CEO de empresa que analisará arbitragem do Carioca diz que existe manipulação no Brasileirão: “99% convencidos”
A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) contratou a empresa francesa Good Game! para analisar a arbitragem do Campeonato Carioca, principalmente nos clássicos, semifinais e final. A medida visa minimizar as discussões que envolvem lances polêmicos nas partidas. O CEO do grupo, Thierry Hassanaly, falou do trabalho que será desenvolvido que também busca identificar os jogos que são manipulados.
“Temos muitos clientes, federações, clubes, serviços de investigação policial e de justiça e também casas de apostas. Para casas de apostas, monitoramos partidas de competições de vários lugares, do Brasil, África, Meio Oeste, América do Sul. Sobre algumas partidas do Brasileirão, baseado em nossas ferramentas, tecnologia e soluções, estamos 99% convencidos de que alguns jogos foram manipulados”, afirmou em entrevista ao site ge.globo. “É muito difícil que a manipulação envolva todo o time, todos os jogadores. Normalmente, um, dois ou três jogadores”, completou.
No ano passado, o Ministério Público e a Polícia Federal descobriram esquemas de manipulação de jogos para fraudar apostas esportivas em sites. Jogadores foram punidos e suspensos, enquanto várias pessoas envolvidas no esquema foram identificadas. Também em 2023, decepcionado com a perda do título brasileiro, o dono da SAF do Botafogo, John Textor, contratou a Good Game! para fazer relatórios sobre a competição. Com base nos dados de alguns duelos, ele declarou que a disputa nacional sofreu interferências.
“Tudo que produzimos pode ir para o tribunal. Tudo que dizemos tem que ser 99% correto. Por isso, quando dizemos que uma partida é manipulada, temos 99% de certeza, porque podemos ir para o tribunal, costumamos ir ao tribunal, civil e esportivo. Não significa que você possa ir ao tribunal e ser condenado apenas baseado em um relatório da Good Game!. Tem que haver outras provas”, disse.
O CEO explicou que o método de trabalho da empresa foi desenvolvido pelo seu fundador Pierre Sallet em 2012, durante uma investigação de manipulação de resultados no handebol para favorecer apostas. Ele colaborou com a Justiça no julgamento que condenou o sérvio naturalizado francês Nikola Karabatic, que na época jogava pelo Montepellier, e outras 15 pessoas.
“Nosso método é simples de entender. Temos duas etapas no processo. A primeira é humana, com operadores, como um videogame. Depois, coloca os dados no sistema de algoritmo, e ele diz se a partida é manipulada ou não. Em um jogo, temos dois operadores. E temos um supervisor, que trabalha em outros jogos ao mesmo tempo”, falou. “Nossa bíblia é a regra. Não é como você pensa que é, mas como é. Não acho necessário, porque temos visões diferentes. Arbitragem é arbitragem ao vivo no campo. Nosso trabalho é analisar o que acontece no vídeo. Nós não queremos estar no campo e agir como árbitro, não é o que queremos nem temos condições disso. Não é o nosso trabalho”, continuou.
Thierry Hassanaly também falou da parceria com a Ferj. Segundo ele, a ideia da empresa é ajudar o futebol brasileiro.
“A Ferj quer um futebol melhor, mais justo, com arbitragem melhor. Eles querem que o árbitro faça um trabalho melhor. Nem tudo é manipulado. Há erros que podemos evitar se aprendermos, praticarmos. Espero que tenhamos boas relações com clubes brasileiros, a CBF em algum momento. Quando se fala de futebol, se fala de Brasil. É o melhor lugar para estar envolvido. Se tivermos chance de visitar esse grande país faremos novamente. Queremos que o público saiba que nós fazemos as coisas por um futebol melhor”, comentou.
O Campeonato Carioca começou no dia 17 deste mês. A terceira rodada do estadual acontece a partir desta quarta (24) com três jogos, Bangu x Nova Iguaçu, Portuguesa-RJ x Sampaio Corrêa-RJ e Boavista x Botafogo. Na quinta (25) jogam Vasco x Madureira e Audax-RJ x Fluminense. Já Flamengo x Volta Redonda ficou programado para ser realizado apenas no dia 10 de fevereiro. (Bahia Notícias)