GP São Paulo comemora 100 anos de história e paixão

Jockey I 03.05.23

Por: Magno José

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Todo turfista tem o seu Grande Prêmio São Paulo inesquecível

No próximo domingo, dia 7 de maio de 2023, o Grande Prêmio São Paulo comemora a disputa da sua 100ª edição. Nas pistas do Hipódromo de Cidade Jardim já desfilaram gloriosas fardas, envergadas por puros-sangues extraordinários, preparados por treinadores consagrados, e montados por jóqueis virtuosos. Juntos, os homens e os cavalos de corrida, num traço de união inseparável, escreveram gloriosa história. Uma história repleta de emoções, dramas, alegrias e frustrações. Nos 2400 metros, da grama sagrada do hipódromo paulistano, craques inesquecíveis de quatro patas construíram fantástica trajetória de amor. O amor inabalável e secular de alguns homens privilegiados, os turfistas, pelos puros-sangues de corrida.

Desde os meus primeiros anos de menino aficionado por cavalos, ao lado dos meus jovens amigos turfistas de Copacabana, descobri o caminho da Rodoviária Novo-Rio, e o ônibus da Viação Cometa, que nos levava, todo primeiro domingo do mês de maio, para torcer pelos cavalos da Gávea, no Hipódromo de Cidade Jardim. Era uma deliciosa aventura juvenil, que nos impulsionava até o prado paulista, com os seus cavalos poderosos, tão difíceis de superar. Mais tarde, formado em jornalismo, decidi que deveria escrever sobre eles pelo resto da minha vida. E assim, aquelas incursões até a cidade de São Paulo continuaram para sempre na minha rotina de vida.

Todo turfista tem o seu Grande Prêmio São Paulo inesquecível. Eu coleciono alguns na minha mente. Ainda jovem e fã incondicional da farda da Fazenda Mondesir, presenciei os triunfos espetaculares de duas éguas fantásticas criadas nas pastagens da Família Peixoto de Castro, Bretagne e Cisplatine. Posso sentir até hoje a atmosfera de emoção daquelas vitórias, construídas na batuta do freio Gonçalino Feijó de Almeida, o lendário Goncinha. Ainda posso sentir na pele, a friagem daquelas tardes paulistas. O cheiro e o sabor da deliciosa coxa creme, consumida na tribuna social do hipódromo. O alarido da multidão enlouquecida e barulhenta, eufórica após as corridas. E Goncinha, com o chicote embaixo do braço, guardado, antes de dois triunfos em cima do disco.

Anos depois, em maio de 1994, no dia da morte do ídolo nacional, Ayrton Senna, pela manhã, foi disputado, á tarde, o Grande Prêmio São Paulo. Triunfo de Much Better, do Stud TNT. Treinado pelo saudoso João Luiz Maciel, e montado pelo recordista mundial de vitórias, Jorge Ricardo, o filho de Baynoun chegou ao trinfo numa tarde triste e desconsolada. Aquele foi sem dúvida um dos dias mais tristes do povo brasileiro. Os turfistas perambulavam pelas tribunas e dividiam as atenções, entre os monitores de televisão, a procura de notícias do piloto, a esperança de que o pior não tivesse acontecido, e as corridas. A morte do ídolo do esporte, então foi confirmada. E todos nós, como se fossemos almas penadas, comemoramos com timidez, o triunfo consagrador do grande campeão criado no Haras J. B. Barros.  (Raia Leve – Páreo Corrido, por Paulo Gama)

 

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