Explosão de bets pode afetar clientes do Nubank e elevar inadimplência, aponta Santander
A explosão das apostas esportivas, conhecidas como “bets”, pode afetar os clientes do Nubank e elevar os índices de inadimplência do banco digital, segundo relatório dos analistas do Santander.
Eles apontam que, segundo dados do IBGE, os gastos com bets já respondem por 20% do orçamento discricionário das famílias de baixa renda e que uma pesquisa da CNDL mostra que o principal método de pagamento é o Pix (72%), seguido do cartão de crédito (18%). Ao mesmo tempo, os analistas apontam que o Nubank é líder no Pix, com 23% do volume de transferências no primeiro semestre.
“O Pix crédito representou quase 30% da originação de cartão de crédito do Nubank no último trimestre. Nós acreditamos que o risco é que parte material do Pix crédito esteja relacionado às apostas, o que resultaria em um risco de crédito extremamente elevado”, aponta o relatório.
Procurado, o Nubank afirmou que acompanha de perto seus modelos de crédito para garantir que permaneçam bem calibrados diante do crescimento das apostas on-line no Brasil. “Registramos menos de 1% do nosso volume financeiro de Pix e Pix Parcelado sendo destinado às maiores empresas do setor, que são ativamente monitoradas pelos nossos modelos e representam mais de 70% de market share do mercado.”
Desse modo, o Nubank informa que, embora seja um tema importante para o Brasil e tenha tomado precauções especiais, “não se tornou significativo dentro de nossa base de clientes, e nossos modelos estão identificando esse comportamento de maneira eficaz”.
No início deste mês, com muitos analistas apontando uma crescente preocupação com a qualidade dos ativos do Nubank, ou seja, o risco de calote dos clientes, o UBS BB se debruçou sobre a situação financeira dos usuários do banco digital. Usando dados do Banco Central e do próprio balanço do Nubank, os analistas estimam que entre 16% e 20% da base que rende juros para o banco enfrenta dificuldades financeiras.
O Santander é uma das casas mais pessimistas com o case de Nubank, com recomendação de venda e preço-alvo de US$ 8, bastante abaixo dos US$ 13,82 a que o papel é cotado na Bolsa.
Por volta das 15h, as ações do Nubank subiam 0,90% na Nyse, a US$ 13,95. Em um mês, o papel acumula queda de 6,85%, mas ainda assim sobe 92,34% nos últimos 12 meses. (Com informações do VALOR)