Cerimônia de posse da nova presidente da Caixa será concorrida

Daniella Marques assume logo mais, às 16h, a presidência da Caixa tendo como um dos focos o combate ao assédio e à violência contra a mulher — uma pauta que nunca poderia ser a do seu antecessor.
Os aliados de Jair Bolsonaro vão lotar nesta terça a posse da nova presidente da Caixa, Daniella Marques. Além de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, Bolsonaro convidou um rosário de autoridades para mostrar que o governo está ao lado da mulher que assumirá o banco para apurar as denúncias de assédio sexual e moral contra o antecessor Pedro Guimarães.
A mestre de cerimônias do evento será a apresentadora Ana Hickman, que, seis anos atrás, foi vítima de um atentado de um fã que invadiu o quarto do hotel em que estava hospedada com intenção de matá-la. Diante de Jair Bolsonaro, que estará presente à cerimônia, Daniella vai dizer que quer aproveitar a crise para tornar a Caixa uma espécie de mãe dessa causa no Brasil.
Desde que foi anunciada, Daniella tem dito que irá reformular a cultura da Caixa para evitar que novos casos de assédio sejam registrados na instituição. A presidente do banco, quadro de confiança de Paulo Guedes, recebeu aval do governo para levar adiante todas as investigações de assédio contra a antiga gestão.
O discurso é irretocável. O que não se sabe é que reação Bolsonaro terá. Essa é uma pauta em que o presidente costuma fraquejar, para usar um verbo já usado por ele.
Nova presidente da Caixa anuncia três novos diretores
A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, anunciou nesta segunda-feira (4) três novos nomes para as diretorias da Caixa: Danielle Calazans, que era Secretária de Gestão Corporativa do Ministério da Economia; Alexandre Mota, e Caroline Busatto – que foi Subsecretária de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Artesanato da pasta.
Em entrevista à GloboNews, Daniella – que toma posse amanhã, sucedendo a Pedro Guimarães – disse que se envolverá pessoalmente nas denúncias e abrirá canal de contato direto com as mulheres da instituição – e que espera ajuda de todos os funcionários para construir uma nova cultura dentro da empresa, abalada com a exposição de uma série de abusos e assédios morais e sexuais revelados na semana passada e que serão investigados pelo TCU.
“Eu estou plantando uma semente”, ela disse à GloboNews. “Não vou contar só com as 35 mil mulheres da Caixa, mas também com todos os funcionários da Caixa, pois eles têm mãe, têm filhas, mulheres.”
Daniella disse que Celso Leonardo Barbosa, vice-presidente da área de Negócios no Atacado do banco, já renunciou. Além dele, a chefe de gabinete da presidência, assim como outros cinco dos vinte assessores estratégicos da presidência já foram afastados por sua decisão. Seu plano, afirmou, é de trocar todos os 20 assessores e promover estudos temáticos.
“Eu tenho que virar a página, e tenho que focar nos cidadãos atendidos pela caixa e pelos funcionários que se orgulham em trabalhar na Caixa”, disse.
MP pede investigação para apurar acúmulo de cargos de Pedro Guimarães na Caixa
O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União investigação sobre o acúmulo de cargos de Pedro Guimarães quando ele estava à frente da Caixa. Segundo informações que chegaram ao MP junto ao TCU, Guimarães fazia parte de 21 conselhos deliberativos do banco público e recebia, mensalmente, R$ 230 mil por essas funções.
Mais cedo, como registramos, a Corte de Contas também instaurou procedimento para apurar as denúncias de assédio sexual envolvendo Guimarães.
Segundo a denúncia do MP junto ao TCU, a Constituição Federal veda “as acumulações remuneradas de cargos, empregos e funções na administração direta”.
“A regra, portanto, é a inacumulabilidade, a qual intenta impedir que um mesmo indivíduo ocupe vários cargos ou exerça várias funções, sendo remunerado por cada um deles, sem que desempenhe, de forma eficiente, as atividades que lhes são pertinentes”, registra a representação do MP. (O Antagonista)