Com Taylor Swift na final do Super Bowl, apostas on-line devem bater recorde: US$ 1,3 bilhão

Apostas I 11.02.24

Por: Magno José

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NFL diz que os espectadores do Super Bowl verão apenas três anúncios de apostas esportivas durante a transmissão
Frenesi com o evento de domingo da NFL é só a ponta do iceberg de um mercado global em franca expansão

Neste domingo, acontece o maior de todos os eventos para os esportes americanos, para o mercado publicitário dos EUA e, também, para o setor de apostas on-line: o Super Bowl.

A final da NFL, a liga de futebol americano, ápice do calendário esportivo dos EUA, deve movimentar um total de US$ 1,3 bilhão em apostas esportivas, um recorde. E a presença de Taylor Swift só vai aumentar o frenesi, registra reportagem do O Globo.

Namorada de Travis Kelce, o atacante (tight end, último homem na linha ofensiva) do Kansas City Chiefs, Taylor Swift deve acompanhar a partida – fãs dão como certa a sua presença. E, se Taylor Swift foi capaz de mudar a indústria da música e turbinar os lucros de hotéis e arenas de shows do mundo inteiro, ela certamente vai inflar as apostas on-line.

E já há sites aceitando apostas do tipo: “Taylor Swift vai chorar na partida?”

Mas os bilhões em apostas que a noite de domingo promete são só a ponta de um iceberg. Desde que a Suprema Corte americana liberou esse negócio em 2018, determinando que sua regulamentação fosse por legislações estaduais, pelo menos 35 dos 50 estados americanos já permitiram as apostas esportivas on-line.

Ou seja, quase metade da população americana pode apostar livremente.

Governos em busca de arrecadação

As apostas esportivas cresceram muito desde que a Suprema Corte desregulamentou as apostas esportivas nos Estados Unidos, em 2018. A partida de domingo pode trazer um recorde de movimentação total de US$ 1,3 bilhão, com quase metade da população dos EUA podendo agora acessar apostas on-line legais no estado.

Bem-vindo à nova era dos jogos de azar de alcance global. Governos com restrições fiscais de diferentes lugares acham bem difícil resistir às “tentações” de um mercado cada vez mais gamificado e tecnológico e fonte de uma preciosa receita tributária – só o estado de Nova York obteve arrecadação de US$ 1,6 bilhão em dois anos com as bets.

Na Europa, as vendas combinadas da Flutter Entertainment, Entain, Evolution AB, La Francaise des Jeux SAEM e seu alvo de aquisição anunciado, o Kindred Group, aumentaram de € 4 bilhões, em 2014, para € 19,2 bilhões (US$ 20,6 bilhões), em 2022, de acordo com analistas da Liberum.

E vem mais por aí: no ano passado, as operadoras de jogos de azar da Europa pediram à França – um dos dois únicos mercados da União Europeia que ainda proíbe os cassinos on-line – que os legalizasse para “garantir receitas fiscais vitais”.

Banimento de jogadores

A verdadeira aposta, no entanto, é se os órgãos reguladores conseguirão acompanhar o ritmo de expansão deste mercado. O jogo apresenta riscos “significativos” e crescentes de lavagem de dinheiro, declarou recentemente o Tesouro dos EUA.

E há também o perigo do crescimento do vício em jogos, sobretudo entre jovens do sexo masculino, que longe da imagem do viciado do passado, nem precisam sair de casa ou trocar de roupa para fazer sua aposta via iPhone.

E há o risco real de mais corrupção no próprio esporte. A National Football League (NFL), a liga americana de futebol americano, puniu 10 jogadores por violações de jogos de azar nesta temporada, enquanto o futebol europeu – onde os patrocínios de empresas de apostas são abundantes – está sob nova pressão depois de vários banimentos de jogadores e multas por violação das regras de apostas.

Origens históricas e futuro nebuloso

A oferta de € 2,6 bilhões da La Francaise des Jeux (FDJ) para comprar a Kindred será um teste importante. As raízes francesas da FDJ remontam à época em que era uma loteria nacional de propriedade do Estado, cujos fundos eram destinados a apoiar a nobre causa da cirurgia de reconstrução para veteranos mutilados da Primeira Guerra Mundial.

Agora, com o objetivo de conquistar uma fatia maior de um mercado em expansão, a FDJ – privatizada durante o governo de Emmanuel Macron e detentora do monopólio dos jogos de loteria e das apostas esportivas em pontos de venda na França – quer comprar a empresa controladora da marca de apostas esportivas Unibet e do cassino on-line 32Red, que foram multados no ano passado em £ 7,1 milhões (US$ 8,9 milhões) por falhas de responsabilidade social e de combate à lavagem de dinheiro no Reino Unido.

Um cliente, por exemplo, teve permissão para apostar e perder dezenas de milhares de libras em sete dias – um sinal de controles ineficazes de jogos problemáticos, disse o órgão regulador do Reino Unido.

Foco no ‘jogo responsável’

A FDJ afirma que a entidade combinada terá um foco renovado no jogo responsável e diz que sua exposição de receita prevista para 2025 a jogadores de alto risco está abaixo de 2%. Mas a pressão para diversificar mercados e produtos pode significar que mais riscos – e mais surpresas regulatórias – estão por vir.

Recentemente, a França aprovou uma lei que regulamenta um novo tipo de jogo que permite pagamentos com criptomoedas, após o surgimento da startup local de NFT, a Sorare. O país também está sob pressão para legalizar os cassinos on-line.

Com a FDJ e seus rivais já preparando seus próprios jogos NFT, e com mais fusões e aquisições no setor possíveis após o acordo com a Kindred, de acordo com Conroy Gaynor, da Bloomberg Intelligence, as coisas podem ficar muito imprevisíveis muito rapidamente.

Sem limites claros entre jogo eletrônico, de azar e cripto

Os órgãos reguladores precisam de mais recursos e, possivelmente, de uma nova missão em um mundo em que os limites legais tradicionais de jogos de azar, jogos eletrônicos e de finanças estão se tornando indistintos.

Ainda há muita opacidade em relação às multas emitidas contra empresas de jogos de azar e não há maneiras suficientes de compartilhar informações sobre jogadores problemáticos, diz o advogado especializado em jogos de azar Matthieu Escande sobre a situação atual na França.

O Reino Unido poderia ser uma lição encorajadora para outros mercados: como um dos primeiros a descobrir as consequências não intencionais da liberalização das apostas no início da era da internet, o país agora está propondo dar mais recursos ao seu órgão regulador e impor mais limites ao setor de jogos de azar. É uma aposta mais segura do que a maioria nesta temporada do Super Bowl.

 

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