Mega da Virada 2023: jovem indígena de Boa Vista (RR) dá lição de coletividade ao sonhar com o prêmio das Loterias
Contar histórias de quem sonha com um mundo melhor. Esse é o objetivo da série especial que o CAIXA Notícias preparou para mostrar o que algumas pessoas gostariam de fazer se ganhassem o maior prêmio da história da Mega da Virada. Hoje, vamos conhecer o sonho do jovem indígena de Boa Vista (RR).
Josué Barbosa Andrade, de 32 anos, é indígena da etnia Ingarikó. A comunidade situa-se no município de Uiramutã, a 315 quilômetros ao norte da capital de Roraima. A viagem percorrida de ônibus, por estradas não pavimentadas, leva em torno de 12 horas.
Dentre as reservas indígenas abrigadas pelo território, encontra-se o povo da comunidade de Josué, que morou na aldeia até iniciar o ensino médio. Ele conta que teve que sair para continuar os estudos e fazer faculdade. “Eu nasci e me criei na comunidade, mas tenho buscado um pouco de estudo”, explica.
Foi assim que Josué começou, em 2019, a cursar Gestão em Saúde Coletiva Indígena na Universidade Federal de Roraima. Para ele, os estudos são uma forma de ajudar o seu povo. “Creio que o curso ajude porque é voltado mais para a saúde indígena, sobre situações administrativas da saúde pública do povo indígena”.
“É uma coisa que eu iniciei e vou até o final”. É assim que o persistente Josué fala sobre a graduação que conclui este ano. Josué não é obstinado apenas no estudo: ele tem uma tarefa diária de ser o responsável pela casa de apoio que abriga, em média, 70 indígenas por mês, que se deslocam das aldeias a Boa Vista para os mais variados fins, dentre eles, tratamentos de saúde.
A casa simples, que é um lar na cidade para indígenas de 15 comunidades do povo Ingarikó, está com a estrutura comprometida e opera com condições mínimas de habitabilidade segura. O jovem afirma que a casa que não consegue atender a demanda que existe “Não tem cômodos separados que possam dar privacidade para as pessoas. Elas ficam embaixo de árvores, dormem nas redes por causa do calor e porque a gente não tem condições de comprar colchões individualmente. Cada um traz sua rede e carrega para onde for”.
Como responsável há três anos pela casa de apoio, Josué tem um sonho singelo que o prêmio da Mega da Virada resolveria facilmente. “Eu construiria uma casa de apoio com banheiros, climatização, uma estrutura completa que a gente não tem até hoje. A estrutura que a gente quer não é luxuosa, mas que possa atender às nossas necessidades”.
Quando perguntado se tinha mais algum sonho que poderia ser realizado pelo prêmio milionário da Mega da Virada, Josué conclui: “é tudo envolvendo a população indígena. Somos um povo humilde, que necessita de apoio”. Para ele, pensar no futuro é pensar coletivamente por melhores condições para as comunidades indígenas por meio do trabalho realizado há 18 anos pela casa de apoio. (CAIXA Notícias)