CPI-FUTE aprova 59 requerimentos de convites, convocações e requisição

Atualizada em 07.06 – Em Reunião Extraordinária realizada na tarde desta terça-feira (6), os deputados da CPI-FUTE aprovaram 59 requerimentos de convites, convocações e requisição.

Entre os requerimentos previstos na pauta foram aprovadas as convocações dos jogadores de futebol denunciados e suspeitos de manipulação, árbitros e entidades representativas, aliciadores e os principais acusados. As sessões para ouvir os nomes aprovados nesta terça ainda serão marcadas.

Os deputados ouvirão Bruno Lopes de Moura e Thiago Chambó, apontados como líderes do esquema de manipulação de resultados, e Camila Silva da Motta, que é companheira do primeiro e, segundo a investigação do MP-GO, também integra a organização.

A reunião extraordinária desta terça começou tensa, com dois deputados do PL, Wellington Roberto (PL-PB) e Luciano Vieira (PL-RJ), reclamando de terem sido abordados para retirarem requerimentos solicitando a convocação de empresários ligados a casas de apostas.

Foram convocados os jogadores que estão entre os investigados pela Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Entre eles, nomes com atuações atuais e anteriores por clubes da série A, como Alef Manga, que marcou gol pelo Coritiba, no último domingo. Paulo Miranda, Igor Cariús, Victor Ramos, Eduardo Bauermann, Vitor Mendes, Dadá Belmonte, Alef Manga, Brayan Garcia, Gabriel Tota, Kevin Lomonaco e Nino Paraíba. São outros que compõem a lista. Os primeiros deles deverão ser ouvidos na próxima terça. Dentre os jogadores convocados pela CPI estão aqueles já punidos pelo STJD (Supremo Tribunal de Jutiça Desportiva), os réus nas investigações do MP-GO (Ministério Público de Goiás) e também nomes apenas citados nas conversas do grupo.

Foram aprovados os requerimentos de convite do Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues, bem como a participação da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) para assessorar os parlamentares da CPI-FUTE.

Os membros aprovaram convite para ouvir o Assessor Especial do Ministério da Fazenda, José Francisco Manssur, responsável na pasta pela elaboração da minuta da proposta de regulamentação das apostas esportivas no país. Além de convite para o jornalista e apresentador do grupo Globo, André Rizek para falar sobre as semelhanças da Máfia do Apito de 2005 com o esquema das casas de apostas de 2023.

O colegiado também aprovou convite convidando o Secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous para prestar esclarecimentos. Segundo o requerimento, para “questionar ao convidado quais medidas serão tomadas pela Secretaria em comento para evitar que os consumidores sejam prejudicados, entre outros questionamentos sobre a legalidade das plataformas que atuam no país, tendo em vista a contaminação do segmento de apostas por combinação de resultados”. Lembrando que no ano passado, a Senacon foi responsável pela notificação para que 53 entidades esportivas, clubes, CBF e Rede Globo apresentassem os contratos de publicidade e patrocínio mantidos com as plataformas de apostas esportivas.

O colegiado aprovou convite para ouvir o CEO da Associação Brasileira de Defesa da Integridade do Esporte – ABRADIE.

Os representantes da SportRadar foram contemplados com a aprovação de dois requerimentos, sendo um de convocação para o vice-presidente sênior da empresa de análise e dados Tom Mace e de convite para o representante da empresa na América Latina, Juan Matías Mendez para prestarem esclarecimentos acerca do sistema de monitoramento contratado pela CBF para apuração de supostas fraudes em apostas esportivas.

Plataformas de apostas

Os requerimentos de convocação dos representantes das empresas de apostas dividiram os integrantes da CPI na Câmara. Parte deles, como o presidente da comissão, deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), e o relator, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), fez um acordo antes da sessão para que apenas os representantes das entidades do setor fossem chamados num primeiro momento para falar sobre a manipulação de resultados.

Outro grupo, contudo, protestou contra isso no plenário. “Não entendo porque essas pessoas não podem ser chamadas para prestar depoimento”, reclamou o deputado Wellington Roberto (PL-PB), que apoiou os requerimentos feitos pelo colega de partido, o deputado Yury do Paredão (PL-CE).

Caberá ao presidente da CPI marcar a data das oitivas. Pressionado pelos outros colegas, ele afirmou que “irá até o fim” para que as investigações deem resultado.

Apesar do objeto da CPI ser para investigar ‘Manipulação de Resultado em Partidas de Futebol’ os deputados estavam mais interessados em aprovar a convocação de representantes de plataformas de apostas. No início da reunião, os deputados apresentaram nove ‘Requerimentos Procedimentais’ para inclusão na pauta de propostas não previstas, sendo que três foram aprovados e seis retirados de pauta.

Os membros aprovaram três requerimentos de convocação de autoria do deputado Yury do Paredão (PL/CE) para ouvir os representantes da Betano, Ioannis Spanoudakis, Alexandre Fonseca e Júlio Iglesias Hernando. Também foram aprovados os requerimentos extra pauta convocando o CEO da Esportes da Sorte, Darwin Filho e da Vai de Bet, José André da Rocha Neto.

Foram aprovados os requerimentos do deputado Aureo Ribeiro convocando, na qualidade de testemunhas, os representantes das empresas que fazem parte da Associação Nacional de Jogos e Loterias – ANJL (André Feldman, presidente da ANJL; Alexandre Fonseca, Júlio Iglesias Hernando e Ioannis Spanoudakis, representantes da plataforma BETANO; Roberto Campos Marinho Filho, representante da empresa ZAP e ZAP Bets; Bernardo Freire, representante da plataforma Betnacional; Saul Valt e Marcos Sabiá, representantes da plataforma Galera.bet; José André da Rocha Neto, representante da plataforma Vai de Bet; e Marcelo Moreira Seiroz, representante da plataforma F12) e das empresas que fazem parte do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável – IBJR (André Gelfi, presidente do IBJR e representante da plataforma Betsson Group; André Luís Friaca Rodrigues, representante do grupo FLUTTER; Teresa Caeiro, representante da plataforma BET365; Arthur Silva, representante da plataforma

BETWAY GROUP; Marcus Silva, representante da plataforma ENTAIN; Cassio Filter, representante do KTO Group; Suedson Magalhães, representante da Netbet Group; Vitória Regina, representante da Yolo Group; e Rafael Marcondes, representante da plataforma Rei do Pitaco).

Relator diz que empresas podem não ser ouvidas

O relator da CPI da manipulação de resultados em partidos de futebol, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), afirmou ao Valor que os representantes das empresas de apostas não serão chamados a prestar depoimento no colegiado se não houver indício de que participaram das irregularidades.

“[Os empresários] Só vão na CPI se aparecer algum indício de qualquer irregularidade que tenham cometido. Por enquanto, não há nada, o que foi dito inclusive pelos promotores do Ministério Público. Então, não vamos expor empresa A, B ou C. Isso foi definido por mim e pelo presidente da CPI [deputado Júlio Arcoverde]”, afirmou Carreras.

Nesta terça-feira (6), parte da comissão se opôs ao acordo para que apenas os representantes das entidades do setor, como a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), fossem ouvidos pela CPI. Ainda que as casas de apostas sejam tratadas como vítimas, os parlamentares acham importante ouvir representantes dessas empresas.

Arcoverde, como presidente da comissão, tem o poder de decidir quando serão marcadas as audiências públicas e quem participará.

Na próxima semana, segundo o relator, serão ouvidos representantes dos árbitros de futebol e dois jogadores supostamente envolvidos em fraudes nas partidas para obtenção de ganhos com apostas esportivas: Marcos Vinicius Alves Bezerra, o “Romário”, que foi banido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e o zagueiro Eduardo Bauermann, que foi afastado do Santos.

Comento

Reitero que a Comissão Parlamentar de Inquérito é destinada a investigar esquemas de manipulação de resultados em partidas de futebol profissional no Brasil – CPIFUTE, mas ficou claro na reunião extraordinária desta terça-feira (6), que as plataformas de apostas esportivas também estarão no foco de alguns parlamentares.

CPI tem sempre aquela máxima: “todos sabem como começa, mas não sabem como termina”. Existe um temor que seja acrescentada mais uma: “CPI serve pra duas coisas: visibilidade e oportunidade”.

– Confira os requerimentos aprovados

– Assista a íntegra da Reunião no YouTube – 2h02m29s: