Valdemar Costa Neto foi pressionado pelo ex-presidente Bolsonaro a dizer que o PL é contra projeto dos jogos
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O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse à CNN nesta segunda-feira (1º) que o partido de Jair Bolsonaro é contra a aprovação do PL dos Jogos de Azar no Senado Federal. “Nós estamos contra a aprovação dos jogos”, disse o dirigente partidário, conforme o BNLData adiantou nesta terça-feira (2).
Na verdade, o BNLData apurou que o presidente do PL foi pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a se posicionar contrário a legalização dos jogos. Mesmo sendo favorável a legalização dos jogos e de gostar de apostar em jogos de cassino quando viaja ao exterior, Valdemar Costa Neto aceitou dar a declaração para agradar e atender ao pedido do Bolsonaro.
Parte dessa pressão junto a Bolsonaro vem do pastor Silas Malafaia, que tem atuado pessoalmente para que o PL 2234/22 seja rejeitado pelo Senado. Além disso, o pastor licenciado e deputado federal Sóstenes Cavalcante (P-RJ), que é ligado ao pastor-empresário Silas Malafaia e o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), ambos bolsonaristas, foram responsáveis pelo pedido para que o então presidente Jair Bolsonaro não regulamentasse o PL 13.756/18, que legalizou as apostas de quota fixa. Silas Malafaia, “conselheiro espiritual” e que venera mais a Jair Bolsonaro do que a Deus, também pediu ao ex-presidente para vetar a legalização dos jogos caso o Congresso Nacional aprovasse a proposta.
“O que eu já decidi aqui e a Câmara toda sabe e os presidentes da Câmara e do Senado também sabem: uma vez aprovado a gente vai exercer nosso direito de veto. Para derrubar o veto, o veto é nominal, na Câmara tem que ter 257 votando ‘não’, metade mais 1 de 513. Acho difícil derrubar o veto. Mas se a Câmara derrubar, vai para o Senado”, declarou.
Polêmica sobre legalização dos jogos de azar divide PL
Na tarde desta segunda-feira, o jornalista Pedro Venceslau revelou em reportagem na CNN que a ‘Polêmica sobre legalização dos jogos de azar divide PL’ que Valdemar Costa Neto teria afirmado que o partido seria contrário à aprovação do projeto no Senado devido as posições divergentes dentro da legenda. Segundo Venceslau, a manifestação de Costa Neto é uma tentativa de unir o PL, que está dividido sobre o tema.
“Mesmo entre os eleitores de direita, há uma divisão muito grande”, disse o analista, citando uma enquete feita pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) em seu canal do Telegram, na qual 51% dos participantes se posicionaram contra a legalização, enquanto 49% foram a favor.
Venceslau destacou que, enquanto Zambelli é pessoalmente contra a medida por ter um caso de vício em jogos de azar na família, outros integrantes do PL, como o deputado Ricardo Salles, são favoráveis à liberalização dos jogos.
“Então, até para botar um pouco a bola no chão, o Valdemar Costa Neto se manifestou em nome do partido, esperando que essa decisão partidária se reflita também na bancada da própria legenda”, explicou o analista.
Venceslau também ponderou que, devido ao calendário eleitoral, é improvável que o projeto seja votado antes do recesso parlamentar em julho. “O mais provável é que fique para depois das eleições municipais”, avaliou.
Victor Irajá: PL dos Jogos de Azar causará polêmica no Congresso
Já o analista de Política Victor Irajá comentou, durante o CNN Arena desta segunda-feira (1º), sobre a expectativa de votação do projeto de lei que trata da legalização dos jogos de azar no Brasil. Segundo ele, o texto deve causar polêmica no Congresso Nacional.
Irajá relembrou um episódio de 2020, quando uma reunião ministerial do governo Bolsonaro vazou e evidenciou a divisão sobre o tema, mesmo entre integrantes da ala ideológica à direita.
Divergências dentro do governo Bolsonaro
Na ocasião, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, defendia a regulamentação e legalização dos jogos de azar no país. Em contrapartida, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos à época, senadora Damares Alves, se posicionou contrariamente à proposta.
Guedes chegou a usar um palavrão, em tom de brincadeira, ao argumentar que cada um deveria se “virar” com suas responsabilidades individuais em relação ao tema.
Debate econômico x moral
O relator do projeto, deputado Irajá Abreu (PSD-TO), tem destacado os aspectos econômicos como justificativa para aprovar a proposta. No entanto, Victor Irajá avalia que a polêmica não se dará em uma divisão clara entre esquerda e direita, mas promoverá um embate envolvendo diferentes correntes ideológicas.
“Você pode ter certeza que vai causar muita polêmica ainda no Congresso Nacional”, afirmou o analista, prevendo um acalorado debate sobre o assunto nos próximos meses.
Damares Alves: “Eu só sei que o Brasil será direita”
Em entrevista ao Correio Braziliense e ao Estado de Minas, a expoente do conservadorismo na capital federal, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que a direita está num bom momento, tanto no DF quanto no Brasil. “A gente tem bons nomes aparecendo para o Senado, para o governo, para deputado federal e distrital. Acho que estamos no melhor momento aqui no DF, de forma mais organizada do que nunca, e isso também se reflete em nível nacional”, enfatizou.
A parlamentar contrária a legalização dos jogos, fez comentários equivocados e preconceituosos sobre a recente aprovação do PL 2234/22 na CCJ do Senado e sobre a regulamentação das apostas esportivas que foi aprovada pelo próprio Senado. Confira:
Como avalia a aprovação, em comissão do Senado, do projeto que libera os jogos de azar?
Foi uma decisão que agora contraria a sociedade também, sob a alegação de que vamos gerar emprego no Brasil, que vamos ter grandes cassinos no Brasil. Me poupem. Você acha que os grandes cassinos vão vir para o Brasil? Acha que o bilionário americano, europeu vai atravessar o continente para vir jogar num cassino no Brasil — se ele tem cassinos em grandes castelos na Europa — vai vir pegar malária no Brasil, dengue no Brasil? Isso vai facilitar os caça-níqueis nas esquinas, os bingos nas esquinas, o mais pobre ter acesso ao jogo de azar, agora legalizado e incentivado, e o que nós vamos ter? Caos. Estamos num momento de pautas de morte no Brasil. Drogas, jogos de azar. Estamos num momento de muita preocupação. E os jogos de azar vão fortalecer o crime. Você acha que os bicheiros que estão lá matando, os contraventores, os assassinos que estão lá, há anos, cometendo crimes, não serão os primeiros beneficiados com a legalização dos jogos no Brasil? E nós não temos órgãos de controle.
Como vê o fato de haver crianças e adolescentes apostando dinheiro?
Empresários estão nos procurando no Senado, fazendo fila em nossos gabinetes. O que tem de servidor endividado, empregado endividado, empregado gastando horas do trabalho em joguinhos eletrônicos e, todo mês, chega dia 10 — pagamento é dia 30 —, pedindo antecipação de salário. É uma história de “vale”, “vale’” Quando eles vão investigar, o que que acontece? Dívidas de jogos eletrônicos. Ludopatia existe, a dependência de jogos existe. Aí você fala assim: “Mas senadora, e a loteria?” Há uma diferença aí muito grande, a ciência explica. Quando você compra uma cartela para jogar na loteria, vai ter que esperar uma semana, então tudo no seu organismo está pronto para esperar uma semana. O jogo é instantâneo, a adrenalina, os neurônios, o prazer. Não se compara um jogo de loteria com um joguinho do tigrinho, com um joguinho eletrônico, com um bingo. É instantâneo. É mais uma situação de saúde mental no Brasil que vai ser colocada em xeque. Então, o que está acontecendo no Brasil? Parece que querem instaurar uma desordem social. A quem interessa um menino dopado e viciado em jogos? A quem interessa um menino erotizado e dopado? Deixa eu dizer uma coisa para você: maconha deixa o menino abestado. Isso eu posso falar porque tenho experiência, trabalho com dependência química há mais de 40 anos. A maconha recreativa, que alguém usa ali no final de semana, o jovem antenado que usa, não vai ser essa realidade. Vai ser maconha todo dia, toda hora, os meninos vão ficar abestados. A ciência já falou que vão ter problemas de neurônios.
A maioria dos senadores aceitou essa proposta, certo?
Porque levaram para eles o argumento do emprego, da geração de renda, mas eles não tiveram tempo. É porque o Senado mudou, um terço do Senado mudou agora.
Mas o Senado não é conservador, hoje, mais do que era antes?
Mas é, também, voltado ao setor produtivo. Tem interesses econômicos nisso. Então, entre o interesse econômico e a possibilidade de geração de renda — e eles tiveram um argumento forte que os convenceu também — “tem que regularizar porque tá solto, não tem mais como controlar”. E eu conheço senadores conservadores, que pensam como eu, que disseram a mesma coisa do cigarro eletrônico agora: “Temos que regulamentar porque não tem mais como segurar”. Esse foi o argumento que venceu, mas tem um outro aspecto que vocês talvez não estejam discutindo: a corrupção que vai acontecer. Vai ser lavagem de dinheiro. O Ministério Público se manifestou inúmeras vezes: não tem órgãos de controle para fiscalizar uma máquina lá num bingo, lá num cassino.