Um desafio comum a investidores e especuladores

Especial I 11.07.23

Por: Magno José

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O investidor busca construir patrimônio no longo prazo pondo dinheiro em empresas que tenham valor e o especulador (também conhecido como trader) foca exclusivamente nas variações de preços a fim de obter lucros no curto prazo (Foto: Pexels)

Uma análise da taxa Selic nas últimas duas décadas revela nítida tendência de queda no longo prazo. Por isso, mesmo em tempos como os atuais, em que os juros estão em mais de 13% ao ano, muitos brasileiros já estão convencidos da impossibilidade de obter grandes retornos por anos e anos no mercado financeiro com uma carteira composta exclusivamente por produtos de renda fixa (como títulos públicos e CDBs).

Embora a procura por ativos na renda variável tenha como opção mais popular por aqui os fundos de investimento, é provável que vejamos (se é que já não estamos vendo) um aumento na proporção de pessoas interessadas em ações livres. Isso ocorre porque atualmente comprar ações é mais fácil do que nunca, já que há diversas corretoras online nas quais é possível negociar esses ativos nas principais bolsas de valores do mundo.

Entretanto, a discussão sobre quais ativos comprar ou não comprar só faz sentido depois que se decide qual tipo de caminho percorrer. Um é o do investidor, que busca construir patrimônio no longo prazo pondo dinheiro em empresas que tenham valor; outro é o do especulador (também conhecido como trader), que foca exclusivamente nas variações de preços a fim de obter lucros no curto prazo.

O desafio supremo

Existem desafios de ordem psicológica comuns a ambos os perfis de operadores. Aqui iremos destacar um padrão identificado pelos pesquisadores Amos Tversky e Daniel Kahneman: o da aversão a perdas. De acordo com a teoria desses dois psicólogos, para a maioria das pessoas é mais forte a dor de uma possível perda do que o prazer de um possível ganho de mesma magnitude.

Isso pode se manifestar de diferentes maneiras no mercado financeiro. Comecemos com o caso de um investidor que vê os preços de ações que acabou de comprar subirem muito além do esperado. É bem possível que ele se veja tentado a vendê-las imediatamente por receio de que os preços caiam. Mas se assim fizer ele estará contradizendo a si mesmo, pois se comprou aqueles ativos foi justamente porque viu na empresa fundamentos sólidos.

No caso de um especulador, o risco maior se dá quando ocorre justamente o contrário. Suponhamos que tal indivíduo veja determinadas ações que comprou caírem a níveis muito mais baixos do que o esperado. Esse especulador provavelmente se verá tentado a mantê-las por mais tempo do que o habitual, na esperança de que elas subam e, então, ele possa recuperar pelo menos parte do prejuízo.

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Foto: Pexels.

O que fazer

As duas situações que descrevemos são muito mais comuns do que se imagina. O que fazer, então, para minimizar os possíveis danos advindos da aversão a perdas? No caso do investidor, ajuda muito evitar olhar os preços das ações a todo instante (afinal, o curto prazo nem sempre reflete o valor de uma empresa); no caso do especulador, é particularmente útil definir um “stop loss” — isto é, um limite para perda.

Para uns e outros podemos dar a recomendação que todo bom educador financeiro dá: manter-se fiel à filosofia escolhida. Embora algumas pessoas tendam a personalizar o mercado e vê-lo como um agente a serviço da volatilidade, a tendência é que os que chegam até ele tendo feito o “dever de casa” sejam recompensados. Contudo, isso demanda disciplina e autoconhecimento.

 

 

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