Las Vegas Sands celebra mudança de posição sobre o jogo pelo gigante da mídia brasileira

Destaque I 29.03.18

Por: Magno José

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Uma mudança de paradigma a respeito dos jogos pela Globo, o maior conglomerado de mídia do Brasil, pode ser crucial no debate sobre a legalização de cassinos e outras operações de jogos no maior país da América do Sul, segundo um executivo sênior do Las Vegas Sands.

“A Globo é o equivalente ao que a Disney é na Flórida e a Globo vem com os resorts integrados [integrated resorts], eu acredito, que muda significativamente a dinâmica porque eles são muito influentes”, disse Andy Abboud – o principal ‘chefe tenente’ do presidente da Las Vegas Sands (LVS), Sheldon Adelson –, ao GamblingCompliance em entrevista por telefone.

No dia 21 de março, o maior jornal do Grupo Globo, O Globo do Rio de Janeiro, encerrou repentinamente sua oposição de 72 anos à legalização do jogo com um editorial dizendo que a proibição não é mais viável na era digital.

“A única maneira de exercer um controle efetivo sobre esse negócio é formalizá-lo”, disse o editorial do jornal O Globo.

O editorial passou a endossar o projeto de regulamentação do jogo na Câmara dos Deputados do Brasil, que é semelhante à Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

Estimativas projetam que um mercado de jogos regulamentado no Brasil pode exceder US$ 6,1 bilhões por ano em receita.

Rodrigo Maia, o presidente da Câmara dos Deputados, “é muito favorável aos resorts integrados” e Marcelo Crivella, um bispo evangélico e cantor gospel que é prefeito do Rio de Janeiro, “está aberto a isso”, disse Abboud.

“Vemos uma tremenda oportunidade de aumentar o turismo no Brasil”, afirmou Abboud. “Eu acho que está realmente mal servido. Ficamos surpresos com a pouca visitação estrangeira que existe no Brasil, mesmo dentro na América do Sul”.

Embora tenha surgido vários contratempos recentes na legislatura, Abboud disse que Las Vegas Sands é suficientemente otimista sobre o futuro do jogo no Brasil e que a empresa tem uma equipe lá para educar as autoridades sobre o setor.

“Se não fôssemos encorajados pelo retorno que estamos recebendo dos legisladores, francamente, não estaríamos lá trabalhando tão duro quanto estamos”, disse Abboud.

Referindo-se a uma das principais dinâmicas do debate legislativo no Brasil, Abboud reconheceu que a LVS estava defendendo especificamente os cassinos-resorts [integrated resorts], enquanto representantes brasileiros dos setores do jogo do bicho e dos bingos também pressionam pela legalização de seus jogos.

“Desde que eles legalizem os resorts integrados…e seja uma estrutura regulatória rigorosa, provavelmente conseguiremos viver com o que quer que eles aprovem”, disse ele.

Apesar do Brasil e o Japão estarem na lista de prioridades para os futuros planos de expansão da LVS, os Estados Unidos estão conspicuamente ausentes.

Investimentos nos Estado Unidos

A LVS abandonou os esforços para entrar no inescrutável mercado da Flórida em 2015 e vendeu seu cassino em Bethlehem, na Pensilvânia, no início deste mês, por US$ 1,3 bilhão para a Poarch Band of Creek Indians of Alabama.

A Geórgia, ou mais especificamente a capital do estado de Atlanta, que já foi considerada uma oportunidade de ouro para jogos, se “dissipou” e “flutua para longe”, disse Abboud.

O foco de Las Vegas Sands nos Estados Unidos não está mais na expansão pelos estados, mas em evitar a legalização dos jogos pela internet.

Na semana passada, houve uma tentativa frustrada dos oponentes aos jogos on-line de adicionar uma conta de US$ 1,3 trilhão no Congresso para incluir a proibição federal da Restoration of America’s Wire Act (RAWA), embora a RAWA não tenha sido reintroduzida nessa sessão do Congresso.

“Houve algumas discussões sobre isso que as pessoas apresentaram como uma oportunidade em potencial. Nós apenas tínhamos que pesar se achamos que isso fazia sentido. Ficou boquiaberto”, disse Abboud.

“Eu nunca levei isso tão a sério como uma oportunidade e, no final, não foi uma oportunidade… não foi uma opção viável”.

Isso não significa que é hora de realizar os últimos ritos para a RAWA, que ainda pode ser armada contra qualquer esforço no Congresso para expandir o jogo pela internet, segundo Abboud.

“A ameaça mais imediata em parar os jogos online é em nível estadual”, disse Abboud. “É aí que está toda a atividade, então determinamos que nossos recursos são mais bem gastos no nível estadual”.

A aversão do LVS ao jogo pela internet se reflete em sua posição sobre apostas esportivas enquanto a indústria entra em sua 16ª semana de espera pela decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre o desafio de Nova Jersey de uma proibição federal das apostas.

“Sempre nos sentimos confortáveis com apostas esportivas em cassinos de tijolo e argamassa”, disse Abboud, evitando cuidadosamente o uso do termo internet.

Adelson, está supostamente entre os homens mais ricos do mundo, é amplamente considerado o detentor de uma significativa influência política, tendo sido um dos principais doadores para o Partido Republicano nos últimos ciclos eleitorais.

Mas Abboud desviou-se a respeito da questão sobre o quão ativo o presidente da Las Vegas Sands será nas eleições parlamentares deste ano.

“Ainda não fizemos essa determinação”, disse Abboud. “O material político é importante, mas não a prioridade na vida de [Adelson] agora. Está passando um tempo com seus amigos e familiares e trabalhando em seus negócios”.

Adelson continua próximo do Presidente Trump, mas de acordo com Abboud a frequência de sua comunicação é exagerada pela mídia. (GamblingCompliance – Tony Batt)

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