Como o setor de jogos de azar deve votar nestas eleições?

Blog do Editor I 01.10.10

Por: sync

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Estamos novamente às vésperas das eleições para presidente, governador, senador e deputados federais e estaduais. Sempre neste período surge aquela dúvida: votar em quem? 

Não interessa ao BNL influenciar o voto de ninguém e também não estamos aqui para ajudar a campanha de nenhum candidato, mas acreditamos que uma análise sobre a opinião dos postulantes sobre o setor de jogos de azar poderá ajudar os leitores a definirem seus candidatos. 


Eleições de 2002

Desde o início da circulação do BNL, esta será a terceira eleição majoritária e proporcional. A primeira foi no dia 6 de outubro de 2002 (1º turno) e os candidatos que disputaram o segundo turno (27.10.02) foram Luiz Inácio Lula da Silva pelo PT (52.772.475 votos – 61,3%) e José Serra pelo PSDB (33.356.860 votos – 38,7%).

É notório que José Serra sempre foi contra a legalização dos jogos de azar. Na primeira eleição de Lula, dirigentes, empresários e funcionários dos bingos apoiaram e votaram em massa no presidente, na esperança que o representante do PT acabasse com a hipocrisia reinante e regulamentasse esta atividade. Mas o Palácio do Planalto elegeu os bingos como os responsáveis pelos percalços morais e políticos do seu governo e editou uma medida provisória (MP168) proibido os bingos, que foi derrubada pelo Senado. Todos sabemos que esta tese não é verdadeira, pois a crise Waldomiro Diniz nunca teve vinculação com os bingos. Vida que segue!


Eleições de 2006

A segunda foi no dia 1º de outubro de 2006 (1º turno) e os candidatos que disputaram o segundo turno (29.10.06) foram Luiz Inácio Lula da Silva pelo PT (58.295.042 – 60,83%) e Geraldo Alckmin pelo PSDB (37.543.178 – 39,17%). A experiência negativa vivida no primeiro mandato do Presidente Lula, acabou levando o setor a votar e apoiar o candidato tucano. Além disso, em entrevista a Rádio CBN (20.10.06) o então candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse ser favorável à regulamentação dos bingos. 

 

“Precisa ser regulamentado. De acordo com ele, “do jeito que está (a situação dos bingos), é suborno, mais corrupção, é dinheiro sujo. Deve ficar dentro da lei, não nessa zona cinzenta que é hoje”. Para ele, a lei deve estabelecer “de forma clara” os limites do que pode ou não, porque “vai dar emprego, ficar dentro da lei”.

 

A reeleição de Lula não foi comemorada pelo setor, principalmente depois de todos os episódios, ações e comentários do presidente contra o setor de jogos de azar.

Durante a vigência do segundo mandato, o presidente Lula, em várias oportunidades, se manifestou favorável a legalização dos bingos.

A mais contundente foi no dia 12 de abril deste ano, em entrevista ao jornal Diário de São Paulo, quando os jornalistas Gilberto Bergamin Jr. e Leão Serva perguntaram ao presidente Lula: O senhor é a favor ou contra a legalização dos bingos?

 

Lula – Não só fui contra como mandei uma MP (medida provisória) proibindo os bingos e fui derrotado, em 2005. Se você quer legalizar tem que criar mecanismos para evitar que os bingos se transformem em pontos de lavagem de dinheiro e de incentivo a coisas ilícitas. Pensa-se em dar responsabilidade à Caixa Econômica Federal para controlar os bingos. Vamos ver como o Congresso vota. Quando mandei a lei acabando com o bingo, um ano depois, fui ao Rio e a Dercy Gonçalves me visitou. Com 100 anos de idade, ela disse: “Presidente, não deixa acabar com o bingo, eu não tenho o que fazer, estou velhinha, sento lá e perco meus dez reais, por quê acabar, presidente?”. Chego a São Bernardo, me pedem, “Presidente, eu sou aposentado, perco só meus dez reais”. Tem muita coisa para levar em conta. Tem uma parcela da sociedade, os aposentados, especialmente, que vão jogar. Se tiver um bingo funcionando com o controle da Caixa, que não permita que seja usado para lavagem de dinheiro, eu não vejo problema. O que não pode é ficar do jeito que está, uma hora parece proibido e outra hora não. Vamos ser francos, aquilo vira motivo de achaque de policiais. Então, é melhor você ter uma coisa transparente, à luz do dia.


E nestas eleições…

Nestas eleições temos um cenário indefinido sobre o ponto de vista de manifestação pública dos candidatos sobre a legalização dos bingos e videobingos, já que durante toda a campanha os jogos de azar ficaram de fora dos temas polêmicos do pleito deste ano. Não tivemos escândalos, acusações de ligações com políticos, entre outras mazelas que o setor sempre é acusado a cada eleição que se realiza no país e nem citação pública dos postulantes. 

 

Pergunta para os candidatos

Não foi por falta de provocação. Em julho deste ano, o BNL enviou um questionamento e perguntas sobre a legalização dos bingos e videobingos para os três principais candidatos a presidência: Marina Silva (PV), José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Confira:

 

Perguntamos:

– Qual a opinião do candidato sobre esta atividade?

– O que pode ser feito para reduzir as operações de jogos de azar ilegal no país, que beneficiam agentes públicos com propinas originárias dos jogos clandestinos e não tem contrapartida social?

– Depois de ser aprovado pelas Comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC), de Finanças e Tributação (CFT) e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) o texto substitutivo ao PL-1986/2003 (legaliza os bingos e videobingos) aguarda inclusão na Ordem do Dia do Plenário da Câmara. Caso seja aprovado, será encaminhado para o Senado e depois para sanção presidencial. Caso a proposta seja aprovada pelo Congresso Nacional e o candidato seja eleito ele sancionará a proposta?

 

Resposta

Apenas a assessoria da candidata Dilma Roussef respondeu sobre a impossibilidade da candidata debater o tema e que não se manifestaria sobre temas que estão no Congresso.

 

“Recebemos o seu pedido, mas informamos que não será possível atendê-lo por dificuldades de agenda. Para você ter uma ideia, nesta semana, em que se deu início à campanha, a candidata Dilma Rousseff esteve em oito cidades e este será o ritmo daqui em diante. Além disso, ela tem preferido não se manifestar sobre temas que estão em debate no Congresso Nacional, como é o caso em questão. Obrigada pelo seu interesse”. Assessoria de Imprensa – Escritório político Dilma Rousseff

 

Marina Silva

É difícil fazer uma análise da candidata do PV a presidência da república. Durante os últimos dez anos a senadora Marina Silva não fez uma manifestação sobre os bingos e videobingos. Até mesmo durante a votação da MP 168 no Senado, Marina estava no cargo de Ministra do Meio Ambiente e quem votou a favor da medida provisória foi o suplente Sibá Machado (PT-AC). A única manifestação da candidata foi durante sabatina no jornal O Globo, (22.09.2010), quando disse que não era a favor do jogo do bicho.


José Serra

É publico que o candidato do PSDB é declaradamente contrário a legalização dos bingos, videobingos e cassinos. Serra já manifestou sua opinião em várias oportunidades e entrevistas. Listaria algumas, mas acredito que a última foi a mais contundente. No dia 18 de setembro de 2009, dois dias depois da aprovação do Projeto dos Bingos pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) reagiram contrariamente à proposta de legalização dos bingos, em tramitação no Congresso.

 

"Eu sou contra legalizar bingo, jogo e cassino, porque é uma ilusão (dizer) que isso gera empregos", afirmou Serra.

 


Dilma Rousseff

Já a candidata do PT, Dilma Rousseff, é a única postulante a presidência da república com indicação e manifestação pública favorável sobre os jogos de azar. No dia 24 de abril de 2007, quando ainda era ministra-chefe da Casa Civil, manifestou em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que o governo admitia estudar a legalização dos bingos e caça-níqueis no País.

 

“A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deu ontem [23.04.2007] indicações de que o governo admite estudar a legalização dos bingos e caça-níqueis no País. Ela considerou positivas as investigações sobre o esquema de venda de sentenças judiciais para beneficiar a indústria do jogo de azar e disse que a questão da ligação entre bingos e crime organizado e lavagem de dinheiro é mais complexa do que parece. “Acho que os últimos acontecimentos da Polícia Federal evidenciam isso. É óbvio que, na medida em que aprofundarem as investigações, um modelo institucional para a questão dos jogos de azar vai ser delineado no Brasil”, afirmou. A declaração foi dada em resposta a uma pergunta sobre a possível legalização dos bingos.

“Não acho que seja tão simples a questão da relação do bingo com o crime organizado e a lavagem de dinheiro.” Dilma disse que a Operação Hurricane da PF revelou “cumplicidade” de parcelas “minoritárias e segregadas do Judiciário” com quadrilhas que exploram jogos de azar. E disse que considera o processo importante para o País. “Porque significa uma melhoria institucional inequívoca”, disse a ministra, que visitou Belo Horizonte, onde se reuniu com o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT).

 

Comento…

Acredito que a eleição para presidente da república é importante, mas tenho certeza que a escolha dos deputados federais e senadores são mais importantes que o próximo ocupante à vaga de Lula.


Vários projetos de interesse do setor de bingos, loterias, lotéricas, cassinos, jogo do bicho, jockey, apostas esportivas, entre outras modalidades de apostas, ainda dependem do Congresso Nacional. Temos por obrigação votar em candidatos ‘comprometidos’ (eu disse ‘comprometidos’ e não ‘simpáticos’) com as nossas causas. Além disso, não podemos esquecer-nos de tirar uns votinhos da “Turma da Jogatina”.

A “Turma da Jogatina” são aqueles atores políticos que são contrários a legalização e regulamentação dos jogos de azar no país. Toda vez que o Congresso Nacional avança para criar um marco regulatório para este setor, estes personagens voltam com aquele velho discurso que o jogo serve a máfia do crime organizado, gera patologia, sonega tributos e lava de dinheiro. Todos sabem quem são estes personagens.

Espero ter ajudado!

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