Mercado de apostas on-line do Brasil atrai interesse de gigantes globais

Apostas, Destaque I 04.04.24

Por: Magno José

Compartilhe:
Mercado de apostas on-line do Brasil atrai interesse de gigantes globais, como DraftKings, MGM e Hard Rock
Febre das ‘bets’: gigantes globais do setor de apostas esportivas cogitam entrar no mercado brasileiro. Empresas internacionais entregaram manifestação de interesse ao governo. País é o 10º maior mercado para o setor no mundo (Foto: Editoria de Arte do O Globo)

Reportagem da Bloomberg repercutida pelo O Globo e Folha de S.Paulo revela que os gigantes globais do setor de apostas esportivas, como a DraftKings e a MGM Resorts International, dona de hotéis e cassinos, avaliam entrar no mercado brasileiro, depois que o país aprovou recentemente uma nova legislação para o setor.

O Brasil vive um boom de apostas esportivas e já é um dos dez maiores mercados para este negócio no planeta, com receitas no setor equivalentes à de países com tradição em jogos, como Espanha e Holanda.

No ano passado, o governo aprovou um novo marco regulatório para o setor, que cria taxas de licenciamento e regulamenta a cobrança de impostos.

A americanas DraftKings, pioneira em jogos de fantasia online, está entre as mais de 130 empresas que manifestaram interesse prévio em uma licença brasileira, de acordo com o Ministério da Fazenda.

A lista também inclui a MGM e a Hard Rock International.

“Estamos empolgados em ver o Brasil aprovar legislação de jogos on-line, e como uma das mais de 100 empresas que apresentaram manifestações de interesse, continuamos a explorar o potencial de expansão para o Brasil no futuro”, disse Griffin Finan, vice-presidente sênior e advogado-geral adjunto da DraftKings, em comunicado por e-mail.

A Hard Rock não respondeu a um pedido de comentário. A MGM confirmou seu interesse no Brasil em fevereiro, quando o CEO Bill Hornbuckle disse durante uma teleconferência de resultados que a operadora de cassinos sediada em Las Vegas planejava examinar uma parceria em empreendimento conjunto no país.

“O Brasil vai colocar entrar no jogo tanto para cassinos quanto para empresas de apostas, e planejamos estar lá quando isso acontecer”, disse Hornbuckle na ocasião.

Mas, enquanto algumas das maiores marcas da indústria miram o Brasil, empresas menores estão se preparando para a aguda consolidação de um setor que, segundo a consultoria Datahub, atualmente inclui mais de mil operadores de jogos diferentes.

Taxa para obter licença

A nova lei exige que as empresas paguem até R$ 30 milhões por uma licença que pode precisar ser renovada a cada cinco anos, dependendo das análises do Ministério da Fazenda. A lei prevê ainda um imposto de 12% sobre as receitas brutas de jogos.

“Tem muita gente séria que não conseguirá pagar por essa licença”, disse Darwin Henrique, CEO da Esportes da Sorte, uma empresa de jogos on-line que atualmente opera no Brasil.

Famoso no exterior por sua paixão pelo futebol, o Brasil emergiu como um mercado cada vez mais atraente para ligas esportivas estrangeiras em busca de crescimento global.

O número de brasileiros que seguem a National Football League (NFL, de futebol americano) quadruplicou para quase 40 milhões na última década, mostram dados da empresa de pesquisa de marketing esportivo IBOPE Repucom. A liga escolheu São Paulo para sediar sua primeira partida na América do Sul ainda este ano.

As apostas têm experimentado um crescimento igualmente rápido: em 2022, o Brasil ficou em 10º lugar globalmente com US$ 1,5 bilhão em receitas brutas de jogos, segundo dados da Entain, uma das maiores empresas de apostas esportivas on-line do Reino Unido. Em 2021, o Brasil não aparecia nem entre os 15 primeiros mercados globais.

As receitas brutas totais dos jogos de azar do mercado on-line regulamentado devem crescer para quase US$ 5 bilhões nos próximos cinco anos, projeta a empresa de pesquisa de mercado Vixio GamblingCompliance.

Popularidade atrai multinacionais

A popularidade das apostas on-line já atraiu empresas multinacionais como Bet365, a SportingBet LTD da Entain e a Betfair, que está entre as marcas pertencentes à empresa irlandesa de apostas Flutter Entertainment Plc. Mas até recentemente, a falta de regulamentação impedia muitas empresas estrangeiras de entrar formalmente no mercado.

A nova lei exige que as empresas estabeleçam e mantenham uma presença física no Brasil, e ainda não está claro quais operadores decidirão abrir operações no país. Mas líderes do setor afirmam que a possível chegada de gigantes globais — e qualquer consolidação que possa ocorrer — é resultado da formalização do setor, e não de uma tentativa deliberada de expulsar os rivais menores.

“É um dos maiores mercados do mundo, e à medida que é regulamentado e se torna um mercado formal, permite que as empresas entrem e explorem melhor o sistema”, disse Wesley Cardia, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias do Brasil.”E quando você tira do mercado esses sites pequenos e pouco respeitados, você agrega consumidores aos grandes”.

Mesmo temendo que alguns fiquem de fora da corrida, os operadores que ajudaram a lançar o boom dos jogos de azar on-line no Brasil afirmam que não vão desistir facilmente, argumentando que seu conhecimento do mercado local os ajudará a sobreviver à chegada de concorrentes multinacionais mais ricos.

“Não temos medo da concorrência, porque conhecemos o trabalho que fazemos”, disse Henrique. “O Brasil tem muitas particularidades, e os apostadores brasileiros são diferentes dos estrangeiros”.

 

Comentar com o Facebook