Megabingo Imperador é inaugurado em meio a impasse legal

Bingo I 29.11.02

Por: sync

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Com 4,2 mil m2 e capacidade para atender até mil jogadores simultaneamente, o Bingo Imperador começou a funcionar na Av. Sumaré, mesmo sem uma definição das leis que regulam essa atividade.
Enquanto a Justiça, o Governo e o Congresso não chegam a uma conclusão sobre a legalidade dos bingos, São Paulo ganhou ontem o maior já inaugurado no País. Não existe hoje regulamentação para seu o funcionamento. Mas, segundo a Associação Brasileira de Bingos (Abrabin), também não existe lei que proíba sua criação nem que o coloque como contravenção. Já existem 480 no Estado, sendo que 250 na Grande São Paulo.
Enquanto o Ministério Público Federal considera a atividade ilegal, a Prefeitura cede alvarás para que novas casas. É o caso do Bingo Imperador, na Avenida Sumaré, zona oeste. O gerente Vicente Tavares afirma que está com todas as licenças em dia. O bingo é considerado o maior do País. Tem 4,2 mil metros quadrados, com uma fachada de 150 metros. Sua capacidade é para atender até mil jogadores simultaneamente. Possui 280 funcionários e está ligado à Federação de Tae kwon Do. A estimativa de faturamento diário o gerente prefere não revelar.
Além do salão de bingo (que conta com sete telões para que os jogadores acompanhem a chamada dos números), possui dois salões onde estão quase 200 máquinas de videobingo, que o gerente garante não serem máquinas caça-níqueis. “Temos um laudo da USP para provar isso”, afirma Tavares.
Segundo o promotor Gabriel Inelas, do Serviço Auxiliar e Informação da Procuradoria-Geral do Estado, a atividade de bingo não é ilegal. “O que é ilegal é a utilização das máquinas caça-níqueis”, adverte o promotor. Para o presidente da Abrabin, Olavo Sales da Silveira, o bingo é “uma atividade lícita, porém desregulamentada”.
“Os bingos passaram a existir com a chamada Lei Pelé. Os bingos destinariam parte de suas receitas para uma federação esportiva. Isso mudou com a Lei Maguito, que mandou cancelar os artigos da Lei Pelé que regulamentavam os bingos”, explica Silveira. Segundo o presidente da Abrabin, o governo federal não tem interesse em discutir a regulamentação de uma nova lei, o que está criando esse impasse. Com isso, a associação e os bingos não associados recorreram à Justiça. “Existem centenas de ações esperando julgamento, para definir o problema. Queremos uma solução, mas enquanto ela não vem preferimos continuar trabalhando”, afirma.
Por causa da mudança na Lei Pelé, a Caixa Econômica Federal deixou de expedir autorizações para a criação de novos bingos. Com isso o Ministério Público Federal considerou a atividade ilegal e pediu que as promotorias públicas dos Estados acompanhassem o caso. Segundo o MPF, os bingos têm de deixar de existir no último dia deste ano. É que a CEF, além de não dar autorizações para os bingos, também não renovará as já existentes, que vencem no final do ano. Por isso, vários bingos foram fechados nos últimos meses em ações de promotores e da polícia.
Graças a liminares judiciais, os proprietários de bingos continuam com seus negócios e abrindo outros. Segundo estimativa de Silveira, existem hoje no País cerca de 1,2 mil bingos. “Geramos mais de 100 mil empregos em todo o País”, garante Silveira.

Dono garante que não tem máquinas caça-níqueis
O gerente do bingo Imperador, que foi inaugurado ontem na Avenida Sumaré, Vicente Tavares, espera reabrir hoje o estabelecimento às 11h “e nunca mais fechar”. Os proprietários do bingo querem que ele funcione sem interrupção.
Mas esses planos podem ir por água abaixo. Equipes de fiscalização da Subprefeitura da Lapa vão verificar hoje se o estabelecimento possui todos os alvarás necessários. Na próxima semana, policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) pretendem fechar o bingo por causa das máquinas caça-níqueis que funcionam ali.
“Estamos com todos os nossos alvarás em dia e em ordem. As máquinas que temos são videobingos e não caça-níqueis, como comprovam laudos técnicos”, diz Tavares.
Quem deu o alvará de funcionamento para o bingo foi o Departamento de Controle de Uso de Imóveis (Contru). Segundo a legislação, locais de reunião de mais de 100 pessoas tem de ter alvará do Contru e não da Subprefeitura.
Mas a Subprefeitura da Lapa pode pedir o fechamento do local se verificar que os alvarás não estão em ordem.
“Ganhamos elogios do pessoal dos Bombeiros. Estamos tranqüilos com relação à nossa documentação”, afirma Tavares.
Além dos 280 funcionários, o bingo Imperador vai contratar cerca de 600 pessoas de empresas terceirizadas. O estacionamento, por exemplo, que terá capacidade para 200 carros, vai ser gerenciado por uma empresa que pretende ter 28 manobristas.
Foi contratada também uma equipe de aquaristas, para cuidar de um espelho de água de mais de 100 metros quadrados, que vai abrigar até 200 carpas.
Um pintor italiano foi contratado para fazer dois painéis com paisagens nas paredes do bingo. Cada painel tem mais de 12 metros de altura.
“Pensamos em fazer não só um local de entretenimento, mas um lugar onde as pessoas possam vir relaxar a deixar as preocupações do lado de fora do bingo”, conta Tavares. Os freqüentadores do bingo, além dos prêmios nas cartelas, vão poder tentar a sorte nos videobingos. Além dos prêmios em dinheiro, o bingo promete sortear um automóvel Mercedes Bens, modelo Classe A.
O bingo pertence ao empresário Jair da Ressurreição, que possui uma rede de bingos na cidade (Angélica, Villa Coutry e Francisco Matarazzo), além de ser sócio da rede de restaurantes Graal.
Avesso a entrevistas, ele prefere não revelar quanto gastou para construir o bingo, que teve projeto assinado por Evandro Andreoni. Enquanto o bingo não recebia os alvarás, Jair contou com o apoio de um amigo especial, o deputado estadual Henrique Pacheco (PT).

Jornal da Tarde (SP) – Fernado Lancha

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