Itaú esclarece: brasileiros apostaram R$ 68 bilhões, mas receberam R$ 44 bi em prêmios nos últimos 12 meses
Devido aos equívocos na divulgação do ‘Apostas on-line: estimativas de tamanho e impacto no consumo’ por algumas matérias que circularam com informações erradas, o Banco Itaú divulgou nesta sexta-feira (16) um esclarecimento depois de uma avalanche de críticas na grande imprensa e nas mídias sociais as casas de apostas, jogos online e apostadores.
As reportagens equivocadas informavam que “dos R$ 24,1 bilhões apostados no período analisado [12 meses], apenas R$ 200 milhões (ou 0,83%) voltaram para os apostadores”. Com este argumento, os apostadores brasileiros foram chamados de otários nas mídias sociais. Segundo o Itaú, as informações não estão de acordo com os insumos do relatório do banco, o qual foi a fonte das matérias erradas. “Além disso, reforçamos que não houve correção no material, e sim, matérias erradas que circularam via imprensa foram corrigidas pelos próprios jornalistas”, registra
Na verdade, os brasileiros tiveram gastos totais de R$ 68,2 bilhões no acumulado em 12 meses até junho de 2024 e resgataram R$ 44,3 bilhões em prêmios pagos pelas bets – ou seja, 35% a menos do que gastaram.
“A conta que publicamos, porém, é que ele gasta 24,1 bilhões com taxa de serviços, mais 44,1 bilhões para compor o pote de prêmio distribuído aos vencedores, totalizando 68,2 bilhões nos doze meses até junho (linha k da tabela). E ele recebe de prêmio 44,3 bilhões. O gasto líquido, portanto, é 68,2 – 44,3 = 23,9. Assim, não é possível afirmar que os brasileiros perdem 99% do valor apostado. Os 24,1 bilhões (parte do gasto total) foram destinados às casas de aposta como pagamento de taxas de serviços (não entram no pote para pagamento de prêmios), enquanto 200 milhões foram o saldo líquido dos ganhos com apostas (considerando o pote de prêmio a ser distribuído). Assim, os ganhos totais com aposta foram de 44,3 bilhões e o gasto total 68,2, dos quais 24,1 são para taxa de serviço.”, registra o esclarecimento.
No levantamento conduzido pelos economistas Luiz Cherman e Pedro Duarte, o relatório considerou tudo que o Banco Central entende por jogos e apostas – como as “bets”, cassinos online como o “jogo do tigrinho” e outros jogos por aplicativos – que envolvem dinheiro.
Embora os especialistas projetem que o valor gasto pelos brasileiros com apostas representem 0,2% do PIB, isso não afeta as projeções que o banco tem feito sobre a economia brasileira, não representando nenhuma necessidade de adaptação dos modelos usados neste momento.
Em termos práticos, os números sugerem que os brasileiros colocaram R$ 68,2 bilhões nessas plataformas e conseguiram sacar R$ 44,3 bilhões, com uma perda de R$ 23,9 bilhões. A grosso modo, isso significa que a cada R$ 3 aplicados nas casas de apostas, o brasileiro perde R$ 1.
Em 2023 foram enviados R$ 54 bilhões e voltaram R$ 34,5 bilhões
Apesar do dano causado para a imagem do setor de jogos e apostas com a interpretação equivocada de parte da mídia sobre o relatório, os jornalistas poderiam ter pesquisado na internet os dados oficiais do Banco Central sobre remessa e retorno dos recursos enviados para o exterior, antes de provocar esse verdadeiro tsunami de críticas e pautas negativas.
Segundo o Banco Central, os gastos de brasileiros com jogos e apostas online atingiram cerca de US$ 11,1 bilhões entre janeiro e novembro do ano passado, o equivalente a R$ 54 bilhões. O valor aproximado corresponde a remessas feitas para empresas do setor que atuam no exterior. A estimativa foi feita em reportagem da Folha de S.Paulo e repercutida pelo BNLData com base nas estatísticas mais recentes divulgadas pelo Banco Central.
Do total gasto por brasileiros com sites de apostas no exterior, cerca de US$ 8,9 bilhões (R$ 43,3 bilhões) correspondem a recursos transferidos para formar o montante a ser rateado entre os vencedores – o valor apostado pelos jogadores. Outros US$ 2,2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) se referem à taxa de serviço retida pelos sites que operam as apostas.
Os dados mais recentes do Banco Central também mostram que US$ 7,1 bilhões voltaram ao Brasil entre janeiro e novembro do ano passado. O valor, equivalente a cerca de R$ 34,5 bilhões, refere-se a prêmios recebidos pelos apostadores que residem em território nacional. Ou seja, em 2023 os brasileiros perderam 36,2% dos recursos apostados.
O Banco Central fez uma alteração nas estatísticas do setor externo – que são divulgadas periodicamente – a partir de 2023, quando passou a vigorar a nova lei cambial. Com a mudança, os dados passaram a dar uma ideia aproximada dos valores que transitam em apostas em sites internacionais.
Vamos desenhar para facilitar: (janeiro a novembro de 2023)
– US$ 11,1 bilhões foram enviados para o exterior na rubrica jogos e apostas
– US$ 8,9 bilhões montante rateado entre os apostadores
– US$ 2,2 bilhões taxa de serviço das milhares de plataformas de apostas
– US$ 7,1 bilhões voltaram ao Brasil referente a prêmios recebidos pelos apostadores que residem em território nacional.
Apostador não é otário
Um negócio em que você gasta R$ 24,1 bilhões e recebe R$ 200 milhões em prêmios está fadado ao fracasso e todos nós sabíamos que não é isso.
As Loterias Caixa, com mais de 50 anos de tradição, arrecadaram cerca de R$ 23 bilhões em 2023 distribuindo em prêmios cerca de R$ 10 bilhões brutos e R$ 7,9 bilhões depois de descontado o Imposto de Renda.
“Em poucos anos as apostas online se tornaram febre e o consumidor pode ser tudo, menos burro”, comentou um CEO de plataforma de loterias e apostas com o BNLData.
Se o volume apostado já ultrapassa quatro vezes o das loterias da União operadas pela Caixa Loterias, significa que ele tem algo de mais atrativo, no caso a taxa de premiação é muito maior.
Itaú divulga análise ‘Apostas on-line: estimativas de tamanho e impacto no consumo’
