Contagem regressiva para o Grande Prêmio São Paulo

A diretoria do Jockey Club de São Paulo está mobilizada para a realizar, com sucesso, uma festa inesquecível, no Hipódromo de Cidade Jardim, por ocasião da disputa do Grande Prêmio São Paulo, a prova mais importante do turfe bandeirante, em 2400 metros, na grama. Nos dias 13, 14 e 15 de maio, sexta, sábado e domingo, a nata do turfe nacional estará reunida, dentro e fora das pistas, para prestigiar autêntico desfile de puros-sangues de alta qualidade. A expectativa maior gira em torno das cinco provas de Grupo 1, o próprio GP São Paulo, o GP Osaf, para éguas, em 2000 metros, na grama, o GP ABCPCC, no tiro curto de 1000 metros, e os GPs Juliano Martins, para potros, e o GP João Cecílio Ferraz, de potrancas, ambos em 1600 metros, na grama. Aliás, a raia de grama do hipódromo paulistano se encontra em ótimas condições, em perfeito estado de conservação.
O turfe carioca e o paranaense terão expressiva representatividade nas provas já citadas. O mesmo acontecerá também, em relação aos clássicos coadjuvantes, entre eles, o Grande Prêmio Presidente da República, Grupo 2, e o Grande Prêmio Presidente Augusto Souza Queiróz, Grupo 3, em 1400 metros, na areia. A convivência, durante três dias consecutivos, entre as delegações de diferentes praças turfísticas do País é sempre oportunidade de rever amigos, aficionados e especialistas, com aquele traço comum entre todos, a paixão pelo esporte. O encontro entre tanta gente amante do turfe, oriundos de estados e cidades diferentes, é delicioso resgate dos bons tempos.
Puro-sangue melhor apresentado
Vários treinadores mandaram bem esta semana na apresentação dos seus pensionistas no turfe carioca. Ficou difícil escalar apenas um puro-sangue. Decidi selecionar três ganhadores. Ótima Pedida, do Stud Verde, bem inscrita e apresentada por Luiz Esteves, ganhou a Prova Especial Ismael da Silva Neto, ao derrotar Jonnos, do Haras Sweet Carol, um dos maiores favoritos da semana. Ethiope, do Stud Instante Mágico, teve apresentação de luxo, de Vítor Paim, e levou a melhor num dos páreos de potros mais duros da semana. E, por fim, Jean Jacques, do Stud Best Friends, reapareceu de longa ausência nas pistas, sob a chancela da dupla Carlos Alberto Silva e André Magalhães. Um passeio na raia carioca.
Joqueada da Semana
O jóquei brasileiro, Francisco Leandro, segue fazendo história no turfe argentino, o mais competitivo da América do Sul. No final de semana portenho, ele deu as cartas, com 11 vitórias, em quatro dias de corridas. No sábado, em San Isidro, ganhou quatro páreos. No domingo e segunda, em Palermo, mais quatro, duas em cada dia. E, ontem, em La Plata, mais três. Destaque para a vitória de Mister Gree, no segundo páreo de sábado, de San Isidro. O filho de Horse Greeley e Miss Trail, de criação do Haras Blood Horse, treinado por José Luiz Catapano, recebeu joqueada sensacional do nosso compatriota.
Mister Gree largou na frente, pela pedra 1, mas foi atacado pelos concorrentes de fora, em parciais violentos. Leandro percebeu o ritmo muito forte, e deixou o seu pilotado ficar para a última posição. Assistiu a outros competidores encostarem nos mais velozes. Manteve o seu conduzido, por dentro, de camarote. Na entrada da reta, o arrancou por fora, e nos últimos 300 metros, dominou o páreo, num passe de mágica. Montar cavalos de corrida para o cearense trata-se de uma mera formalidade.
Personagem
O recordista mundial de vitórias, Jorge Ricardo, foi personagem dentro e fora da raia esta semana. Nas corridas, com poucas oportunidades, conseguiu brilhar. No sábado, em Cidade Jardim, assinou apenas duas montarias. Expert, do Haras Uberlândia, e Old Dream, do Stud DVC. O aproveitamento foi de 100%. Expert confirmou o retrospecto, pois vinha de segundo lugar. Mas, no dorso de Old Dream, rateio de 7,50, na ponta, e 5,00, no placê, como narrou o locutor, Roberto Casela, “Jorge Ricardo traz no colo”. E com o detalhe, de ter ao seu lado, a líder da estatística, Jeane Alves, a quem derrotou, por cabeça. Na Gávea assinou apenas oito montarias. Ganhou com Passing Cloud, de Maurício Roriz dos Santos, e preparo de César Gustavo Neto, e com Ethiope, do Stud Instante Mágico, e preparo de Vítor Paim.
A entrevista dada ao comentarista e repórter, Celson Afonso, na segunda-feira foi sensacional. Chamado para falar dos dois últimos páreos, em que montava, surpreendeu o próprio entrevistador por dissecar os páreos, sem ter sequer uma revista com retrospecto nas mãos. Celson Afonso, com enorme presença de espírito, aproveitou a ocasião. “Pelo jeito, você estuda em detalhes todos os páreos que vai montar?”, apertou o campeão. Com a maior naturalidade, Ricardinho, respondeu. “Eu faço isso há mais de 40 anos. Preciso saber quem são os meus adversários, qual a melhor maneira de tentar derrotá-los, e as suas qualidades e defeitos. É uma questão de profissionalismo”, comentou animado.
Celson Afonso sentiu que o momento era bom. Elogiou a fluência de Ricardo e que gostaria de chamá-lo mais vezes para falar ao microfone. Ricardinho então lhe disse que só gostava de dar entrevista quando podia ajudar os turfistas. “Só gosto de falar quando os meus cavalos têm chance. Go Rafa Go, por exemplo, vai correr bem. O páreo é forte. A força é Jonnos, e a diferença dele são as potrancas. Mas ele vai atropelar e pode chegar colocado. No último páreo, Ethiope está em páreo equilibrado, mas vem de segundo, ele está muito bem e posso lutar pela vitória. Quando precisar de mim é só chamar”.
Celson Afonso estendeu a entrevista mais um pouco. E aí aconteceu a cereja do bolo. Jorge Ricardo falou da sua idade, 60 anos, do amor a profissão, e garantiu se sentir em boa forma para montar. Do contrário, segundo ele, já teria parado. Se ofereceu para colaborar sempre com o Jockey Club, no que for preciso e mostrou ter plena consciência do espaço que ocupa na história do turfe brasileiro. “Celson. Como eu já disse outras vezes. Tudo na vida tem começo, meio e fim. Eu ainda estou montando por paixão e por que estou em plenas condições. Eu monto por prazer e não por necessidade, graças a Deus. O dia mais triste da vida será quando anunciar que vou parar. Infelizmente, este dia vai chegar”. (Raia Leve – Páreo Corrido, por Paulo Gama)