30 clubes brasileiros assinam documento em prol da regulamentação das casas de apostas esportivas

Apostas I 12.11.24

Por: Magno José

Compartilhe:
Brasil lidera patrocínios com casas de apostas entre as grandes ligas
Clubes divulgam declaração conjunta de apoio a lei das bets durante audiência pública do STF. 19 dos 20 times da Série A marcam presença na “Declaração Conjunta dos Clubes Brasileiros”

Nesta terça-feira (12), o Supremo Tribunal Federal promove o segundo dia da audiência pública sobre o impacto das apostas onlines no público brasileiro. Presente na reunião em Brasília, André Sica, sócio do escritório CSMV Advogados, apresentou a “Declaração Conjunta dos Clubes Brasileiros” em relação à regulamentação do segmento no país. A nota, que defende o projeto aprovado pelo Congresso Nacional, foi assinada por 30 times do futebol nacional.

Cruzeiro, Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Vasco da Gama, São Paulo, Corinthians, Atlético-MG, Internacional, Grêmio, Juventude, Cuiabá, Athletico-PR, Fortaleza, Bahia, Atlético-GO, Criciúma, Red Bull Bragantino, Vitória, América-MG, Ceará, Avaí, Ponte Preta, Guarani-SP, Joinville, Vila Nova-GO, Brusque, Paysandu, Hercílio Luz e Barra FC são as equipes que marcam presença na declaração.

“Entendo que foi uma audiência extremamente produtiva. O futebol conseguiu fazer o seu papel e mostrar seu ponto de vista, pois entende que toda regulamentação pode ser melhor, mas a proibição nunca é o caminho. O futebol conseguiu mostrar uma força de mobilização muito grande. Através do espaço concedido e dos poderes conferidos pelo Fluminense, conseguimos a adesão de 30 clubes do futebol brasileiro e emitimos uma declaração muito forte, mostrando, em linhas gerais, a posição do setor”, explica André Sica, sócio do escritório CSMV Advogados.

Convocada pelo ministro Luiz Fux, relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7721, a audiência aborda aspectos ligados à economia e saúde mental no setor de betting. O debate acontece por conta de uma ação protocolada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Segundo Fux, o objetivo do evento é elucidar sobre os impactos das bets no público brasileiro. Para a realização do debate, nomes relevantes da política nacional, clubes expressivos de futebol, empresas do setor e advogados com especialização no ramo das apostas esportivas foram convidados.

Confira a íntegra da nota:

Declaração Conjunta dos Clubes Brasileiros ADI 7721 – Lei nº 14.790/2023

Desde 2018, com a promulgação da Lei 13.756/2018, o mercado brasileiro de apostas se abriu, trazendo uma nova dinâmica para o setor. A entrada de empresas nesse segmento não apenas gerou receitas significativas, mas também apresentou desafios substanciais para os clubes de futebol do país.

Ao longo dos anos que se seguiram, o Estado teve a obrigação de regulamentar o tema, e não o fez. Com isso, deixou de auxiliar não apenas os clubes a lidarem com esse novo fenômeno, mas se absteve de trazer a proteção necessária ao mercado consumidor, a atletas, jovens e crianças diante do novo segmento.

Ainda, a chegada dessas empresas sem a devida regulamentação trouxe desafios adicionais significativos como a circulação de receitas sem a tributação apropriada, casos de manipulação de resultados não monitorados e a utilização indevida da marca dos clubes.

A Lei 14.790 promulgada em dezembro de 2023 pode até estar sujeita a melhorias, entretanto, resultou na fundamental e há muito solicitada regulamentação do mercado de apostas, trazendo direitos e obrigações atribuídos às operadoras que pretendem se licenciar, permitindo dar visibilidade ao Estado a respeito das suas operações, estabelecendo regras de proteção aos apostadores brasileiros e exigindo a criação de mecanismos de educação e de preservação do esporte, resguardando clubes e atletas frente às complexas situações enfrentadas pelo mal uso da atividade.

Além disso, é evidente que o ambiente regulado permite também que os clubes colham o aspecto positivo do mercado, uma vez que ele representa uma das maiores fontes de receita do futebol brasileiro – seja pela venda de espaços publicitários nos estádios ou pela obtenção de patrocínios.

Atualmente, 75% dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro — ou seja, 15 dos 20 times da primeira divisão — contam com patrocínio máster de casas de apostas. Esse fluxo financeiro oferece uma alternativa crucial para que os clubes possam investir na quitação de dívidas e na contratação de jogadores, contribuindo com a competitividade do futebol brasileiro tanto na América do Sul quanto no cenário global.

A possível declaração de inconstitucionalidade da Lei de Apostas, tema desta audiência, não extinguirá o mercado de apostas. Esse mercado continuará a existir, como já acontecia antes de 31 de dezembro de 2023 e como ocorre em outras partes do mundo.

Por outro lado, se extinguirão todos os avanços obtidos nas proteções ao consumidor e vulneráveis, na imposição de obrigações às empresas licenciadas, na preservação e na remuneração pelo uso das marcas dos clubes e na prevenção contra a cooptação de seus atletas junto a esquemas criminosos de manipulação. Se extinguirá a receita que fomenta o crescimento do futebol feminino, a formação de milhares de crianças nos canteiros de base de pelo País, e se extinguirá a força motriz que impulsionou o domínio sul-americano pelo futebol brasileiro.

Caso a Lei 14.790 de 2023 tenha os seus efeitos suspensos, os Clubes: (i) perderão uma fonte de receita atualmente vital; (ii) terão as suas marcas exploradas indevidamente; (iii) sofrerão os prejuízos advindos do rompimento dos seus contratos já firmados a curto e médio prazo; e (iv) estarão sozinhos no combate à manipulação de resultados.

Por esta razão, os Clubes reiteram seu apoio à regulamentação e à manutenção da vigência da Lei nº 13.790/2023, garantindo a saúde financeira do futebol brasileiro e enfrentando os desafios que este mercado impõe.

12 de novembro de 2024

Apoiam essa Declaração conjuntamente:

  1. Cruzeiro Esporte Clube
  2. Fluminense Football Club
  3. Associação Atlética Ponte Preta
  4. Sociedade Esportiva Palmeiras
  5. Esporte Clube Juventude
  6. Club de Regatas Vasco da Gama
  7. Atlético Goianiense SAF
  8. Sport Club Corinthians Paulista
  9. América Futebol Clube
  10. Ceará Sporting Club
  11. Cuiabá Esporte Clube – SAF
  12. Esporte Clube Vitória
  13. ⁠Clube Atlético Mineiro
  14. ⁠Club Athletico Paranaense
  15. Fortaleza Esporte Clube
  16. São Paulo Futebol Clube

Nota do editor: 14 times de futebol assinaram a declaração durante a Audiência Pública do STF.

 

Comentar com o Facebook