Entrevistas com políticos e executivos sempre tem pergunta sobre bets
As apostas esportivas entraram definitivamente no radar das perguntas dos jornalistas durante entrevistas com políticos e executivos do mercado financeiro e empresas. Este novo fenômeno está consolidado e as opiniões são as mais variadas.
Mesmo não sendo especialistas no tema, todos se acham no direito de dar uma opinião sobre as apostas esportivas. Alguns tem esquecimento seletivo e outro arrependimento tardio.
Em entrevista ao O Globo neste domingo (13) o CEO do Banco Itaú, Milton Maluhy Filho foi perguntado sobre como ela via a regulação das bets.
“O tema ganhou a relevância que precisava. A quantidade de empresas é gigantesca, e o governo anunciou regras para ser mais efetivo na gestão e fiscalização. Tudo que cresce de forma desorganizada merece fiscalização. Pessoas que recebem o Bolsa Família veem nas bets uma alternativa de rendimento adicional, mas a aposta traz um risco grande”, comentou Milton Maluhy Filho.
Também neste domingo, em entrevista ao Estadão, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) criticou ações do governo em reação a queimadas, revelou decepção com Jair Bolsonaro e apontou necessidade de controle mais rigoroso sobre apostas no Brasil.
O que a senhora achou da criação da CPI das Bets?
Ela vai ser implantada daqui a duas semanas e aí vão começar os trabalhos. Porque todo mundo ficou apavorado, realmente, com a proporção que esses bets (casas de aposta online) tomaram e também porque o governo não fez o seu papel.
O Congresso passou por quê? Porque ele queria que tivesse uma regulamentação. E aí, quando não se regulamentou, a lei passou e foi esse excesso aí, inclusive de empresas que não estavam regularizadas junto ao Banco Central, eram clandestinas. E essas empresas ganharam muito dinheiro. Eu acho que precisa ser investigado, precisa ir a fundo nisso e precisa ser regulamentado no Brasil para que isso tenha um limite, um freio.
Então faltou a mão do governo?
A hora que você regulamenta, teoricamente deveria você ter regras e pôr limites. Eu acho que isso vai ter que ser muito bem discutido e o governo tem que conscientizar as famílias, tem também que proteger a saúde mental das pessoas, ou nós vamos ficar com pessoas como verdadeiros zumbis que a gente vê em outros lugares do mundo.
O curioso é que os problemas registrados atualmente pelo crescimento desordenado do mercado de apostas foram originados pela ausência de regulação durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, que a senadora Tereza Cristina era ministra e fazia parte da base governista.
Outro que também está com esquecimento seletivo e arrependimento tardio é o influencer Felipe Neto, que registrou que “o maior erro disparado da minha vida” em divulgar jogos de azar, como registrado pelo O Globo.
Durante a sua participação na nona mesa da Flip 2024, “Como enfrentar o ódio”, em Paraty (RJ), ele afirmou que, depois de enriquecer na Internet, passou a ter mais consciência de que precisava colocar a ética antes do lucro. Na época, entretanto, diz ter seguido a onda de outras celebridades digitais que também faziam a ação por meio da web.
“Uma dessas coisas seria: não divulgar jogos de azar. Mas eu divulguei. Por quê? Porque mesmo com consciência de classe, ou tentando (ter consciência), mesmo me educando constantemente, eu ainda assim fui burro o suficiente de falar: “Se todo mundo está fazendo, é sinal que tá tudo bem”, disse. “E considero o maior erro da minha vida. Disparado”.