SESEG (Secretaria de Estado de Segurança) e o MP-RJ (Ministério Público) para prender seguranças, subgerentes, gerentes e donos de ponto de apostas do jogo do bicho de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. Foram expedidos, no total, 23 mandados de prisão preventiva e 57 mandados de busca e apreensão. Ao todo, 53 pessoas foram denunciadas por organização criminosa para a prática dos crimes de corrupção ativa, passiva e peculato.

Não existe novidade para os assinantes do BNL a vinculação de agentes públicos com a operação dos jogos clandestinos no país. Mesmo com todo o trabalho das polícias estaduais e federal, Ministério Público e Justiça o jogo tolerado não será interrompido. Nem mesmo a prevalência do trinômio – criminalização, perseguição e penas indiscriminadas –, resolveu o problema do jogo não regulado.

No próximo dia 3 de outubro, serão 77 anos de proibição do jogo no Brasil e o problema do jogo não regulado não é a esperteza dos operadores, mas a incompetência e omissão do Estado, pois sempre haverá um empreendedor, para dar à sociedade o que a sociedade desejar…

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800 mil presos

O jornalista Lauro Jardim revela no O Globo que o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, relançado pelo Conselho Nacional de Justiça, aponta que o Brasil tem hoje 605.815 presos e 189.797 mandados de prisão em aberto.

Ou seja, se todos fossem encarcerados, o Brasil chegaria a quase 800 mil presos. Ou melhor: não chegaria, por falta de espaço.

Comento

Imagine se o jogo não regulado for criminalizado no Brasil como deseja representantes do Ministério Público. Somente o jogo do bicho tem mais de 350 mil empregados e, se somados a outras modalidades do mercado informal, este número poderia chegar a mais de 400 mil pessoas. Presídios não aceitam ‘puxadinhos’.

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