Justiça quebra sigilos fiscal e telefônico de Waldomiro.

Loteria I 22.07.04

Por: sync

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A Justiça Federal determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil da Presidência da República, no período em que ele permaneceu no cargo -de janeiro de 2003 a fevereiro deste ano.
O processo corre sob sigilo judicial, mas o delegado que cuida do caso, Antonio César Nunes, foi informado pela Justiça anteontem sobre as quebras.
Nunes também decidiu abrir dois novos inquéritos, específicos para investigar temas relacionados a Waldomiro. No primeiro, o objetivo é verificar a participação do ex-assessor com o Grupo TBA, principal revendedor de produtos da Microsoft no país. No segundo, o delegado vai apurar a instalação de uma escuta clandestina na sede da Caixa Econômica Federal, em Brasília.
Ontem, Nunes confirmou que irá abrir novas investigações. "Serão três inquéritos", afirmou.
O foco do chamado "inquérito-mãe" continuará sendo a suposta interferência de Waldomiro na renegociação de contrato entre a Caixa e a multinacional GTech, da área de loterias.
Segundo o Ministério Público Federal, Waldomiro teria estabelecido para executivos da GTech que o contrato só seria renovado se Rogério Buratti fosse contratado pela multinacional. Buratti foi secretário de Governo da Prefeitura de Ribeirão Preto durante a gestão de Antonio Palocci Filho, atual ministro da Fazenda. Hoje, trabalha como consultor de diversas prefeituras paulistas.
O caso Waldomiro veio à tona no início em fevereiro deste ano, com a divulgação da fita em que ele aparece pedindo propina ao empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O delegado César Nunes retomou as investigações no início deste mês, após a Justiça não ter acolhido denúncia do Ministério Público e requisitar produção de mais provas pela PF.
O pedido de quebra de sigilo de Waldomiro foi feito por Nunes à Justiça em março, mas a resposta só foi dada anteontem. Agora, a Justiça solicitará os dados ao Banco Central, Receita Federal e operadoras de telefonia.
Segundo especialistas, serão necessários pelo menos dois meses até que os bancos e as operadoras de telefonia entreguem toda a documentação. Geralmente, a PF desloca um grupo de agentes para a análise e cruzamento dos dados bancários e fiscais.
Segundo declarações de Nunes em março, foram solicitadas as quebras de sigilo telefônico do números utilizados por Waldomiro no Planalto, em sua casa em Brasília e de seu telefone celular. Ontem, Nunes não se manifestou sobre a quebra de sigilo, alegando que o inquérito está sob sigilo.
Novos inquéritos
Em relação ao Grupo TBA, o delegado César Nunes vai investigar a sociedade mantida por Waldomiro com Maria Estela Boner Léo, sócia-proprietária da empresa, durante dez meses no ano passado. Waldomiro detinha 2% do capital social da Faculdade Interfutura, em São Paulo.
Além disso, a PF vai analisar a conduta do ex-assessor palaciano na câmara técnica que discutia a adoção de software livre em computadores públicos. O Grupo TBA é um dos principais interessados na questão, uma vez que a mudança para software livre implica abandono do Windows, sistema operacional da Microsoft.
No terceiro inquérito, César Nunes quer apurar a instalação de uma escuta clandestina na Caixa durante a renegociação de contrato entre o banco e a GTech. Waldomiro ainda não possuía cargo na administração, mas auxiliava o PT na equipe de transição.
Um dos primeiros pontos a serem esclarecidos é a participação da empresa Confederal, da qual é sócio o ministro Eunício Oliveira (Comunicações), que presta serviço de vigilância à Caixa.OUTRO LADO
Ex-assessor sempre nega ação.
O advogado de Waldomiro Diniz, Luiz Guilherme Vieira, não foi localizado para falar sobre a determinação judicial de quebra de sigilo de seu cliente. Em seu escritório no Rio de Janeiro informaram que ele está de férias. Até a conclusão desta edição, ele não havia respondido aos recados deixados pela Folha.
Em outras ocasiões, Vieira reiterou que Waldomiro não interferiu na renegociação de contrato entre a Caixa e a GTech. À CPI da Loterj, da Assembléia Legislativa do Rio, Waldomiro disse que foi e estava sendo vítima de "chantagem" de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que nega.
O 1% que Waldomiro pede a Cachoeira, interpretado pelo Ministério Público Federal como pedido de propina, seria utilizado, segundo Waldomiro, na contratação de Armando Dile, morto em dezembro de 2002.
A Caixa Econômica Federal informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que "está pronta para atender quaisquer solicitações da PF para esclarecimento de dúvidas sobre o contrato com a GTech".
A multinacional GTech também informou que "a empresa sempre colaborou e vai continuar colaborando com as investigações da PF".
Por meio de sua assessoria, o Grupo TBA disse que "a empresa não tem como se manifestar sobre algo do qual que não foi notificada ainda". Em fevereiro, quando a Folha divulgou a relação de Waldomiro com a empresa, o grupo informou que não tinha "nenhum vínculo" com o ex-assessor palaciano.
A Folha informou ontem a assessoria do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, sobre a ramificação do inquérito da Polícia Federal em relação à empresa Confederal.
Até a conclusão desta edição, sua assessora de imprensa não havia respondido ao pedido da Folha por informações.Folha de SP – DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

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