Fred Trajano, do Magazine Luiza diz que regulamentação de bets é frouxa; ‘nos preocupa’ e podem afetar varejo
O presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, disse nesta terça-feira, sobre o avanço das apostas esportivas no país, que as “bets” (sites e aplicativos de apostas) são um fenômeno novo e que podem ter um efeito no consumo no longo prazo, registra reportagem do VALOR.
“No primeiro semestre não diria que teve algo que afetou consumo. Não vejo impacto no curto prazo, mas o crescimento será exponencial. Não há regulação, é muito frouxa. E ‘bet’ é um problema de saúde pública. O Hospital das Clínicas está lotado com pessoas. E pode fazer efeito no cartão de crédito. O IDV [Instituto para Desenvolvimento do Varejo] está atento a isso e estivemos com Alckmin [vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin] e se falou disso. O varejo está bem, mas pode ser um problema que contamine muito o varejo daqui para frente,” afirmou Trajano.
O executivo disse também que está otimista com o país. “O que travava muito agenda era o juro americano, mas parece que essa âncora vai sair. E o juro aqui não ia descer se lá não descesse. E estou otimista com a Magalu. Precisávamos de ajuda dos juros, finalmente veio depois do que se esperava, e vai destravar. E as associações que fizemos na época de vacas magras, vamos colher os frutos”.
Ainda sobre as “bets”, ele disse que “gosta mais” de um relatório de um banco que fala num movimento de R$ 70 bilhões ao ano com apostas, e com “saída” de R$ 25 bilhões. Nas apostas, há entrada de recursos no país com prêmios e pagamentos de taxas e valores apostados pelos usuários.
Pesquisas já publicadas apontam movimento total entre R$ 70 bilhões e R$ 130 bilhões ao ano, a depender da fonte dos dados. Segundo levantamento antecipado pelo Valor no mês passado, esse valor envolvendo jogos digitais pode alcançar R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões neste ano.
A Abras, associação de supermercados, e o IDV, maior instituto do setor, com 70 redes associadas, estão discutindo em reuniões internas o impacto no setor e os efeitos em cada segmento, como o Valor informou hoje mais cedo.
O efeito inicial tem sido maior naqueles setores dependentes de consumo de baixa renda e do uso da linha de cartão de crédito, disse o executivo.
Ainda no evento desta terça-feira, Alexandre Birman, CEO da Azzas 2154Cotação de Azzas 2154, questionou uma comparação feita na plenária em que ele esteve nesta tarde.
“Comparar a gente com RennerCotação de Renner e C&ACotação de C&A, desculpa, mas a Hering tem experiência muito diferente. Estamos num trabalho com Hering, crescendo 50% as vendas em julho”, disse.
Sobre a concorrência com a asiática Shein, Birman disse que não luta contra o que não pode controlar. “É um ‘player’ que conseguiu encurtar o ‘time to market’ [tempo gasto para desenvolver um produto ou serviço]. Temos um aprendizado com eles. E por que não nos conectar com os compradores lá fora? E só uma ideia, mas porque não aprender com eles? Então, com certeza, vamos fazer. Além de um aprendizado dos chineses com TikTok”, disse.
