‘Jogo do Bebezinho’ e ‘Jogo da Soneca’ fazem uma série de novas vítimas pelo país

Apostas I 11.01.24

Por: Magno José

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'Jogo do Bebezinho' e 'Jogo da Soneca' fazem uma série de novas vítimas pelo país
Flávia Boggio*

Os jogos de azar digitais continuam causando polêmicas e fazendo vítimas perderem dinheiro. Autoridades investigam o “Jogo do Tigrinho” e o “Jogo do Aviãozinho” por serem ilegais no país e não enviarem os prêmios aos apostadores.

São classificados como jogos de azar os jogos cujo resultado é influenciado pela aleatoriedade de peões, roletas, baralhos, bolas numeradas e, nos jogos digitais, geradores de números aleatórios. Os jogadores apostam dinheiro ou qualquer valor monetário —o que pode arruinar vidas.

O que as autoridades não sabem é que não são só os jogos do aviãozinho e do tigrinho que fazem vítimas. A coluna fez um levantamento inédito e descobriu inúmeros jogos de azar circulando pelo país impunemente.

Diferente do “Jogo do Aviãozinho”, o “Jogo do Avião” faz os apostadores gastarem fortunas em passagens aéreas em busca de diversão e descanso. Em troca, recebem caos em aeroportos, voos apertados e barras de cereal. Mesmo assim, o jogador continua planejando as próximas férias e acumulando dívidas no cartão.

O “Jogo da Soneca” também tem arruinado vidas diariamente. O jogador põe o despertador para tocar na cômoda ao lado da cama. Assim que o aparelho toca, ele aperta a função soneca inúmeras vezes. Quando vê, já são dez da manhã e o cidadão perdeu a hora, o dinheiro e até o emprego.

Também tem deteriorado vidas o “Jogo do Saint Peter”, no qual a vítima entrega fortunas ao supermercado em troca de um peixe com um nome pomposo. Ao comer, percebe que levou para casa uma galinha aquática menos saborosa chamada tilápia. Como o peixe “normal” está muito caro, o jogador continua apostando.

O “Jogo do Bebezinho” atinge jogadores que sonham com amor e ternura, ou apenas um sexo agradável. Quando percebem, estão acumulando dívidas com fraldas, noites em claro, escola, games e faculdade. Após duas décadas, a aposta desaparece e liga apenas no Natal. Em outros casos, não sai de casa nunca mais.

Mesmo assim, vale a pena.

Por fim, o “Jogo da Vida”, em que você trabalha com a promessa de ter dinheiro, acumula despesas e tem que trabalhar mais com a promessa de ganhar mais dinheiro, em um efeito cascata que termina quando o jogador morre. É um jogo sem saída em que o jogador só se livra com a própria vida. Jogue com responsabilidade.

(*) Flávia Boggio é roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo e veiculou o artigo acima na Folha de S.Paulo.

 

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