As dicas (furadas) que aumentariam chance de vitória no “jogo do tigrinho”
O Ministério dos Esportes enviou um ofício ao Ministério da Justiça pedindo providências contra uma série de possíveis irregularidades cometidas por páginas que promovem o “jogo do tigrinho”, simulador de uma máquina caça-níquel. O documento continha uma lista de canais que estimulam os seguidores a jogar e ensinam técnicas que supostamente aumentariam a chance de vitória, revela reportagem da VEJA.
VEJA acompanhou uma transmissão veiculada por um dos canais listados pelo Ministério dos Esportes. Em seguida, testou as dicas dadas pelos apresentadores. Na live, um rapaz, que não se identifica, estimula os espectadores a apostarem no “jogo do tigrinho”, indica uma plataforma classificada por ele como “bugada” e afirma que, por conta disso, a chance de vitória aumenta — e lista uma série de “truques”.
Uma das dicas “importantes” é para que o jogador foque em apostar somente 10% do crédito que ele adquiriu na plataforma. Em caso de vitória, o “especialista” recomenda sacar o prêmio logo em seguida. O apresentador da transmissão enfatiza que esse passo é essencial para se ter sucesso.
Na transmissão, o apresentador mostra aos espectadores ter transferido 300 reais para a plataforma e conquistado um prêmio de 32.000 reais de uma só vez — e exibe a tela revelando que o dinheiro caiu em sua conta corrente no ato. Parece fácil.
Teste e derrota
O discurso é sedutor e, segundo as autoridades, é usado para iludir. A reportagem acessou o “jogo do tigrinho” pela plataforma sugerida pelo dito influenciador e seguiu as dicas. O site divulgado na transmissão é sediado em Curaçao. O nome da empresa não está na lista daquelas que estão em processo de regularização junto ao Ministério da Fazenda. Foram investidos 200 reais.
Em pouco mais de duas horas de apostas, tudo foi perdido. O caça-níquel virtual foi acionado mais de 100 vezes, sendo 98 tentativas frustradas. As duas “bem-sucedidas” resultaram em um “ganho” de 36 reais — e nem isso foi concretizado. Os sites estipulam um valor mínimo que o usuário precisa faturar para liberar a opção de saque – informação omitida pelos tais influenciadores. A Polícia Federal vai investigar os sites que estimulam esse tipo de aposta.
