Setor de fast food e educacional culpam as apostas pelo desempenho
Um dia as entidades do consumo e varejo culpam as bets pela queda nas compras dos supermercados, na sequência a Febraban acusa as apostas de serem responsáveis pela queda nos investimentos. Além disso, o maior grupo de educação a distância do país acredita que o setor foi impactado pelas apostas esportivas on-line.
Nesta sexta-feira, mais dois setores culpam as apostas pelo desempenho aquém do esperado: Food Service como como McDonalds, Burguer King e Bob’s e o Setor educacional.
A reportagem ‘Gasto com bets faz classe B comer menos vezes fora de casa, diz setor de Food Service’, veiculada pela Isto É registra que o mercado de refeições fora do lar, incluindo o delivery, movimentou R$ 61 bilhões no Brasil no segundo trimestre de 2024, um aumento de 3% em relação ao mesmo período de 2023. O setor é composto por restaurantes, redes de fast-food, indústria de alimentos e bebidas, além de prestadores de serviço, como empresas de embalagens, equipamentos e tecnologia.
Apesar do aumento, dados do Instituto Food Service Brasil (IFB), maior entidade que representa o setor no país, criado em 2014 e hoje reúne 105 associados, entre eles gigantes como McDonalds, Burguer King e Bob’s, avalia que o setor “está um pouco estagnado” e que isto está relacionado ao endividamento do consumidor e o maior gasto dos brasileiros com apostas esportivas, as chamadas bets, que se multiplicaram no país.
“Em 2020 havia 51 casas de apostas cadastradas no Brasil e somente no primeiro trimestre de 2023 esse número era de 308. O maior consumidor desse mercado é o da classe B, e perdemos 2% do consumo dessa classe social, que não tem mais tanto pra gastar”, disse a diretora executiva do instituto, Ingrid Devisate.
Em outra nota veiculada pelo Ancelmo Gois no O Globo deste sábado (7), registra que o setor educacional já sente os efeitos das apostas esportivas.
Segundo o jornalista a “expansão dos sites de apostas no Brasil preocupa também o setor educacional privado. Uma grande instituição que atende especialmente as classes C e D notou que boa parte do curto orçamento doméstico nessas famílias está cada vez mais direcionado às apostas, reduzindo o espaço para outras despesas, como a educação”.
Comento: Cinco anos e meio sem regulamentação
Devido ao crescimento acelerado e desregulado, setor enfrenta campanhas criticando o avanço das apostas no cotidiano dos brasileiros. A maioria das críticas negativas são provocadas pela ausência de regulação e poderão ser mitigadas com a entrada em vigor das normativas em 1º de janeiro de 2025.
Na verdade, os problemas ou externalidades negativas da operação das apostas de quota fixa ou bets foi a letargia do governo federal em regulamentar as apostas e jogos online. A Lei 13.756/18, aprovada em dezembro de 2018 e que legalizou as apostas de quota fixa previu que o governo deveria regulamentar a legislação em até quatro anos. Devido à forte influência de pastores deputados junto a Jair Bolsonaro, o presidente conservador optou pela omissão e permitiu uma explosão da oferta de apostas e jogos online através de operações offshore baseadas em países onde a modalidade é regulada.
Como as apostas estavam legalizadas, as principais plataformas do mundo passaram a operar offshore no Brasil e o mercado explodiu chegando a movimentar mais de R$ 150 bilhões (US$ 30 bilhões) de turnover, segundo levantamento do Instituto Brasileiro Jogo Legal – IJL e BNLData.
Logo após a posse, o atual governo através do Ministério da Fazenda teve que correr contra o relógio. O executivo enviou para o Congresso Nacional o projeto de lei 3626/23 para aperfeiçoar a Lei 13.758/18. Em dezembro de 2023, o Presidente Lula sancionou a Lei 14.790/2023, que criou tributação adequada para as empresas e apostadores, definiu regras para a exploração do serviço e determinou a partilha da arrecadação de apostas esportivas e jogos online.
Durante os seis primeiros meses de 2024, o Ministério da Fazenda editou em tempo recorde um conjunto de normativas para regulamentar a modalidade, que entrarão em vigor no dia 1º de janeiro de 2025, após o período de seis meses previstos na Lei 14.790/2023.
Exemplo de descontrole: Irmãs de Deolane Bezerra lançam nova plataforma de apostas – Geleira 777
As irmãs da influenciadora e advogada Deolane Bezerra, Dayanne e Daniele Bezerra seguem compartilhando ”publis” e anúncios do “Jogo do Tigrinho”, como registra nota do Globo Online.
“Meu povo, estamos aqui aguardando, se Deus quiser vamos ter uma boa notícia. Estamos confiantes porque a gente acredita no Poder Judiciário do estado de Pernambuco e vamos aguardar. Enquanto isso, preciso trabalhar: prometi três presentão na lá no meu Insta oficial”, disse Dayanne Bezerra em um stories em seu perfil no Instagram, nesta sexta-feira.
No story seguinte, Dayanne compartilhou a gravação de uma partida de Fortune Rabbit, outro jogo da família do “Tigrinho”.
“Estamos aqui aguardando com o coração a mil, ansiosas. Na hora que tivermos alguma resposta falaremos ao vivo. E, sim, preciso trabalhar. Vou lançar uma plataforma nova, a Geleira 777”, diz Dayanne, referindo-se a uma plataforma de jogos no estilo caça-níquel, antes de compartilhar uma gravação do “Jogo do Tigrinho”.
Cadastro somente pelo celular
O editor do BNLData se cadastrou no site para testar. Eles pedem apenas o número do telefone celular e nada mais.
O site não tem nenhuma informação sobre licença ou autorização, apenas que a nova plataforma “Geleira 777 is part of GGB Group and operated by Long island N.V.!”
Comento
Os próximos quatro meses, até a entrada em vigor da regulamentação, serão ainda mais turbulentos.