Mesmo com a ‘CPI do Cachoeira’, aumenta o apoio a legalização dos jogos

BNL I 03.05.12

Por: sync

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A semana foi marcada pelo início dos trabalhos da ‘CPI do Cachoeira’, mas também observamos que nos últimos dias vários parlamentares, atores sociais e jornalistas manifestaram-se sobre a necessidade de legalizar os jogos de azar  para acabar com o cenário de ilegalidade que proporciona relações ‘nada republicanas’ entre os operadores do jogo clandestinos com o poder público.

Manifestaram pela legalização deste setor o antropólogo e articulista do O Globo e da revista Época, Roberto DaMatta;  o jornalista e articulista do Jornal do Brasil, Mauro Santayana; os deputados federais Jovair Arantes (PTB-GO),  Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandro Mabel (PMDB-GO) e o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Além disso, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) e o diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Jorge Luiz Xavier, manifestaram publicamente sobre as dificuldades em reprimir o jogo ilegal. Já o deputado e presidente nacional do PPS, Roberto Freire, foi visto num cassino em Punta del Leste, testando a sorte numa máquina caça-níquel com direito a cartão de fidelidade, conforme informou site político Poder Online do portal iG.

Antropólogo Roberto DaMatta 
“Não seria melhor tornar legal o inevitável, controlando com rigor seus excessos, em vez de continuar nessa nossa modernidade por decretos que não operam na prática? O que seria dos ingleses se eles proibissem as apostas nos cavalos, que, por sinal, são um jogo permitido no Brasil? O que ocorreu com os americanos na Lei Seca? O que aconteceria se os concursos de beleza fossem proibidos como ocorreu no governo de Jânio Quadros? Com a palavra, você, caro leitor”, em artigo veiculado na revista Época.

Deputado federal Jovair Arantes
“Eu gosto de bebida, de futebol, de balada, de festa, de jogo. Adoro jogar canastra, truco. O jogo no Brasil tem que ser liberado, é o único país da América do Sul em que é proibido. Por que o Brasil é diferente?”, em entrevista ao Portal R7.

Jornalista Mauro Santayana
“Ora, se o jogo, nas mãos do Estado, vai tão bem – ninguém discute o resultado da Loteria Federal, da Quina ou da Mega-Sena, ou suspeita de desvio do dinheiro arrecadado – por que privatizar a atividade? Em todos os lugares do mundo, sabe-se, sobejamente, que o jogo, quando entregue à iniciativa privada, não se resume a tomar dinheiro, principalmente de velhinhas e aposentados. Os cassinos e os bingos, assim como as máquinas de pescar moedas, quando não estão sob o controle do Estado, sempre acabam sob o controle de grupos mafiosos. O jogo em mãos mafiosas favorece outras atividades criminosas, como a lavagem de dinheiro, a corrupção da polícia, a prostituição e o tráfico de drogas”, em artigo veiculado no site Vermelho do PCdoB.

Deputado federal Arnaldo Faria de Sá
“Hipocrisia sobre jogo tem de acabar. Vai ficar claro [durante a CPI] que todo o combustível que move a máquina da clandestinidade e da contravenção vem da manutenção do jogo na ilegalidade, quando o melhor é que ele se torne uma atividade legal, fiscalizada e com parte de sua renda destinada a uma área sempre carente do País, que é a Saúde”, afirmou o parlamentar ao site Brasil 247.

Deputado federal Carlos Alberto Leréia 
“Vivemos uma hipocrisia em relação a jogo no Brasil. O dia que legalizar o jogo, não com proliferação, organizadamente, muitas dos que estão no jogo deixarão o mercado. Porque daí eles vão ter de pagar imposto. O jogo dá mais lucro no Brasil que na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. Lá paga imposto aqui não paga”, em entrevista ao site iG Brasília.

Senador Álvaro Dias 
“Combate ao jogo do bicho é hipocrisia. Na realidade isto não existe. O que há é uma complacência do governo Dilma Rousseff em relação ao jogo do bicho, que corre solto na Esplanada”, afirmou o tucano ao site iG.

Deputado federal Chico Alencar

“O bicho está enraizado na cultura brasileira. Existe em frente ao Planalto e nos fundos da igrejinha de Vila Risonha de Santo Antônio da Manga de São Romão”, em entrevista ao site iG.

Diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Jorge Luiz Xavier
“Prender apontador do bicho é enxugar gelo. Está errado? Está. A polícia deveria reprimir toda a conduta ilegal que tem na cidade? Deveria. Mas isso é impossível”, afirmou o diretor, em entrevista exclusiva ao site iG.

Deputado federal Sandro Mabel 
“Eu acho que é um caso que, se estivesse legalizado [o jogo], não aconteceria e estaríamos arrecadando imposto. Sou contra o jogo. Agora, sou uma pessoa pragmática – se você tem uma fonte que só serve para confusão, por que não recolher [o imposto]? Eu nunca entrei em um bingo, mas ele tem potencial de R$ 10 bilhões por ano, é exatamente o que se precisa para a saúde”, em entrevista ao site Cláudio Humberto.

Senador Mozarildo Cavalcanti
“Se há proibição, não há regulamentação, não há legalização, o que acontece? Há um incentivo à clandestinidade. Isso ficou provado, mais do que provado, desde a CPI dos Bingos até agora. É bom dizer que, nas Américas (América do Norte, Central e do Sul), somente Cuba e Brasil não têm o jogo regulamentado”, em pronunciamento da tribuna do Senado Federal.

Antropólogo Roberto DaMatta
“O jogo do bicho é uma invenção brasileira e o poder de Cachoeira existe exatamente porque ele tem dinheiro vivo. Se você legalizasse o jogo ou a prostituição ou algumas drogas, como o álcool e a maconha, se quebrariam mistério e o tabu que envolvem a polêmica.  É curioso que o método brasileiro de enfrentar dificuldades sempre foi proibir, e, na realidade, existe outra forma de lidar com esses paradoxos, que é entendê-los e desmontá-los, enfrentando as causas e não as consequências. Li um artigo em que um político dizia que o poder de Cachoeira mostra que o jogo não pode existir. Ao contrário, se o jogo fosse legal e fiscalizado, ele não teria esse poder todo”, comentou DaMatta em entrevista ao Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS).

Comento

Só existe uma solução para o problema: a legalização do jogo.

‘Alea jacta est’ ou "A sorte está lançada"!!!

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