‘Não pode haver mistura entre polícia e bandido’, diz o novo procurador-geral de Justiça do Rio

Apostas I 03.02.25

Por: Magno José

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‘Não pode haver mistura entre polícia e bandido’, diz o novo procurador-geral de Justiça do Rio
Antonio José Campos Moreira ingressou no MPRJ em 1987 e já atuou em processos criminais de grande repercussão (Foto: Divulgação)

O novo procurador-geral de Justiça do Rio, Antonio José Campos Moreira, de 62 anos, assumiu o comando do Ministério Público (MPRJ). Com 38 anos de experiência, a maior parte na área criminal, ele já definiu suas prioridades: fortalecer o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), para atuar contra milícias, tráfico de drogas e jogo do bicho, e criar duas novas equipes especiais. Uma delas será voltada à segurança pública, e a outra apenas aos crimes ambientais e à ocupação irregular do solo. Também formará um núcleo de combate a golpes cibernéticos e jogos eletrônicos ilegais.

Confira os principais pontos da entrevista exclusiva ao O Globo em que fala sobre o mercado de jogos e apostas.

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O senhor participou do estouro da fortaleza do bicheiro Castor de Andrade, em Bangu, em 1994. A operação foi um marco na história do MPRJ?

Sim, foi a primeira investigação direta feita pelo Ministério Público, da qual participei. Na época, havia centenas de inquéritos em que os banqueiros do jogo do bicho apareciam como investigados, geralmente como mandantes de homicídios. Formavam uma quadrilha, o que chamamos hoje de organização criminosa.

Como vê a atividade do jogo do bicho atualmente?

O jogo do bicho vive uma fase muito parecida com aquela que resultou na formação da cúpula. Até o final dos anos 1970, havia uma disputa territorial entre os bicheiros com muitos homicídios, para garantir a exploração da jogatina. Eles perceberam que a guerra prejudicava os negócios e, então, fizeram um acordo que criou a cúpula. A atividade se expandiu. A mudança de geração que ocorre hoje, com a morte de bicheiros como Fernando Iggnácio, lembra muito essa fase antiga.

Pretende investir em tecnologia?

Sim, vou recriar alguns laboratórios descontinuados ao longo do tempo, como os de lavagem de capitais e crimes cibernéticos. Também vou inaugurar um núcleo específico e dotar os promotores, com recursos técnicos que permitam uma investigação mais profunda. Quero priorizar, na área criminal, a investigação patrimonial, seguir o rastro do dinheiro.

Haverá algum grupo para investigar as bets ilegais, uma forma de lavar dinheiro?

Bilhetes premiados de loteria, por exemplo, também servem para lavar dinheiro. A imaginação humana não tem limites, especialmente quando voltada para o crime. No mundo cibernético, temos visto golpes e fraudes que demandam planejamento complexo. O MP precisa dar uma resposta firme a isso.

Que grupos serão criados?

O Gaeco, que já existe, com foco em milícias, tráfico e jogo do bicho; o Gaema, que atuará na proteção ao meio ambiente e no combate à ocupação irregular do solo urbano; e o grupo voltado à segurança pública. O Gaeco ficará subordinado diretamente a mim.

 

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