CPI das Bets vai ser longa e polêmica
Quem assistiu a segunda reunião da CPI das Bets comprovou que a comissão criada para investigar a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades no prazo de 120 dias, será longa e polêmica.
Somente no primeiro dia foram aprovados 169 requerimentos de informações, convites e convocações. O colegiado pretende ouvir testemunhas, influenciadores, cantores, humorista, investigados, autoridades, especialistas nacionais e internacionais, pesquisadores, médicos, entidades, entre outros. Também serão ouvidos CEOs de sites de apostas e representantes dos ministérios da Fazenda, Desenvolvimento Social, Saúde e Advocacia-Geral da União.
Como alguns requerimentos envolvem várias pessoas em um mesmo pedido, a CPI das Bets poderá ouvir mais de 250 pessoas, mas esse número de oitivas vai aumentar com os outros 39 pedidos que não foram apreciados na reunião desta terça-feira.
Faltando quatro semanas para o recesso parlamentar, a CPI das Bets terá que realizar mais de uma reunião semanal para cumprir ouvir a extensa lista das pessoas de convidadas pelo colegiado. Ao final do ano a CPI das Bets já terá completado 50 dos 120 dias regimentais. A próxima reunião será na terça-feira (26), às 11h.
Informação correta
Ao final da reunião, a senadoras Soraya Thronicke (Podemos-MS) pediu que fossem exibidos dois vídeos com a atuação de influenciadores divulgando plataformas de aposta online com ostentação e com mensagens equivocadas sobre bonificação.
“Eu gostaria de apresentar dois vídeos que circulam nas redes sociais, lembrando que quando essas propagandas dessas bets ilegais aparecem pra gente nas nossas redes sociais, muitas delas estão dando um bônus também: “Bônus de R$ 1 mil pra você fazer um mês de experiência”. A pessoa, com esses R$ 1 mil, faz 2 mil, 3 mil, 4 mil e se empolga. E tem prêmios relâmpagos que vocês vão poder observar agora nesses vídeos. São nessas ocasiões, nessas situações, que estão indo os recursos das famílias brasileiras, e muitas estão indo à bancarrota, muitos jogadores já com vício estão pedindo dinheiro emprestado para agiotas. Isso é muito grave. E todo esse recurso também, que é vultoso, está saindo do mercado brasileiro, está sendo simplesmente rasgado. Então, são bilhões e bilhões e bilhões de reais que estão saindo do nosso comércio, das atividades. E, com isso, o comércio e o setor de serviços estão sentindo muito. Então, eu gostaria de terminar, para que possamos analisar, diante desses vídeos, a situação em que o Brasil se encontra e para quem estão indo esses recursos”, comentou a relatora da CPI.
Informação duvidosa
A relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) insiste na tese que o empresário Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, é o responsável pela operação do “jogo do tigrinho” no Brasil e será o primeiro a ser ouvido pela CPI das Bets.
O jogo Fortune Tiger foi desenvolvido pela empresa PG Soft, sediada em Malta. Soraya aponta a empresa One Internet Group (OIG), como principal responsável pela divulgação do jogo entre o público brasileiro. A empresa afirma atuar no ramo de anúncios em redes sociais e nega que tenha qualquer relação oficial com a PG Soft.
“Sugiro que comecemos com os donos do Tigrinho. Esta é a minha sugestão apenas, se isto for possível: a primeira oitiva com o dono do Tigrinho. Apenas isso”, informou a senadora Soraya Thronicke.
O cenário ideal seria que não houvesse a CPI das Bets, mas o adequado seria que as oitivas começassem somente após o recesso parlamentar e com o mercado de apostas esportivas e jogos online regulamentado.